Custos sobem mais que receitas e Telebras fecha 2019 com prejuízo de R$ 237 milhões
A Telebras voltou a fechar com prejuízo em 2019. Segundo relatório da administração enviado à Comissão de Valores Mobiliários no domingo, 15/3, a estatal encerrou o ano com resultado negativo de R$ 237,52 milhões, valor 5,63% acima das perda de R$ 224,85 milhões registradas em 2018.
O documento ressalta ganho de 28% na receita bruta – para R$ 217,14 milhões – mas como houve aumento de gastos a receita líquida teve desempenho mais modesto, de R$ 204,25 milhões, ou 2,3% superior aos R$ 199,65 milhões do ano anterior.
A estatal comemorou, no entanto, a ampliação nos links instalados. “Em 2019, alcançamos 15.015 circuitos instalados. Isso representa o crescimento de 311% se comparado aos 3.564 circuitos instalados em 2018. Se considerarmos apenas os circuitos satelitais, foram 11.047 novos pontos entregues ao longo do ano, totalizando 11.113 circuitos ativos em dezembro/2019”, diz o documento. A rede terrestre também foi ampliada, atingindo 28 mil quilômetros, um crescimento de 7,7%.
Pelo lado da receita, o destaque ficou com os ganhos de conectividade (SCM), que cresceram 28,1% pelo aumento da banda ativada – de 305.638 Mbps em 2018 para 362.567 Mbps em 2019. Além disso, o satélite geoestacionário de defesa e comunicações passou a gerar receita em 9.736 pontos dentro do programa Gesac, especialmente com a conexão de escolas públicas, o que gerou R$ 45,5 milhões. No entanto, o resultado geral das receitas com o satélite representou uma queda de 53,3%, mas isso porque em 2018 a estatal recebeu um adiantamento de R$ 60 milhões do MCTIC.
Os custos e despesas operacionais, exceto depreciação e amortização, totalizaram R$ 318,7 milhões, um crescimento de 13,4% sobre os R$ 281 milhões de 2018. A estatal registrou aumento de 6,4% – para R$ 80,9 milhões – nos custos com pessoal, e de R$ 78,4 milhões nos gastos com meios de transmissão, como backbone e EILD. A empresa encerrou 2019 com 350 empregados.
Além disso, em 2019 o resultado financeiro foi negativo em R$ 114,6 milhões, bem acima do prejuízo de R$ 35,4 milhões do ano anterior. Segundo o relatório, resultado da mudança no reconhecimento dos encargos financeiros dos Adiantamentos para Futuro aumento de Capital (AFAC) e dos empréstimos e financiamentos, a partir do terceiro trimestre de 2018, em virtude da entrada em operação do satélite.
Como mensagem, o relatório aponta que “para 2020, temos o desafio de aumentar a utilização da capacidade do SGDC e da Rede Nacional de Banda Larga. Isso permitirá maior rentabilidade dos investimentos realizados pela Companhia. Também temos o desafio de reorganizar as atividades operacionais da Companhia, dado a inclusão da empresa no Orçamento Fiscal e de Seguridade Social. No orçamento de 2020, houve redução significativa do volume de investimentos previstos, limitando a capacidade de atualização da rede de telecomunicações”.