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Apenas 200 empresas negociam bitcoin no Brasil

Fala-se muito da tecnologia de bitcoin (criptomoedas) e de blockchain, mas ainda há um mercado enorme para ser conquistado do ponto de vista prático, uma vez que apenas 200 empresas aceitam as bitcoins como meio de pagamento no Brasil. No mundo, esse número passa um pouco das 13 mil, o que comprova ser um mercado bastante incipiente, comentou o CEO do Mercado Bitcoin, Gustavo Chimati, em encontro com a imprensa, nesta quarta-feira, 25/07, na capital paulista.

“Se formos pensar em ATMs, o Brasil então está ainda mais distante. Há uns quatro disponíveis. Nós mesmos importamos o primeiro, mas para uma degustação. No mundo já é possível usar 2700 ATMs para trocar bitcoins por moedas financeiras”, explicou Chimati. Aos 10 anos de idade – foram criadas em 2008 – as bitcoins têm uma estrutura definida como, por exemplo, o fato de já se saber que até 2140 vão existir 21 milhões de unidades de bitcoins.

“Isso está valendo e não há como mudar. Foram as regras estabelecidas. E o fato a se destacar é que, hoje, existem no mundo 25 milhões de carteiras digitais de bitcoins, com forte tendência de crescimento. Isso significa que já há mais carteiras digitais do que vamos ter de unidade de bitcoin”, salienta Chimati.  O alto valor da bitcoin – hoje a cotação estava em torno de R$ 30 mil – é por conta de a bitcoin ser uma moeda, um ativo e um meio de pagamento.

“Podemos comparar o bitcoin ao ouro, como ativo global e de proteção de investimentos. Como meio de pagamento, como a bitcoin permite o uso dos centésimos, também pode ser tratada como um dinheiro tradicional. O valor está ligado a essa questão. O bitcoin mexe com o sistema financeira, extremamente regulado e, exatamente por isso, provoca um medo enorme. Mas é uma tecnologia que veio para ficar”, sublinha o CEO da Mercado Bitcoin.

À espera da regulamentação, as empresas ligadas ao novo negócio – as corretoras de bitcoin, como é o caso da própria Mercado Bitcoin, e as empresas de blockchain – criaram a Associação Brasileira de Criptoeconomia (Abcripto). A entidade é presidida pelo economista-chefe da Mercado Bitcoin, Luiz Calado.  “Falamos em criptoeconomia porque queremos mostrar que o bitcoin envolve vários contextos, como ser um ativo global de pagamentos, ou como meio de pagamentos”, explica o executivo.


O tema é tão sensível que já há uma rusga no mercado. A Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain (ABCB), que entrou com uma ação no CADE contra os bancos, não é reconhecida oficialmente pela Associação Brasileira de Criptoeconomia. A ABCB, presidida pelo ex-CADE, Fernando Furlan, acusa os bancos de cercearem a concorrência ao não aceiterem a atuaçaõ de corretoras de bitcoins e recorreu ao CADE. “Não entendemos que era a hora de ir ao órgão antitruste e preferimos uma outra estratégia”, disse o presidente da Abcripto.

O posicionamento bastante cauteloso do Banco Central – que não reconhece as bitcoins – é considerado normal, uma vez que as Autoridades Monetárias têm de defender o interesse do consumidor. “Bitcoin e blockchain são tecnologias disruptivas. No BC, há muitos conhecedores e há uma análise concreta dos seus impactos”, reforça Luiz Calado. No mundo hoje, há os países ‘amigos’ do bitcoin, onde já regulamentação, como a Estônia e o Japão, e os que criminalizaram as bitcoins, como Equador, Bolívia, Argélia e Nepal.

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