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Frete.com combate fraude com IA e evita R$ 1,4 bilhão em roubo de cargas

A inteligência artificial reinventa o mercado de antifraude para roubo de cargas nos próximos dois anos. Esta é a aposta de Federico Vega, fundador e CEO da Frete܂com, uma plataforma de transporte rodoviário de cargas da América Latina. A própria empresa divulgou que evitou R$ 1,4 bilhão, nos últimos 12 meses, em roubo de cargas, utilizando algoritmos de IA para identificação de fraudes dos usuários dentro da plataforma. 

A Frete܂com tem como base o uso da tecnologia, inclusive, Vega contou que o primeiro funcionário contratado foi um engenheiro de machine learning. “Vimos a oportunidade de digitalizar a logística da América Latina. Conecta caminhoneiros — 98% da frota brasileira é de frotistas com menos de cinco caminhões — a cargas. Encontramos cargas para uns 130 mil caminhões por dia e já temos [na plataforma] 80% dos caminhões grandes do Brasil”, disse o CEO em entrevista ao Convergência Digital.

De acordo com Vega, 95% dos roubos de cargas no Brasil decorrem de bandidos que roubam a identidade dos caminheiros, ou seja, um fraudador se faz passar por um motorista de carga, o que no mercado se chama roubo de identidade ou falsidade ideológica. O papel da tecnologia antifraude não é só identificar aqueles motoristas não idôneos para o transporte da carga, mas também se aquele motorista é realmente quem ele afirma ser.

Com a digitalização do mercado de cargas, a guerra anti fraude virou uma briga de inteligência de dados. Desde 2013, a empresa investiu R$ 2 bilhões, montante levantado em rodadas de investimentos e com aporte de Vega. Dos R$ 2 bilhões, R$ 1 bilhão foi destinado à tecnologia e ao desenvolvimento de negócio, sendo R$ 250 mil endereçados pura e exclusivamente para segurança e antifraude.

“Hoje,temos equipe ocupada em trazer mais segurança para identificar fraudes e também investimos muito para dar o ‘match’. Para nós, um caminhoneiro tem de tardar menos de 12 horas para encontrar uma carga. Por exemplo, se um caminheiro sai de São Paulo com destino ao Rio de Janeiro, eu quero que, antes de ele dormir, tenha carga para pegar e voltar”, assinalou.


A guerra de Vega é contra caminhão com capacidade ociosa e motorista esperando carga em terminais. “Quando você coloca todos na plataforma online, você traz eficiência. Isso porque o motorista fica em casa, abre o app e encontra carga; tem lucro maior que mercado offline e economiza dinheiro,porque vai e volta com carga”, defendeu.

A Frete.com desenvolveu projetos com inteligência artificial para endereçar três frentes: roubo de carga; dar match entre caminhoneiro e carga; e automatização de processos. No que diz respeito a mitigar roubo de cargas, foram criadas ferramentas que checam o motorista em diferentes esferas (ficha policial, documentação etc.) e acompanham o histórico dele para entender que tipo de carga transporta e como foi o desempenho e a avaliação dele. Também faz validações para saber se a pessoa é mesmo a pessoa, inclusive, identificando uso de IA deepfake. 

Um dos principais problemas ocorre, de acordo com o CEO, quando os acertos são feitos fora da plataforma — por exemplo, após um primeiro contato usando a ferramenta e depois migrando para a comunicação direta, por fora da ferramenta. Nesse caso, o risco em cair armadilhas nas quais o fraudador usa deepfake para se passar pelo motorista é maior. “Mas, se você opera por dentro, não tem como roubar a identidade, porque usamos tecnologia de antideepfake e, à medida que faz mais cargas, damos um score maior”, detalha.

Em 2023, a Frete܂com facilitou mais de R$ 100 bilhões em pagamento por parte de 18 mil empresas para mais de 900 mil motoristas, que transportaram aproximadamente R$  2 trilhões em valor de cargas. A empresa conta com cerca de 700 colaboradores e soma um valor de mercado na casa dos R$ 5 bilhões.

A Frete܂com recebeu R$ 2 bilhões em investimentos de parceiros estratégicos como o Jeb Bush, Governador da Flórida, Henry Kravis, fundador do KKR, Reid Hoffman, fundador do Linkedin, e Oscar Salazar, co-fundador do Uber. A empresa também foi investida por instituições de primeiro nível, como o banco de investimento Goldman Sachs, e a Tencent, gigante tecnológica da China.

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