Criptomoedas: maior bolsa dos EUA em risco de colapso. Mundo se apavora
A Coinbase, a maior bolsa de criptoativos dos Estados Unidos, admitiu que os clientes poderiam perder seus ativos digitais em caso de a empresa falir. A informação consta do formulário 10-Q enviado pela Coinbase à Securities and Exchange Comission (SEC, a comissão de Valores Mobiliários). Ao mesmo tempo, o bitcoin (BTC) cai mais de 8% e toca no suporte de US$ 29 mil, considerado um patamar perigoso, provocando um pesadelo nos donos de criptoativos nomundo.
O aviso da Coinbase significa que os clientes só poderiam recuperar suas criptomoedas depois que a plataforma pagasse outros credores maiores, de acordo com o documento. A depender da situação, um cliente poderia perder tudo. O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, foi ao Twitter para tentar esclarecer a informação. “Não temos risco de falência”, escreveu ele, dizendo que a nova divulgação veio em resposta a uma regra recente da Securities and Exchange Commission.
A Coinbase está no negócio de manter criptomoedas para clientes, e Armstrong observou que ainda não está claro como um juiz trataria ativos criptográficos custodiados em um processo de falência. A empresa reportou um prejuízo no primeiro trimestre de US$ 1,98 por ação, abaixo das estimativas dos analistas de um prejuízo de 1 centavo. As ações da empresa na quarta-feira caíram 26,4%, para US$ 53,72.
O professor de Direito de Georgetown, Adam Levitin, descreveu os riscos que os clientes de bolsas de criptomoedas poderiam enfrentar se uma empresa falir. “O grande ponto aqui é que, se você é cliente de uma exchange de criptomoedas, corre o risco de ser um credor geral sem garantia da exchange se ela declarar falência”, afirmou.
Investidores de criptomoedas, mesmo aqueles que usam a Coinbase, podem evitar a incerteza em torno do tratamento de falência mantendo suas moedas fora da plataforma nas chamadas carteiras de autocustódia. Com essas carteiras, o próprio investidor rastreia a chave privada que permite o acesso à criptomoeda, tornando-a inacessível a outros, incluindo empresas como a Coinbase. Mas nada vem sem riscos e a autocustódia tem os seus. Se um investidor perder sua chave, sua criptomoeda pode ser perdida para sempre.
Sem tempo para esperar
Em meio a essa ebulição, os órgãos reguladores do mercado financeiro centram atenção aos criptoativos e pensam em uma regulamentação global. “Moedas digitais estão, agora, junto com os três Cs que nos movimentam – Covid, clima e criptografia. O tema subiu muito na agenda e não há mais tempo para esperar”, declarou o CEO da Comissão de Valores Mobiliários e Futuros de Hong Kong, Ashley Alder, também presidente da Organizaçaõ Internacional de Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO).
“Se olharmos para os riscos que precisamos abordar, eles são múltiplos e há uma preocupação com isso (cripto) nas conversas em nível institucional”, disse Alder durante uma conferência online organizada pelo thinktank OMFIF. O executivo citou a segurança cibernética, a resiliência operacional e a falta de transparência no mundo das criptomoedas como os principais riscos que os reguladores estão atrasados.
*Com Agência Reuters e Bloomberg