Bitcoin: ‘ouro digital’ ou ‘lavagem de dinheiro’?
Em meio ao furor sobre a moeda virtual, que na semana passada ultrapassou a barreira de US$ 10 mil (R$ 32,5 mil), crescem as dúvidas quanto à sua estabilidade e seu futuro. Em entrevista à BBC, o economista americano, Joseph Stiglitz, explicou por que acredita que o bitcoin deveria ser proibido.
“Por que as pessoas querem bitcoins? Por que as pessoas querem uma moeda alternativa? A verdadeira razão pela qual as pessoas querem uma moeda alternativa é participar de atividades ilícitas: lavagem de dinheiro, evasão fiscal”. “O que realmente devemos fazer é exigir a mesma transparência nas transações financeiras com bitcoins que temos com os bancos”.
Mas se isso for feito, acredita o economista, o bitcoin “simplesmente entraria em colapso”. No último ano, o chamado “ouro digital” cresceu mais de 1.200% e muitos analistas acreditam que isso poderia ser a maior bolha financeira da história. Ao contrário das moedas convencionais, os bitcoins não são regulados por governos, grandes bancos ou fundos de investimento, mas por investidores privados.
‘Sem transparência’
É possível fazer transações em bitcoins de qualquer lugar com uma conexão à internet, por meio de empresas de câmbio ou vendendo produtos ou serviços em troca deles, embora a maioria das pessoas os usem como investimento. Para Stiglitz, contudo, “não há transparência sobre quem está envolvido em que transação e para quê”.
“Há muitas moedas mais estáveis como o dólar e a libra, então você precisa se perguntar por que as pessoas estão comprando bitcoins”, acrescentou ele. Segundo o economista americano, “é porque eles não querem qualquer tipo de supervisão, como temos em nosso sistema bancário”.
Mas nem todos pensam assim. O CME Group, maior conglomerado de negociações de derivativos financeiros e dono da bolsa de Chicago, informou que lançará seu contrato futuro de bitcoin em 18 de dezembro. A empresa diz que vai fornecer uma plataforma de negociação regulamentada para o mercado futuro de criptomoedas. Os futuros de bitcoin, disponíveis para negociação na plataforma de eletrônica da CME Globex, serão liquidados em dinheiro, acrescentou o grupo.
O CME e a CBOE Global Markets receberam aprovação do regulador de derivativos dos Estados Unidos para listar os futuros de bitcoin no início do dia, depois que as bolsas concorrentes apresentaram suas propostas de contratos e os acordos comerciais atenderam os requisitos regulatórios. A Nasdaq também planeja lançar um contrato futuro com base em bitcoin em 2018, de acordo com informações da Reuters.
Venezuela
E quem endossou a bitcoin também foi a Venezuela, que se tornou o primeiro país a anunciar a criação de uma criptomoeda oficial. O anúncio foi feito neste domingo pelo presidente Nicolás Maduro e expressamente é uma tentativa de o país furar sanções impostas pelos Estados Unidos que dificultam transações financeiras internacionais.
“A Venezuela anuncia a criação de sua criptomoeda. Seu nome será Petro. Isto vai permitir que avancemos para novas formas de financiamento internacional para o desenvolvimento econômico e social do país”, disse Maduro.
“Isso nos permitirá avançar rumo a novas formas de financiamento internacional para o desenvolvimento econômico e social do país e será feito com uma emissão de criptomoeda respaldada em reservas de riquezas venezuelanas de ouro, petróleo, gás e diamantes”, disse Maduro.
A medida já gerou nova discussão política porque a oposição exige que a moeda seja aprovada pelo Congresso da Venezuela. Maduro, no entanto, já anunciou a criação de um novo órgão, que chamou de observatório de blockchain. No Brasil, a bitcoin segue sendo não regulamentada e proibida pelo Banco Central.
*Com Agências de Noticias