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Estudo da FGV mostra que robôs infestam debate político no Brasil

Um estudo divulgado nesta semana pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas afirma que perfis automatizados em redes sociais já são usados em larga escala no debate político no Brasil – e não para aprimorá-lo. Segundo a pesquisa, esses robôs “se converteram em uma potencial ferramenta para a manipulação de debates nas redes sociais”. 

“Nas discussões políticas, os robôs têm sido usados por todo o espectro partidário não apenas para conquistar seguidores, mas também para conduzir ataques a opositores e forjar discussões artificiais. Eles manipulam debates, criam e disseminam notícias falsas e influenciam a opinião pública postando e replicando mensagens em larga escala. O estudo demonstra de forma clara o potencial danoso dessa prática para a disputa política e o debate público”, diz o diretor da FGV/DAPP, Marco Aurélio Ruediger. 

O estudo analisou geradores de tuítes em especialmente seis momentos: dois debates presidenciais em 2014, manifestação pró-impeachment em março de 2016, debate das eleições para prefeito de São Paulo, a greve geral de abril de 2017 e a votação da reforma trabalhista no Senado. 

Entre os resultados, o estudo aponta que nas interações no Twitter nas eleições de 2014, 11,34% foram motivadas por tuítes ou retuítes de robôs. Entre os apoiadores de Aécio Neves a parcela de interações com robôs chegou a 19,41%. Nas discussões entre perfis em apoio a Dilma Rousseff, foram 9,76%. 

No dia da maior manifestação a favor do impeachment de Dilma, pelo menos 10% das interações sobre o assunto foram impulsionadas por robôs, ou seja, retuítes de conteúdo originado por conta automatizada. No cluster de apoiadores de Dilma Rousseff, essa proporção chegou a 21,43%. 


Durante as eleições municipais em São Paulo, também em 2016, a pesquisa aponta que entre os apoiadores de João Doria (PSDB), elas representaram 11,25% do debate; entre os apoiadores de Haddad (PT), 11,54%; entre os de Russomanno (PRB), 8,40%. 

O estudo conclui que os robôs buscam imitar o comportamento humano e se passar como tal de maneira a interferir em debates espontâneos e criar discussões forjadas. “Com este tipo de manipulação, os robôs criam a falsa sensação de amplo apoio político a certa proposta, ideia ou figura pública, modificam o rumo de políticas públicas, interferem no mercado de ações, disseminam rumores, notícias falsas e teorias conspiratórias, geram desinformação e poluição de conteúdo, além de atrair usuários para links maliciosos que roubam dados pessoais.”

Para a FGV, a participação ostensiva de robôs no ambiente virtual tornou urgente a necessidade de identificar suas atividades e, consequentemente, diferenciar quais debates são legítimos e quais são forjados.

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