Bancos somam apenas 4 milhões de contas únicas aderentes ao Open Finance
Se complexidade foi o que regeu as primeiras fases de implementação do Open Finance no Brasil, os bancos se preparam para as próximas – e ainda mais complexas – etapas dessa plataforma no País. “Teremos novas governanças, novos reguladores e novos parceiros envolvidos e, principalmente, novo perfil de públicos envolvidos”, observou João André Pereira, chefe de departamento no Banco Central.
Os números obtidos até agora dão conta da adesão de mais de 4 milhôes de contas únicas e mais de 7 milhôes de contas no total. Os serviços oferecidos estão mais concentrados nos agregadores de contas, dados e gestão financeira e, em muitas instituições, uma oferta de crédito mais qualificada.
A próxima etapa (a quatro), por sua vez, trará novos players para o cenário com a integração de seguradoras e de operadoras de câmbio e de previdência. Ela marca, na prática, a passagem do Open Banking para o Open Finance. Segundo Ivo Mosca, superintendente de Open Finance e Pagamento Digital do Itaú Unibanco, a instituição financeira é líder em número de adesões ao Open Finance. “Nós temos um perfil de cliente super engajado, cerca de 60% têm essa característica, e isso nos proporcionou o avanço em número de adesões”, esclareceu.
O Itaú trabalha com cinco blocos de soluções, como ferramenta de agregadores de dados, ou gestão financeira, ofertas de soluções financeiras inteligentes e contextualizadas, remanejamento de recursos para evitar custos desnecessários para os clientes, ampliação da oferta de crédito – que já garantiu ao banco crescimento de dois dígitos nessa área – e, por fim, soluções de e-commerce que vão ajudar a implementar outros meios de pagamento além do PIX.
No Banco do Brasil o ritmo também está acelerado. Segundo explicou Karen Machado, líder do projeto de Open Banking, o BB opera com agregador de dados e uma solução própria de gestão financeira que permite relacionar num mesmo local saldos de diferentes contas e elencar a categoria dos gastos para entender o perfil de consumo e oferecer soluções mais assertivas.
A oferta de crédito também vem ganhando pontos com esse perfil mais efetivo do consumo do cliente a partir da análise de informações mais ampliadas. Uma das preocupações do banco é aumentar os canais que permitem adesão e operação ao Open Finance, motivo pelo qual levou para o WhatsApp a possibilidade de os clientes compartilharem dados cadastrais de outras instituições pela ferramenta.
Para a IBM, fornecedora de soluções, um dado importante nesse processo é a governança de dados. Marcelo Braga, presidente da empresa, lembrou que essa plataforma traz embutida as questões da governança de dados e integração de sistemas, que precisam ser bem administradas, Ele recordou que durante anos os bancos comandaram bilhões de transações sob seus comandos e agora perceberam que esse dado é perecível. “Ele não é mais dono da base de informações e precisa de garantias para poder confiar nessa governança mais ampla”, afirmou.
