Crise redesenha o comércio eletrônico no Brasil
A crise parece ter afetado até o comércio eletrônico. Segundo uma pesquisa da BigData Corp, encomendada pela PayPal, o número de lojas online cresceu 9,23% no Brasil entre 2016 e 2017, o que implica em uma redução de ritmo significativa antes os percentuais de 21,52% e 24,67% de 2015 e do ano passado, respectivamente.
Além disso, a fatia do mercado que ficava com os grandes portais de vendas disparou. Sites com mais de 500 mil visitantes por mês não chegavam a 1% do total há um ano (0,76%), mas agora já representam 14,77% do varejo pela internet. Segundo a pesquisa, páginas de comércio eletrônico já são 5,46% dos sites brasileiros (eram 3,54% na pesquisa anterior). Seriam atualmente cerca de 600 mil sites de vendas.
“Esse aumento do índice de sites de grande visitação pode ser explicado pelo crescimento do uso de mídias sociais alternativas (que não o Facebook). O Instagram e o YouTube são os grandes exemplos disso, com cada vez mais lojas usando essas plataformas para divulgar seus produtos, seja com canais próprios ou por intermédio de influenciadores digitais”, diz a pesquisa.
O levantamento mostra, ainda, que os pequenos sites, com até 10 mil visitas mensais e que vendem até 10 produtos, representam a maioria do comércio online brasileiro, ainda que sua participação tenha caído 17,18%, fechando em 76,72% do total de lojas virtuais do país – no levantamento de 2016, eles representavam 92,64%. “São especializados em nichos específicos, a exemplo de sites que vendem brigadeiros, iô-iôs, aulas particulares e produtos e serviços diversos.”
Os sites médios (que contam entre 10 mil e 500 mil visitantes por mês) passaram de 6,61% em 2016 para 8,51% este ano. A grande mudança nessa medição foram os sites grandes (com mais de 500 mil visitas por mês), que passaram de 0,76% em 2016 para 14,77% este ano.
Outra taxa que aumentou em relação a 2016 foi a de e-commerces responsivos (ou seja, que se adaptam a qualquer tela, seja um desktop ou um smartphone): eles já são 24,20% do total – na medição do ano passado, esse índice era de 16,12%. E 3,47% deles já contam com aplicativos de venda mobile, o que amplia a experiência do consumidor e abre a possibilidade de inúmeros recursos durante a compra, sem comprometer a velocidade do acesso – em 2016, os sites com aplicativos eram 0,27%.
A pesquisa também captou uma tendência do varejo online: o uso expressivo das mídias sociais (72,43% agora, contra 60,71% no ano passado). O líder, nesse quesito, ainda é o Facebook, com 53,65% (mas o índice era de 54,96% em 2016). O Twitter bateu os 36,21% (contra 35,87% em 2016); o YouTube também aumentou sua participação, com 21,59% (tinha 20,80% no ano passado); e o Instagram chegou aos 12,73% (contra 9,32% em 2016).
Da mesma forma, a adoção de recursos de análise automatizada de visitas aos sites (como o Google Analytics) sofreu um boom. Em 2017, 70,57% das lojas virtuais já adotam suas funcionalidades – eram 59,02% em 2016.
O percentual de lojas online sem a venda também em físicas aumentou. Agora, são 95,07%; no ano passado, eram 86,54%; e, em 2015, na primeira aferição do instituto, essa taxa era de 85,47%. Em 45,67% das lojas online é possível o uso de carteira virtual para pagamentos eletrônicos. Esse índice era de 41,21% em 2016 e de 38,09% em 2015.
A aposta em conexões seguras disparou, com a proporção de sites que usam SSL (Secure Socket Layer) passando de 20,68% em 2015 para 73,85% em 2016 e 91,27% agora em 2017. Entre as lojas virtuais, 58,48% utilizam plataformas fechadas (eram 45,38% em 2016); 13,28% preferem plataformas abertas (eram 16,86% em 2016); e 28,24% não têm plataforma, ou seja, são sites construídos por desenvolvedores independentes, sem usar uma plataforma fixa (eram 37,76% em 2016).