Pagamento por streaming disparou 48% na pandemia. Tráfego Internet mais do que dobrou
O Brasil mais que duplicou o tráfego internet durante a pandemia de Covid-19, com novos hábitos de teletrabalho, aulas online e o consumo de conteúdo audiovisual pela internet. O uso cotidiano da rede para trabalho, estudo, compras ou lazer se consolidou, segundo aponta a 4ª edição da pesquisa TIC Covid-19, divulgada nesta terça, 5/4, pelo Cetic.br, braço de estudos do NIC.br.
“Além de trabalho e aulas, normalmente realizadas durante o dia pela internet, as plataformas de streaming adquiriram relevância muito grande. O relatório de trafego do Brasil mostra aumento significativo. O Brasil é o país com maior volume de tráfego na internet no hemisfério sul e o segundo maior do mundo. E o forte tráfego noturno aponta para aumento de consumo de conteúdos culturais, com replicação de conteúdos nos pontos de troca de tráfego”, destacou o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa.
O aumento de tráfego no Brasil foi expressivo. Em 2020, quando começaram as medidas de isolamento social, o pico de tráfego estava na casa dos 8 Tbps. Em menos de um mês, chegava a 11 Tbps. E como mostrou o relatório do Ix.br – o sistema de pontos de troca de tráfego brasileiro, em dezembro de 2021 o agregado bateu os 20 Tbps – 43% acima do registrado um ano antes.
Um desses hábitos em consolidação é a assinatura de conteúdos de música ou filmes e séries. “Vimos que se manteve mais alto, com aumento sobre o período anterior à pandemia, o pagamento por serviços de streaming. É um tipo de serviço que veio para ficar, mas que também é afetado por desigualdades. Ainda que vídeos e músicas pela internet seja consumido por quase 90% dos usuários, o pagamento de serviços está associado à renda”, anotou o coordenador da pesquisa, Fabio Storino.
Segundo os dados da pesquisa TIC Covid-19, entre os brasileiros com mais de 16 anos que usam a internet com frequência, 89% assistiram filmes ou séries online e 86% ouviram músicas online (eram 74% antes da pandemia). A proporção dos que pagaram por serviços de filmes ou séries chegou a 43% – ou 48% acima dos 29% registrados pelo Cetic.br em 2018.
Outra rotina é fazer compras pela internet. Segundo a pesquisa, 51% compraram produtos ou serviços pela rede. “Em 2021 houve uma consolidação dos hábitos de compras online. A prática do comércio eletrônico permaneceu em patamar similar ao observado em 2020, superior ao contexto pré-pandemia. Houve uma alteração no perfil dos bens e serviços adquiridos. Em 2020, com as medidas de distanciamento social, o uso do comércio eletrônico na compra de itens como medicamentos e comida cresceu em maiores proporções. Em 2021 houve um aumento da compra de bens mais duráveis, como eletrodomésticos, vestuário e equipamentos eletrônicos.
“A cesta de produtos adquiridos online ficou mais diversificada, e o caráter emergencial das compras cedeu espaço para tornar-se uma prática cotidiana. A compra de passagens aéreas, que havia se reduzido substancialmente em 2020, por exemplo, retomou níveis semelhantes aos verificados no período pré-pandemia”, destacou Alexandre Barbosa.