AWS: Nuvem ainda é distante para 85% das empresas no mundo
Segurança segue sendo um entrave, mas IA desperta interesse e provoca migração.
Por Roberta Prescott, de Las Vegas
O AWS re:Invent 2024 tem números grandes: são 60 mil pessoas atendendo pessoalmente em Las Vegas e 400 mil assistindo online. Nessa terça-feira (2/12), o CEO da AWS, Matt Garman, ficou por 2,5 horas no palco na sessão keynote quando anunciou diversas novas versões dos produtos em computação, armazenamento e database — tríade que pavimenta o caminho para a inteligência artificial generativa, um ponto de chegada que empresas de diversos setores estão mirando.
Em meio a tantos lançamentos, Matt Garman também confirmou a manutenção da contribuição de US$ 1 bilhão em créditos para startups, algo que a companhia vem fazendo desde 2020. “Startups estão ansiosas por usar novas tecnologias e elas nos empurram para inovação. A inteligência artificial generativa vai disruptar toda indústria e a disrupção vem de startups”, assinalou Garman, na sessão keynote, na terça-feira do evento.
Em conversa com jornalistas brasileiros, Fernanda Spinardi, líder de gerenciamento de soluções para clientes na AWS, resumiu bem todos os lançamentos: “Ele falou de building blocks: compute, storage, database e inferência (generative AI), que é onde todo mundo quer chegar. Por quê? Porque não dá para você chegar na inferência sem ter os outros building blocks. Então, a construção da mensagem é essa: realmente tem que trabalhar todos os blocos para você tirar todo o benefício da inferência, que é o Santo Graal que todo mundo quer chegar”, disse.
Ela explicou que em computação é trabalhar custo-desempenho e dar a opção de escolha de diferentes tipos de processamento. Em armazenamento, significa simplificar a utilização e ao mesmo tempo ter a possibilidade de acessar os metadados. “Porque, quando eu chegar lá na inferência, eu tenho que voltar no metadado e conseguir conversar com as informações”, destrinchou. E, em base de dados, é a integração dos mundos de dados estruturados e não-estruturados para conseguir fazer a inferência. “Inteligência artificial generativa vai ser um componente central das aplicações do dia a dia”, destacou Matt Garman.
Longa jornada para nuvem
Braço da Amazon para computação em nuvem, a AWS tem um vasto campo a ser explorado, uma vez que Uwem Ukpong, vice-presidente para serviços globais da AWS, assinalou que 85% das companhias globalmente ainda estão com infraestrutura própria, on premise. “Depende da geografia, mas acreditamos fortemente em boas oportunidades de negócios para nós, provedores de nuvem. E IA vai estimular a migração para nuvem”, disse Ukpong, em conversa com jornalistas latinos.
Questionados os motivos pelos quais as empresas não vão para a nuvem, o VP apontou, entre as razões, a falta de liderança de negócios, investimentos prévios em infraestrutura própria, falta de conhecimento sobre a arquitetura na nuvem e indagações com relação à segurança. Kevin Miller, vice-presidente global para datacenters na AWS, esclareceu que a companhia tem trabalhado junto com clientes para digitalizar os workloads e expandir a capacidade para atender às necessidades e admitiu que migrar aplicações para nuvem pode ser complexo.
“Temos muitas ferramentas para os clientes identificarem o que eles têm e completar a migração. Achamos que seja o espaço para ferramentas de inteligência artificial generativa para economizar horas de desenvolvimento e migração”, afirmou em conversas com jornalistas. Miller, no entanto, não fez previsões de quantos datacenters seriam requeridos com a maior migração para computação em nuvem. “Não tenho um número. Mas tem de ter em mente que podemos expandir a infraestrutura, podemos adicionar capacidade e continuamos a investir”, assinalou.
Construção de datacenters
Também faz parte do trabalho de Uwem Ukpong decidir onde a AWS vai construir datacenters e, segundo ele, o que direciona os investimentos é o mercado em potencial. Até agora, o Brasil era a única região — composta por três zonas de disponibilidade — da América Latina e o México será a segunda. Se tem oportunidade na América Latina para construir mais datacenters? Ukpong respondeu que há sempre avaliações sobre se ou quando construir infraestrutura, o que custa em torno de US$ 5 bilhões.
Atualmente, a AWS tem 34 regiões de infraestrutura e, em geral, cada região conta com três zonas de disponibilidades — são 108 zonas de disponibilidade nestas 34 regiões de infraestrutura.