

Com as receitas estagnadas, as operadoras da América Latina vivem o dilema entre a necessidade de monetizar suas redes com novos serviços ou otimizar suas redes transformando-as cada vez mais em infraestruturas autônomas. O dilema decorre do fato de que os recursos financeiros serão cada vez mais escassos. O tema foi debatido no painel: Monetizar ou Otimizar? O Futuro das Telcos na América Latina, no Telco Transformation Latam, que acontece no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 27/8.
Diversas operadoras já anunciaram cortes no CAPEX para o período de 2024–2026, sinalizando a urgência de repensar estratégias. O desafio agora é claro: será que o caminho passa pela monetização de novos serviços, ou o foco deve estar na eficiência operacional, redução de custos e simplificação de estruturas.
“As operadoras precisam buscar eficiência com redes autônomas e seguir crescendo com 5G em áreas onde haja tráfego e oportunidades no B2B. No Peru temos muitos projetos com mineradoras. E temos investido na evolução das fibras com foco na rentabilidade, eficiência e foco no cliente”, afirmou Christian Livia Cavalie, diretor de Tecnologia, Movistar Peru.
Já Guillermo Figueredo, gerente de Planejamento e Otimização Móvel da Antel Uruguai, defendeu a necessidade de mudança cultural e pensamento estratégico para ir além do modelo de oferta de conectividade.
“Temos de focar no maior nível de automação e sair do antagonismo monetizar versus aumentar a eficiência. Hoje em dia o recurso mais importante é o tempo dos colaboradores, um recurso escasso. É preciso cuidar da correlação de forças para otimizar as redes e com maior segmentação”, recomendou o especialista da operadora uruguaia.
Felipe Ruiz Rivillas, CISO e vice-presidente de Cybersegurança e Core de rede da Liberty Latin América, minimiza o antagonismo monetizar x eficiência. Para ele, existe uma simbiose na busca de eficiência e de monetização. “Há também oportunidades de renegociação dos contratos de capex e opex e a cultura organizacional também é um fator a ser levado em conta”, propôs Rivillas.
Carlos Gramajo, vice-presidente de Cloud e serviços de rede da Nokia ressaltou que os sistemas BSS tiveram investimentos significativos, já as camadas de recursos computacionais nem tanto. Há oportunidades reais de ganhos na cloudificação e no emprego de tecnologias, em especial, com a inteligência artificial.
“As redes autônomas que transformem as redes em plataformas de novos serviços são o caminho. Usar as capacidades do 5G Standalone para revolucionar a oferta de novos negócios com uma segmentação de mercado eficiente”, adicionou Gramajo.
David Serrano Aranda, líder global de OSS e rede da Minsait, pontuou que a otimização de redes visando crescimento está na estratégia das teles. Ele defendeu que ter um parceiro tecnológico com conhecimento dos desafios é um ponto fundamental.
Como oportunidades de monetização, Felipe Ruiz Rivillas, da Liberty, aposta nos serviços de segurança defendendo que as telcos podem ser protagonistas nesta oferta traduzindo os termos técnicos para o entendimento dos clientes. Para Gramajo, da Nokia, as oportunidades estão no B2B com a crescente digitalização de todas as indústrias.