Ericsson certifica produtos para se beneficiar da portaria 950
A Ericsson está adequando produtos para assegurar a certificação de 100% nacional para se inserir na portaria 950. Com a medida, poderá inscrever esses equipamentos – voltados para banda larga – para o financiamento da FINEP, o primeiro voltado para a compra de hardware do braço de fomento do MCTIC.
“É um processo que requer tempo, mas estamos certificando produtos com desenvolvimento logal e fabricados na nossa fábrica em São José dos Campos”, afirmou o presidente da Ericsson, Eduardo Ricotta. O executivo, com 24 anos de Ericsson e que recém-assumiu o comando da fabricante no País, diz que o momento é de repensar o incentivo ao desenvolvimento de software no Brasil.
“Não dá para condicionar o apoio à Pesquisa e Desenvolvimento tão somente com os 4% da Lei de Informática, criada para o hardware. Nós, mesmos, aqui no Brasil, já temos mais de 100 patentes. O nosso centro exporta soluções para o mundo. O software é o caminho. Hardware, a fábrica é relevante. Nos dá um diferencial de serviços, mas o software é a alma”, pontua Ricotta.
Não por acaso – num momento delicado financeiro da Ericsson no mundo, uma vez que o balanço financeiro apresentou mais uma vez prejuízo, a Ericsson Brasil apareceu com destaque e com crescimento. “Fomos para novas áreas, entre elas, a transformação digital das operadoras e também para cloud. Temos uma solução de orquestração e acreditamos nessa convergência”, reforça o presidente da fabricante. Otimista, Ricotta diz que tem projetos grandes para entregar neste segundo semestre e que está, por isso, abrindo novas vagas. Mas é honesto: há áreas que estão passando por ajustes e cortes de funcionários.
“A migração das operadoras para 700 Mhz nos abriu oportunidades (a fabricante está nos projetos da TIM e da Vivo). Também temos banda larga e a parte de serviços digitais. O usuário está pressionando a operadora para ter serviços digitais. Isso requer uma mudança nos processos”, reforça Ricotta. O próximo passo será trazer para o Brasil, tão logo ela seja lançada mundialmente, a plataforma para Internet das Coisas. “O lançamento será em breve e temos certeza que este é um caminho sem volta. IoT estará em diversas aplicações”.
Além de defender um novo ecossistema no país – com o software ganhando relevância nas políticas públicas de incentivo à produção – Eduardo Ricotta também diz que é hora de o governo, operadoras e fabricantes se unirem para o desligamento da rede 2G, o que deve acontecer, segundo previsão da Ericsson, em 2020.
“O melhor caminho seria criar uma política como fizeram para a TV digital para incentivar a migração. Vamos abrir espectro para novos serviços como já fizeram os Estados Unidos”, diz. Indagado se não haveria uma combinação perigosa – desligamento do 2G e a construção das redes 5G – Ricotta sustentou que o 5G deve demorar mais. “A padronização ainda não chegou. E o 5G será muito de nicho. Não será um serviço para o Brasil como um todo”, completou.