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Encarar o risco e fazer a diferença. Assim são as mulheres líderes em TI

A presença feminina em cargos do alto escalão ainda é bem inferior a dos homens e é hora de abraçar as oportunidades, sustentam Vanesa Bustamante, da HDI, Claudine Bayma, do Kwai, Cintia Silvestre, do Banco BMG e Rita Carvalho, do Itaú. Elas participaram do SAS Women Empowerment Day 2024.

Mulheres, acreditem no potencial de vocês e abracem as oportunidades sem medo de tomar riscos. O recado foi dado durante o SAS Women Empowerment Day 2024, realizado nesta quarta-feira (13/03). 

Em painel mediado por Thais Cerioni, head de marketing do SAS Brasil, Vanesa Bustamante, CIO da HDI; Claudine Bayma, country manager do Kwai; Cintia Silvestre, superintendente-executiva de TI do Banco BMG; e Rita Carvalho, diretora de risco operacional do Itaú contaram suas trajetórias e avaliaram o mercado de tecnologia para as mulheres. 

Com pouco mais de duas décadas de atuação, elas pontuaram que, sim, há mais mulheres em TI hoje em comparação à época quando começaram, mas a presença feminina ainda é muito mais baixa que a dos homens. Incentivar que meninas entrem em carreiras de exatas e capacitá-las é o primeiro passo. 

De acordo com a Brasscom, mesmo o número de mulheres no Brasil sendo superior ao de homens, chegando a 51,5% da população, elas ainda ocupam apenas 39% dos empregos no setor de TIC. Nos últimos três anos, a presença feminina cresceu 1,5 ponto porcentual acima da masculina. Entretanto, em alguns setores, a representação é menor que a média de 39% de empregos ocupados por mulheres, como em serviços de TI, de 37,7%, e em software de 36,7%.

Ainda segundo a Brasscom, no setor de TIC, mulheres superam homens em qualificação para cargos de diretoria e gerência, sendo que 9,9% têm pós-graduação contra 8,2% dos homens. Em contratações de mulheres em cargos de analista e coordenação, as mulheres também superam os homens. O crescimento entre os analistas foi de 1,2% para os homens e 1,8% para as mulheres, e em funções técnicas de TI, P&D e Engenharia, o crescimento feminino foi superior ao masculino, 2,1% versus 1,3%.  


Para Claudine Bayma, do Kwai, é preciso dar mais oportunidades e espaço para que mais mulheres alcancem potencial pleno. “Promover a equidade é muito importante para abrir caminho para que outras mulheres se sintam encorajadas a aceitarem riscos”, disse, complementando que as mulheres precisam acreditar nelas mesmas e se desafiar a assumir novos riscos. 

Fazer a diferença

“Nós, mulheres, temos aptidão para visão estratégica de longo prazo. Na liderança, você precisa ter soft skills que são comuns ao ambiente feminino. Temos de representar as pessoas a quem você serve, ser inspiração e exemplo; também compreender melhor os desejos de outras mulheres, o que precisamos para reduzir a disparidade salarial e dar atenção a políticas com mais atenção à família”, avaliou a country manager do Kwai.

Com mais poder de tomada de decisão e orçamento, as lideranças mulheres têm oportunidade de fazer a diferença. “O que eu consigo fazer para o coletivo? O que vou fazer para deixar minha marca em aspectos positivos?”, questionou Vanesa Bustamante, da HDI. 

Sororidade aparece, então, como palavra-chave. Em um mundo no qual a inteligência artificial generativa avança, corrigir os vieses torna-se ainda mais fundamental. “Se a gente não corrigir agora os desvios, vamos replicá-los”, reflete Cintia Silvestre, do Banco BMG, que se formou tecnóloga na década de 1990, quando, em sua sala, eram seis meninas em um total de 40. 

Mas será que, em mais de 30 anos, o cenário mudou? Como está o ambiente de TI em relação à inclusão de mais mulheres? Vanesa Bustamante, da HDI, diz que houve evolução e que as mulheres têm ocupado cada vez mais espaços. “Vejo a preocupação das empresas em ter banco de talentos para conseguirmos olhar com mais clareza quem são os talentos mulheres”, completou a CIO. 

No entanto, as dificuldades — e o preconceito — ainda são barreiras a serem vencidas. Rita Carvalho, do Itaú, tem mais de 50 anos e tem visão monocular, vítima de uma bala perdida quando tinha 21 anos. 

“Quando eu tinha 21 anos na faculdade, fui vítima de bala perdida, o que me abalou muito, mas minha vontade de vencer na vida profissional foi o propósito que me motivou. Desde que comecei a minha carreira tinha medo do capacitismo, de me acharem menos capaz, então, eu escondia a minha deficiência — só vim falar dela em 2019”, contou. “A questão da deficiência me causou preocupações internas, mas o fato de ser mulher é o maior desafio”, destacou.  

Questionada sobre etarismo, Claudine Bayma explicou que a forma que lida com isso é buscando equilíbrio. “Toda idade tem a sua função e importância; assim que busco gerir a equipe. Você precisa do mais jovem, porque tem outro olhar e agrega valores que são inerentes à idade e ao círculo social dele. E precisa ter o menos jovem que tem senioridade e é capaz de lidar com situações mais complexas e momentos de crise que o mais jovem talvez não tenha tanta desenvoltura”, completou.

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