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Google: Ninguém sairá ileso quando bolha da inteligência artificial estourar

CEO Sundar Pichai vê “elementos de irracionalidade” que lembram o otimismo exagerado da bolha das pontocom.

O presidente da Alphabet, Sundar Pichai, afirmou que nenhuma empresa sairá ilesa caso a atual onda de investimentos em inteligência artificial resulte no estouro de uma bolha. Em entrevista à BBC, publicada nesta terça, 18/11, Pichai reconheceu que o momento é “extraordinário” para o setor, mas admitiu a existência de “elementos de irracionalidade” que lembram o otimismo exagerado da era das pontocom, no fim da década de 1990.

As declarações refletem o aumento das preocupações em Wall Street, no Vale do Silício e entre reguladores do Reino Unido sobre a sustentabilidade das avaliações bilionárias que vêm inflando o mercado de IA. Só as ações da Alphabet dobraram de valor em sete meses, atingindo US$ 3,5 trilhões, impulsionadas pela aposta de que a empresa conseguirá enfrentar a concorrência da OpenAI e consolidar sua posição na corrida tecnológica — especialmente com o desenvolvimento de superchips dedicados à IA, em disputa direta com a Nvidia, que recentemente alcançou valor de mercado de US$ 5 trilhões.

Pichai afirmou acreditar que o Google tem condições de atravessar um eventual colapso, mas advertiu: “Nenhuma empresa será imune, inclusive nós”. Para ele, ciclos de investimento tendem a “extrapolar”, como ocorreu com a expansão inicial da internet — marcada por excesso de capital e expectativas infladas até o estouro da bolha no início dos anos 2000.

O alerta ecoa previsões de figuras influentes do setor financeiro, como Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, que afirmou recentemente que, embora a aposta na IA traga retornos, parte dos recursos investidos “provavelmente será perdida”.

Apesar dos riscos, a Alphabet mantém seu plano agressivo de expansão global. Em setembro, a empresa anunciou um investimento de 5 bilhões de libras no Reino Unido, incluindo a construção de um novo data center e a ampliação das atividades de sua divisão de IA, a DeepMind. Pichai disse ainda que o Google começará a treinar modelos diretamente em solo britânico — passo crucial para a meta do governo do primeiro-ministro Keir Starmer de transformar o país na terceira “superpotência” de IA, atrás de Estados Unidos e China.


O executivo também abordou um dos temas mais sensíveis da expansão da IA: o consumo de energia. Com estimativas da Agência Internacional de Energia indicando que a tecnologia já responde por 1,5% da eletricidade global, Pichai classificou como “imensas” as necessidades energéticas da área e afirmou que isso atrasará as metas de neutralidade de carbono da Alphabet, originalmente previstas para 2030. Ele defendeu investimentos urgentes em novas fontes e infraestrutura energética para evitar gargalos que possam frear economias inteiras.

Pichai destacou ainda que a IA é “a tecnologia mais profunda” já desenvolvida pela humanidade e terá impacto direto sobre o mercado de trabalho. Segundo ele, profissões como medicina, educação e direito continuarão existindo, mas os profissionais que aprenderem a utilizar ferramentas de IA “se sairão melhor”. A transição, porém, não será simples: “Teremos de enfrentar disrupções sociais”, afirmou, acrescentando que a tecnologia criará novas oportunidades ao mesmo tempo em que transformará ocupações tradicionais.

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