Internet

Europa debate reduzir qualidade de streaming para preservar internet

Entre as variadas preocupações com a epidemia de Covid-19, as recomendações de isolamento alimentam temores de que as conexões à internet não serão capazes de suportar o uso intenso em domicílios com crianças sem aulas e adultos em teletrabalho. Esse receio foi ilustrado pelo comissário europeu para Mercado Interno, Thierry Breton, ao defender que serviços como Netflix reduzam a qualidade dos streamings para preservar a rede. 

“Para garantir acesso a internet para todos, vamos mudar para definição padrão quando HD não for necessário”, tuitou o comissário, por sinal ex-presidente da France Telecom. Ele também informou ter procurado diretamente o presidente da Netflix, Reed Hastings, para tratar do tema. Da mesma forma, aponta para o YouTube como outro foco de preocupação. 

Os tuítes do comissário foram logo questionados pela ausência de dados que sustentem os temores. Por certo o senso comum sugere que há um aumento na demanda por crianças o dia inteiro dentro de casa ou pelo uso maior de videoconferências seja para atividades profissionais ou escolas e faculdades – também no Brasil o MEC já autorizou as universidades federais a ministrarem aulas pela internet. 

Há sinais de que a demanda de fato aumenta com o confinamento. Mas, ao menos até aqui, países onde as medidas de quarentena são mais intensas, como China e Itália, não parecem estar enfrentando falhas nas conexões. Segundo números da Ookla, que mede performance de redes, tem o popular medidor ‘speedtest’, e está fazendo um acompanhamento especificamente relacionado à epidemia, o efeito percebido é de alguma redução nas velocidades à medida que as medidas de isolamento se consolidaram. 

“Na China, vemos uma queda na performance da banda larga fixa e aumento da latência, tanto na província de Hubei [onde fica Wuhan, epicentro da epidemia] como em nível nacional a partir de 13 de janeiro. A performance veio subindo nas semanas subsequentes. A performance móvel caiu no mesmo período e embora tenha melhorado na China como um todo, ainda afeta as velocidades de download em Hubei”, diz a Ookla. 


Sobre a Itália, o levantamento diz que “fora alguma variação de performance em dezembro, não verificamos maiores mudanças nas velocidades da banda larga móvel ou fixa ou na latência até a semana de 17 de fevereiro, quando as velocidades começaram a cair tanto na Lombardia [área mais afetada no país] como na Itália como um todo. A latência subiu na Lombardia a partir de 24 de fevereiro, mas mudou pouco no país como um todo.” Os dados podem ser conferidos diretamente neste link

Mas se os números sugerem que não há um grande risco de “apagão, ou de a internet “quebrar”, eles reforçam um alerta feito pelo NIC.br nesta Convergência Digital de que as pessoas e residências com conexões de menor velocidade serão as mais afetadas.  “Não temos problema de banda total. As regiões que já consomem 25, 30 Mbps provavelmente não sentirão diferença. Mas onde o padrão é de 5 a 10 Mbps pode sentir. Bairros que já não são muito bem atendidos podem ter problemas”, apontou o diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br, Milton Kaoru Kashiwakura. 

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