Brasil será segundo mercado global de streaming grátis com anúncios, EUA concentram 80%
País também avança no streaming pago, sendo o segundo maior mercado mundial da Netflix.

O Brasil está prestes a assumir um papel central na próxima fase do streaming global. Segundo projeções da consultoria Omdia, o país deve se tornar, até 2029, o segundo maior mercado internacional de FAST (Free Ad-Supported Streaming Television) em receita — atrás apenas dos Estados Unidos, que hoje concentram 80% do faturamento mundial do setor.
A tendência reflete uma mudança profunda nos hábitos de consumo digital no país. Enquanto serviços por assinatura enfrentam limites de expansão, as plataformas gratuitas financiadas por publicidade — como Pluto TV, Samsung TV Plus e Tubi — escalam rapidamente e já figuram entre os 10 serviços mais assistidos nas Smart TVs brasileiras, disputando espaço com Netflix, Prime Video e Globoplay.
Os Estados Unidos continuam a dominar a indústria global de mídia e entretenimento, gerando 39% de todas as receitas — uma fatia de US$ 430 bilhões de um mercado mundial de US$ 1,1 trilhão, segundo a previsão mais recente da Omdia. O país também lidera todos os principais segmentos de streaming: 53% das receitas globais de vídeo sob demanda por assinatura (SVOD), equivalentes a US$ 181 bilhões; 80% das receitas de serviços FAST (televisão gratuita com publicidade), que somam US$ 6 bilhões; e 70% da publicidade em TVs conectadas, totalizando US$ 48 bilhões.
A Omdia prevê que as receitas de vídeo online no Brasil chegarão a US$ 14,4 bilhões até 2029, com outros US$ 3 bilhões vindos de publicidade. Parte dessa expansão está diretamente ligada à preferência crescente por serviços gratuitos: muitos consumidores, diante do acúmulo de assinaturas, optam por complementar ou substituir plataformas pagas por ofertas FAST.
O movimento ocorre em linha com uma transformação global. Em 2025, o setor de mídia e entretenimento deve movimentar US$ 1,07 trilhão, sendo o vídeo online responsável por 70% desse total. Mas é no Brasil que o FAST encontra um dos ambientes mais férteis para monetização — segundo Omdia, mais promissor até do que mercados tradicionais como o Canadá.
A ascensão das Smart TVs é outro vetor decisivo. No Brasil, 45% dos usuários de FAST assistem via TV conectada, e 83% do consumo total ocorre nesses dispositivos — especialmente por meio de apps integrados. Samsung domina o setor, com 51% dos aparelhos utilizados, seguida por LG, com 20%.
Esse salto de conectividade redefine também o mercado publicitário. A publicidade em Connected TV (CTV) deve crescer 80% nos próximos cinco anos, enquanto a participação do YouTube no segmento tende a cair de 56% em 2024 para 41% em 2029, abrindo espaço para plataformas premium financiadas por anúncios.

Com a expansão do comércio eletrônico rumo a um mercado global de US$ 6,6 trilhões até 2029, cresce também o interesse por modelos de shoppable TV, que permitem comprar produtos diretamente da tela.
O Brasil já é o segundo maior mercado de assinantes da Netflix fora dos EUA, e o país se consolidou como hub estratégico de produções originais. Em 2024, séries como Pedaço de Mim, O Lado Bom de Ser Traída, Senna e Bionic ganharam forte tração internacional. Segundo a Omdia, a força dessas produções deriva justamente de sua autenticidade local, o que as torna mais exportáveis.
O uso semanal de FAST no Brasil quadruplicou em quatro anos, e 30% da população já consome esse tipo de conteúdo regularmente. Embora o formato ainda responda por apenas 6% da receita de publicidade em vídeo premium, a curva é ascendente e acelerada.





