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Covid-19 impôs o digital e bancos dividem com o governo a falta de crédito às PMEs

As instituições financeiras não estão dispostas a assumirem o papel isolado de vilãs do crédito às PMEs e aos autônomos na crise da Covid-19. Em um debate realizado para o CIAB Febraban 2020, nesta terça-feira, 23/06, os presidentes dos cinco maiores bancos do País- Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e BTG Pactual – lembraram que aos bancos cabe a responsabilidade de manter o sistema financeiro sólido. “Sempre associam a nossa imagem à cartola e ao charuto. Temos que cuidar da nossa casa para cuidar dos outros. E foi o que fizemos”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher.

Os bancos fizeram questão de lembrar que doaram quase R$ 1 trilhão para o combate à pandemia e que, hoje, empregam 500 mil funcionários de forma direta e 2 milhões de forma indireta. Também pagam R$ 70 bilhões de impostos por ano. “Por mais que nos questionem, os bancos têm seu papel para o Brasil não terem enfrentado uma crise ainda pior. Essa crise não foi nossa. Ela foi sanitária”, adiciona o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.

O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, foi além. “Em lugar nenhum do mundo, em uma crise, as pequenas e médias empresas e os autônomos conseguem dinheiro sem uma efetiva participação do governo federal. Isso acontece, até, nos governos liberais, como o defendido pelo ministro Paulo Guedes. Sem dinheiro do governo não há como enfrentar o risco”, reforçou.

O presidente do Santander, Sergio Rial, lembrou que os bancos precisam entender o presente e repensar o futuro. “Será que cada banco precisa, de fato, ter um CPD (Centro de Processamento de Dados) próprio? Será que não podemos compartilhar essa infraestrutura? O que temos de fazer é competir na oferta de serviços”, observou Rial. O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ressaltou que a pandemia trouxe 121 milhões de contas digitais ao sistema financeiro. São pelo menos 35 milhões de brasileiros que passam a ter acesso aos bancos tradicionais.

“Eles não vão ter mais que ir às financeiras e pagar 30% de juros. Eles podem vir até nós”, pontuou. Mas Guimarães lembrou: as plataformas digitais vão demorar a serem 100% da base. “Em muitas cidades brasileiras ainda não há internet. Não tem como ter aplicativo. Eles precisam das agências bancárias tradicionais para sobreviverem”, completa.


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