eSocial: infraestrutura precária; retrabalho e maquiagem de dados
Nem o governo sabe o que vai fazer com o eSocial, diante da promessa de uma mudança no regime para 2020. Essa é a conclusão de especialistas ouvidos pelo Portal Dedução. O Gerente de Recursos Humanos da ROIT Consultoria e Contabilidade, Fábio Fernandes, explica que, quando surgiu, a ideia do eSocial era recepcionar as informações e distribuir para os órgãos públicos, então o empregador teria que enviar apenas uma vez e para um só local os dados dos trabalhadores.
A ideia era ótima, observa o especialista, o problema é que, na prática, isso não aconteceu. “O eSocial tinha o propósito de unificar as atividades contábeis, mas, a título de transição, acabou vindo como uma obrigação a mais e não substituiu as anteriores. Então, hoje mandamos basicamente a mesma informação para cinco órgãos distintos”, explica Fábio Fernandes.
Outro fator negativo foram os problemas em acessar o portal: “Muitas vezes, perto do prazo oficial de envio da folha de pagamento, o portal fica fora do ar e não conseguimos enviar as guias, demora muito”, conta Margarida Ávila, especialista de Recursos Humanos da ROIT.
Ela lembra que cada empresa tem um percentual de recolhimento previdenciário, de acordo com o seu perfil. “Sem o eSocial, a empresa conseguia maquiar, recolher menos, recolher errado. Às vezes com intenção e às vezes por engano. Com o eSocial isso não é possível, pois a informação dos percentuais e códigos são rejeitados”, acresenta.
O governo promete um novo eSocial, para entrar em vigor em 2020, mas ainda falta divulgar como ele será feito.
No dia 12 de julho, o Secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou que o eSocial seria substituído por dois sistemas a partir de janeiro de 2020, um responsável pelas informações trabalhistas e previdenciárias e outro pelas tributárias. Mas assegurou que o investimento feito pelas empresas e profissionais seria respeitado, ou seja, seria mantida a forma de transmissão de dados via web service e haveria aproveitamento da identificação dos eventos e sua integração.
Fonte: portal Dedução