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Hapvida NotreDame investe em IA para salvar vidas de pacientes cardíacos

Desde 2021, o Hapvida NotreDame Intermédica utiliza um sistema integrado com inteligência artificial (IA) que avalia os exames de eletrocardiograma (ECG) em menos de um minuto e alerta a equipe clínica sobre possíveis alterações. Com isso, há uma priorização da avaliação desses exames e entrega o laudo em até 15 minutos. Precisão e agilidade são fundamentais quando se trata de doenças cardiovasculares, uma das principais causas de mortes no Brasil.

“Temos uma estrutura hoje com visão técnica e especializada, como gente tanto da área de inovação como de engenharia de dados, para encontrar soluções que levem a mais qualidade assistencial para ponta usando algoritmos de IA, seja para apoio à decisão clínica, seja para fazer uma priorização de fluxo para os casos que, de forma automatizada, encontramos que algo possa ser crítico”, detalhou Gustavo Guerchon, head de inovação do Hapvida NotreDame Intermédica. Fruto da fusão entre a Hapvida e a NotreDame Intermédica, em fevereiro de 2022, o conglomerado tem 68 mil colaboradores e atende cerca de 16,1 milhões de beneficiários de saúde e odontologia.

A iniciativa com inteligência artificial surgiu da necessidade de auxiliar os médicos das emergências a fazerem um diagnóstico rápido e preciso de doenças cardíacas. O sistema conta com software de análise e algoritmos de aprendizado treinados a partir de uma base de dados de ECGs normais e anormais. O programa faz a triagem desses resultados e os separa em duas categorias. Os que não foram considerados dentro da normalidade passam a ter prioridade.

Desde sua implantação, já foram analisados mais de 382 mil eletrocardiogramas, sendo 145 mil com alguma alteração. Dentre esses, quase 8 mil exames tiveram resultados considerados graves. A IA ajudou os médicos a fazer o correto diagnóstico e, em associação com o time de telecardiologia, a definir o melhor tratamento de forma precoce, minimizando riscos de complicações por doenças cardiovasculares. 

Desde que está ativa, a IA também já leu mais de 1 milhão de  laudos de anatomia patológica de câncer. Outro exemplo é o uso de processamento de linguagem natural para identificar laudos que possam trazer indícios de doenças cancerígenas. Caso aquilo seja identificado algo maligno, é feito um contato ativo com o paciente com o objetivo de que ele contate um especialista e comece o tratamento o mais rápido possível. 


A jornada de IA começou em 2018 com a leitura de laudos anatomopatológicos e permanece ativa. Aliás, esta iniciativa se deu inclusive antes de a companhia contar com uma área estruturada focada nisso. Mas foi há cerca de dois anos que a IA ganhou mais força, quando a área de tecnologia passou a embarcar tanto a inovação como a ciência de dados em uma governança dedicada e especializada nisso. De lá para cá, experimentações e provas de conceito foram levadas a cabo para entender as potencialidades das soluções antes de escalá-las. 

Gustavo Guerchon avalia que os fornecedores amadureceram muito e vêm evoluindo. O Hapvida NotreDame Intermédica tanto compra soluções de mercado como as desenvolve  internamente. “De dois anos para cá, temos estrutura e conhecimento interno para desenvolver soluções na própria organização”, apontou. Seja qual for a origem da solução, atualizar e melhorar os algoritmos continuamente é um dos mantras da equipe, apontou o head de inovação. 

“A IA não tem objetivo de substituir o médico, mas sim de instrumentalizar os profissionais de saúde e melhorar os fluxos do paciente para dar ou informações de maior qualidade ou automatizar processos para dar agilidade à jornada do paciente”, explicou Gustavo Guerchon. É um suporte à decisão clínica que aponta, por exemplo, quais são possíveis alterações do exame. 

Outro projeto que começou em 2022 usa IA para fazer análises de raio X de tórax nos prontos-socorros com objetivo de assinalar alterações mostradas na imagem para facilitar a avaliação do plantonista. Nos PSs, explicou o executivo, o tempo para análise é mais curto, há maior criticidade e a inteligência artificial entra como aliada para dar foco, prioridade aos casos mais graves. “Análise de raio x de tórax que pode ter achados críticos como pneumonia e derrame pleural. Hoje, 119 unidades contam com esta tecnologia, que começou em novembro de 2022; fazemos 50 mil exames por mês com esta IA”, relatou.

Parceria

A FAPESP e o Grupo Hapvida NotreDame Intermédica inauguraram, em março deste ano, na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, o Centro de Referência em Inteligência Artificial (CEREIA). O objetivo do centro é desenvolver pesquisas voltadas ao uso da inteligência artificial para a resolução de problemas na área da saúde, bem como promover a formação de profissionais para atender esse mercado.

Os projetos desenvolvidos no centro serão voltados à aplicação de internet das coisas (IoT), big data, transformação digital e tecnologias de ponta na prevenção, diagnóstico e terapias de baixo custo. As pesquisas realizadas no âmbito do centro serão focadas em seis linhas prioritárias: predição de doenças crônicas; apoio à avaliação de exames radiológicos; engajamento de pacientes em programas de promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas; sistema inteligente para monitoramento remoto de paciente; anamnese assistida por inteligência artificial e interfaces com alta qualidade para ciência de dados na saúde.

O CEREIA é um dos seis novos Centros de Pesquisas Aplicadas (CPAs) em Inteligência Artificial selecionados pela FAPESP em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) por meio de uma chamada lançada em 2020.  

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