CarreiraInovaçãoMercado

Com 90 mil demissões em cinco meses, tecnologia admite demitir mais ainda

No ritmo atual, 2025 poderá ter 235 mil postos de trabalhos eliminados, o triplo do registrado no ano passado.

O setor de tecnologia enfrenta uma onda massiva de demissões em 2025, com um total de 90.471 funcionários demitidos globalmente nos primeiros cinco meses do ano, de acordo com levantamento realizado pelo RationalFX com base em dados do Layoffs.fyi, TechCrunch e TrueUp. Caso esse ritmo se mantenha, estima-se que o ano termine com aproximadamente 235 mil postos de trabalho eliminados, número que representa o triplo do registrado em todo o ano de 2024.

Os Estados Unidos concentram a maior parte dos cortes, respondendo por 72,5% das demissões, o que equivale a 65.545 funcionários. A Califórnia, principal polo tecnológico do país, sozinha abriga 58,5% desse total, com 38.352 vagas extintas. Gigantes estão entre as empresas que mais demitiram.

A Intel, que lidera o ranking com 21.780 cortes, correspondentes a 20% de seu quadro de funcionários, após registrar um prejuízo de US$ 821 milhões no primeiro trimestre. A Microsoft aparece em seguida, com 8.840 demissões, incluindo cargos de liderança na área de IA, mesmo tendo reportado um lucro líquido de US$ 25,8 bilhões no mesmo período. A Meta, por sua vez, demitiu 3.720 funcionários, apesar de um crescimento de 16% em seu lucro.

Em outros países, o Japão ocupa o segundo lugar no ranking de demissões, impulsionado pelos 10 mil cortes realizados pela Panasonic, que representam 4% de sua força de trabalho global. A Suécia também foi impactada, especialmente com a falência da fabricante de baterias Northvolt, que resultou na demissão de 3 mil funcionários. Outros países como Índia, Reino Unido e Indonésia registraram milhares de perdas de empregos no setor.

Por trás dessa onda de demissões, estão fatores como a substituição de funções por sistemas de inteligência artificial, a reestruturação de empresas para focar em áreas como computação em nuvem e desenvolvimento de chips para IA, e a pressão por melhores margens de lucro. Empresas como a Chegg, por exemplo, demitiram 22% de seus funcionários após implementar assistentes virtuais baseados no GPT-4 da OpenAI. A Intel, por sua vez, reduziu postos tradicionais para investir em seus chips Gaudi, que competem diretamente com os da Nvidia.


Mesmo com lucros recordes, gigantes como Meta e Microsoft continuam a enxugar custos, demonstrando que até cargos seniores não estão imunes aos cortes. Na Europa, a STMicroelectronics, controlada pelos governos da França e da Itália, anunciou planos de demitir 3 mil funcionários até 2027, enfrentando resistência política para limitar o número de cortes em cada país.

Analistas projetam que 2025 pode fechar com o menor número de demissões no setor desde 2021, com a expectativa de que a própria IA crie novas funções e oportunidades. No entanto, por enquanto, o saldo permanece negativo, com uma média de 646 profissionais demitidos por dia desde o início do ano.

Botão Voltar ao topo