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Empresa responsável pelo cabo que liga SP a Nova York pede falência

Operadora do cabo submarino Seabras-1, a norte-americana Seaborn protocolou nos últimos dias de 2019 um pedido de falência para duas subsidiárias responsáveis pela operação do ativo que liga São Paulo e Nova York (EUA). Segundo o grupo, mudanças no cenário competitivo do segmento nos últimos anos, bem como a deterioração da economia brasileira impediram a sustentabilidade da operação.

Responsáveis diretas pelo Seabras-1, a Seabras 1 Bermuda Ltd e a Seabras 1 USA LLC são as duas empresas cuja reestruturação de débitos foi solicitada pela matriz em petição protocolada em uma corte de Nova York. O valor atual das dívidas em questão chega a US$ 149,1 milhões. Quando o negócio foi anunciado – em 2015 – a empresa disse que já tinha vendido capacidade para clientes, entre eles, a Microsoft. À época, a informação dada é que os cabos submarinos entre os EUA e o Brasil transportam cerca de 65% de todo o tráfego de dados, voz e Internet entre a América Latina e o restante do mundo.

“Mudanças significativas na indústria submarina de telecomunicações comprometeram a capacidade das devedoras [as subsidiárias] de cumprir suas obrigações”, justificou a Seaborn para o pedido de falência. “Imediatamente após o fechamento do financiamento para o Seabras-1, o cenário do mercado se alterou. Primeiro, um projeto de cabo submarino maior e mais novo iniciou sua construção, o que não havia sido antecipado pela companhia, credores, acionistas indiretos ou seus respectivos consultores de mercado”, prosseguiu a companhia, em menção que pode indicar tanto para o cabo Monet (da Angola Cables) quanto para o Brusa (da Telxius).

“Em segundo lugar, durante a construção do Seabras-1, a economia brasileira entrou em colapso e o chamado escândalo de corrupção da Lava Jato envolveu muitos dos líderes políticos e de negócios do País. Isso resultou em severas quedas de preços na rota Seabras-1 EUA-Brasil, que ficaram muito abaixo do esperado”, dificultando assim a amortização de débitos, completou a empresa.

Em comunicado, a Seaborn assegura que clientes do Seabras-1 seguirão sendo atendidos normalmente e que o pedido de falência das subsidiárias não afetará as atividades da matriz. A expectativa reportada é de conclusão do processo nos próximos meses, preferencialmente no segundo trimestre de 2020. Com 10,8 mil km de extensão, 25 anos de vida útil e 72 Mbps de capacidade, o Seabras-1 está em operação desde agosto de 2017.


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