Dataprev negocia teletrabalho, mas exige 60% do tempo presencial
Um dos principais itens da greve dos servidores da Dataprev em 2023, o teletrabalho continua em discussão na estatal, com a manutenção de um grupo de trabalho criado durante o movimento para tratar desse tema específico.
Desde o fim do ano passado, no entanto, praticamente todos os funcionários tiveram que adotar o regime híbrido exigido pela empresa, com três dias fixos por semana de trabalho presencial.
Nesta entrevista à Convergência Digital, o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, diz que a empresa topa discutir “melhorias e aprimoramentos” ao modelo adotado, mas não aceita um regime híbrido que implique em menos de 60% do tempo no presencial.
“Adotamos um modelo simples e genérico. Estamos trabalhando três dias por semana, com dias fixos e a empresa inteira. Foi um modelo foi simplista para que pudesse ser rapidamente implementado. Existe espaço para que a gente discuta com os trabalhadores a possibilidade de melhorias e aprimoramentos. Mas melhorias e aprimoramentos do modelo que está adotado, que é um trabalho híbrido em que 60% do tempo é passado presencialmente na empresa. Esse é o patamar em que estamos e isso não vai ter alteração”, diz Assumpção.
O presidente da Dataprev sustenta que o teletrabalho foi uma contingência emergencial por força da pandemia de Covid-19 e que jamais foi tratado como uma mudança permanente. “Em momento algum o país avaliou e redefiniu o processo de trabalho em casa”, diz.
“Achamos que [o teletrabalho] seria ruim para a cultura da empresa. Decidimos reverter isso, tentar reconhecer ganhos importantes que o teletrabalho trouxe para a gestão do tempo, para o cotidiano dos indivíduos. Mas isso precisava ser equilibrado com as necessidades e demandas do coletivo, da empresa. Não é uma discussão unilateral. Qualquer discussão de trabalho envolve ganhos e necessidades do empregador e ganhos e necessidades do trabalhador. Isso estava desequilibrado no desenho de teletrabalho.”
Em que pese o impacto duplo da pandemia e do fechamento de 20 escritórios regionais da empresa, Rodrigo Assumpção rejeita a ideia de que o teletrabalho foi também uma forma de acomodar funcionários que estavam em cidades onde não haveria mais endereço físico da estatal.
“A questão dos escritórios fechados é uma coisa totalmente à parte. Muita gente ficou preocupada porque parte das acomodações do conflito gerado pelo fechamento dessas unidades foi escondido, varrido para baixo do tapete pelo teletrabalho. E à medida que se volta, talvez ainda haja um receio que colocar essas coisas à luz do dia poderia exacerbar outros problemas. Estamos tratando disso, mas isso sempre foi um número reduzido, que não está no centro do trabalho da empresa, e que como todo processo de exceção é tratado como tal”, afirma Assumpção. Assista a entrevista com o presidente da Dataprev.