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Banco Central: Pix precisa avançar mais no B2B

“Já era esperado que o Pix começasse com pagamentos entre pessoas (P2) e a tendência é que, proporcionalmente, este tipo de transação diminua à medida que cresçam as transações comerciais”, destacou Ricardo Mourão, chefe no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, ao palestrar no Fintouch 2024, evento da ABFintechs realizado na última sexta-feira 13/9. Na ocasião, ele fez um balanço do sistema de pagamentos instantâneos e falou da agenda evolutiva do Pix. 

Em agosto, as transações P2P representavam 50% do total, enquanto as de pessoa para empresa (P2B) eram 41%, as de empresa para pessoa (B2P) 9% e as de empresa para empresa (B2B), 3%. A título de comparação, em setembro de 2022, as transações P2P eram 70%, as P2B, 23%, as B2P, 7% e as B2B os mesmos  3%. 

No entanto, quando se avalia os montantes transacionados, as transferências entre negócios (B2B) foram as que somaram maior valor: R$ 839 bilhões, em agosto, o que representou 45% do total, sendo as P2P 31% com R$ 595 bilhões. 

Na sexta-feira 6/9, o Pix bateu, uma vez mais, recorde de quantidade de transações em um único dia: 227,3 milhões. “É normal bater recorde na primeira sexta do mês ou quinto dia útil”, ponderou Mourão. 

“Hoje, 90% da população adulta (ago/24) ou 160 milhões de pessoas já usaram o Pix e 77% das empresas ou 17,1 milhões de CNPJs”, disse. Para ele, não há dúvidas de que o Pix incluiu financeiramente muitas pessoas que estavam à margem do sistema, mas ainda há desafios como reduzir a quantidade de fraudes. Nesse sentido, o BC está finalizando a discussão para aprofundar a capacidade de recuperar objetos de fraude dentro do chamado MED 2.0. 


O Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix tem como objetivo aumentar a capacidade de rastreamento e bloqueio de valores transferidos indevidamente, com o intuito de reduzir fraudes e golpes. “Precisamos conscientizar a população em ter acesso digital seguro; é promover a educação financeira e digital”, disse Mourão. 

Agenda evolutiva

Para além da solução de pagamento recorrente, que é o Pix Agendado, o BC planeja para 16 de junho de 2025 o lançamento do Pix Automático. “No Pix Automático, o recebedor é PJ, tem finalidade de compra, com valor fixo ou variável e instruções de pagamento a cada período dadas pelo recebedor, que é diferente do Pix Agendado/Recorrente”, explicou Mourão. 

A exemplo do débito automático, a ideia do produto é ser usado tanto nos negócios digitais, como serviços públicos, assinatura de serviços, pagamento de mensalidades, serviços financeiros.

Entre os benefícios, Ricardo Mourão apontou a opção para recebimento de pagamentos recorrentes a baixo custo, solução padronizada com grande leque de potenciais ofertantes, grande alcance aos clientes e desenhado para maximizar os recebimentos. “A ideia é que você coloque limites aplicados àquele produto”, frisou. 

O cronograma inclui novas versões da API Pix, manual de padrões para iniciação do Pix e guia de implementação para outubro; arquivo padronizado para novembro e testes homologatórios entre abril e junho de 25 — para go live em 16/6/25. “É um produto relativamente complexo”, analisou o especialista. 

Já o Pix por aproximação usando a tecnologia conexão sem fio NFC tem modelos possíveis de ser implementado. Um é com a iniciação de pagamentos via jornada sem redirecionamento do open finance e sem a necessidade de o usuário pagador estar com acesso à internet. Neste, o pagador abre a carteira digital e a aproxima do dispositivo do recebedor.

A carteira funciona como Iniciador de Transação de Pagamento (ITP). A informação do código QR trafega do dispositivo do recebedor para o dispositivo do pagador, o ITP acessa API do OF para iniciar transação, a partir da conta no PSP (provedor de serviços de pagamento, ou seja, a instituição financeira) do pagador que informa a carteira digital. Daí, ocorre a liquidação por meio do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) e o PSP do recebedor.

No outro modelo, o app do PSP pagador captura as informações do pagamento, sem abrir o app e sem configurar atividade de iniciação de pagamento, mas há a necessidade de o usuário pagador estar com acesso à internet.“O BC está explorando modelos diferentes, inclusive, para as situações de pagador offline”, disse Mourão.

A forma de comunicação entre dispositivos NFC será padronizada no Regulamento do Pix — isso foi objeto da consulta enviada em 23/8. 

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