
O Open Finance está longe de ser uma tendência ou um modismo, afirmou a diretora executiva para o mercado financeiro da Claro Empresas, Raquel Possamai, em debate sobre a evolução e o futuro do open finance no Brasil, que contou com a participação da CEO da Open Finance Brasil, Ana Carla Abrão, e do superintendente do Banco Central, Caio Fernandes, na Febraban Tech 2025, realizada de 10 a 12 de junho, em São Paulo.
“O open finance é uma realidade e veio para ficar. Ele tende a crescer ainda mais à medida que os usuários começarem a usufruir de todos os benefícios que temos trabalhado para desenvolver”, sustentou Raquel Possamai.
A consolidação do conceito no mercado brasileiro é o maior exemplo disso. A CEO da Open Finance Brasil, Ana Carla Abraão, contou que o open finance brasileiro hoje conta com bancos tradicionais, fintechs, cooperativas de crédito e instituições financeiras dos mais diversos segmentos. “É um ecossistema diversificado e compõe um sistema diferente muito diferente do que estávamos acostumados”, diz.
O Brasil tem hoje o maior open finance do mundo, o que, segundo Ana Carla, mostra que o consumidor brasileiro está abraçando e entendendo os benefícios que ele traz, oque levou 55 milhões de pessoas a darem consentimento para o compartilhamento de suas informações. Para a CEO, estes consumidores estão percebendo as vantagens de ser servir do produto financeiro que melhor o atender em diversas instituições.
“Isso porque, a partir do seu consentimento, outras instituições podem oferecer a esse cliente produtos que podem atendê-lo melhor. Ele pode escolher o que consumir de acordo com sua preferência e não de acordo com a instituição”, explica. Na prática, o open finance muda o eixo de decisão, permitindo ao cliente escolher o produto e as instituições que melhor te atendem.
Foco em segurança e integração
Obviamente isso exige sistemas transacionais seguros e esta é uma das prioridades do Banco Central. Fernandes reconhece que o open finance é um dos produtos prioritários da instituição, que tem uma agenda integrada para desenvolvê-lo junto com o Pix e o Drex. “O open finance é centrado em segurança. Há grupos de trabalho sobre o tema desde o início”, afirma. Ele ressalta que todos os produtos são pensados em casos de uso e casos de abuso, fazendo com que muitas funcionalidades sejam, na verdade, mecanismos de segurança pensados de forma integrada.
Ana Carla reforça um ponto relevante da segurança do open finance, lembrando que, quando ele foi implantado, ficou definido que seu perímetro seria o das instituições reguladas. “Por isso todas elas devem adotar padrões de segurança já definidos pela regulação criada pelo BC, que elevou a régua nesse contexto.
Além da segurança, o Banco Central também vem trabalhando no desenvolvimento integrado da tríade open finance, Pix e Drex. Nesse sentido, Fernandes explica que o Pix está estabelecido e o open finance está caminhando bem. “O Drex está começando, mas estamos em um momento de inovação em que podem surgir serviços sequer pensados por nós”, diz, citando como exemplo o Pix por aproximação, que surgiu usando o trilho do open finance.
Para Ana Carla, as agendas de inovação são convergentes, permitindo ao mercado criar, fazer combinações e inovar sobre elas, ampliando ainda mais o uso. “À medida em que as pessoas forem usando e vendo os benefícios, o open finance vai se tornar parte da relação dos clientes com as instituições financeiras”, diz.
O uso crescente, aliás, aponta para o futuro. A CEO do Open Finance vê o mercado chegando a um ponto em que relações financeiras com qualquer instituição deverão passar necessariamente pelo open finance. “O consumidor verá que o consentimento vai abrir portas para uma infinidade de serviços e produtos financeiros”, prevê.
Em preparação para isso, o ecossistema todo vem trabalhando em melhorias e programas que devem acelerar esse processo, como iniciativas para a melhoria do processo de consentimento por empresas; portabilidade de crédito e salário; criação de pontos de inclusão financeira etc., todas funcionalidades que, em pouco tempo, deverão ser tão naturais que o open finance será transparente para os usuários.
Também aqui a IA tem papel importante. Para Fernandes, seu uso será crucial para garantir a transparência para o cliente. “A IA funciona bem quando não vemos. Em um app, por exemplo, e com o consentimento do cliente, ela poderá fazer sugestões de produtos e serviços. Esse será o futuro e quanto mais desapercebida a IA, mais simples será seu uso”, diz.
Nada disso será possível sem uma infraestrutura robusta e flexível que garanta a fluidez e a segurança dessas operações. Esse é o papel fundamental das operadoras no ecossistema open finance. À CDTV, do Convergência Digital, a diretora executiva para o mercado financeiro da Claro Empresas, Raquel Possamai, explica o papel que a empresa vem desempenhando no ecossistema.