Hospital Santa Paula faz jornada digital, mas alerta para falta de cientistas de dados
Inaugurado em 1958, o Hospital Santa Paula, localizado na Zona Sul de São Paulo, já entendeu a necessidade de se transformar digitalmente e caminha na direção da chamada medicina da precisão. “Em oncologia, por exemplo, os hospitais brasileiros não têm nada a dever a americanos ou europeus. Hoje, em função de diagnóstico mais preciso, chegamos à personalização, ao detalhe, e dar ao paciente tratamento com maior probabilidade em comparação com genérica. Com mapeamento genético vamos dar amplitude maior e em pouco tempo – exame de mapeamento genético mais barato”, diz o doutor Moacyr Campos, que está à frente da transformação digital do Hospital Santa Paula (HSP).
A medicina de precisão vai dar condições de maior assertividade a diagnósticos e permitir que medicamentos sejam personalizados para as necessidades de um indivíduo. Para tanto, é necessário melhorar a qualificação da informação captada, ampliar a capacitação da mão de obra e levar a cabo, de fato, a transformação digital. Neste esforço, o Santa Paula possui a certificação internacional Health Information and Management Systems Society (HIMSS), que trata da segurança da informação, da acessibilidade da informação e da integração da informação dentro do ambiente hospitalar.
“Ela vai do nível um ao sete, sendo um o básico, quando se inserem no prontuário do paciente exames como o de sangue, e o sete que é quando o hospital abole o papel, tendo toda informação incorporada ao prontuário sendo digital e a circulação da informação no hospital dentro do prontuário eletrônico. No Brasil são quatro ou cinco hospitais que têm o nível sete e o Santa Paula é um deles”, diz Campos.
Para chegar a este nível, o hospital passou por diversas fases, desde a revisão dos processos até a integração com outros sistemas, como de fornecedores de laboratório, exames de imagens, integração com médicos que trabalham. Campos ressalta que um dos principais esforços foi para preparar os colaboradores e instigar os fornecedores para trafegar neste ambiente digital.
“A qualificação do profissional, incluindo médico e enfermeira, é necessária. Eles precisam ter uma formação que antes não era do dia a dia deles”, conta. “Eles têm de ter habilidade, treinamento e capacitação não somente na atividade-fim deles, mas também com o entendimento de estar a par do que acontece na área tecnológica”, completa.
Com relação aos profissionais de tecnologia que são necessários para atender a este novo hospital, Moacyr Campos explica que não falta mão de obra para fazer manutenção dos sistemas ou o treinamento dos médicos para usar o prontuário. Faltam profissionais para trabalhar com big data, data lake, ou seja, pessoas que trabalhem na parte analítica e que consigam conferir inteligência aos dados captados.
Contar, por exemplo, com um epidemiologista que saiba trabalhar com linguagens da área de big data é algo ainda distante, mas que está nos planos do segmento hospitalar. “Estão surgindo novas demandas e temos lacunas a preencher como com profissionais de big data, que saibam lidar com estatística, com a criação de algoritmos, que trabalhem com inteligência artificial e com robôs para construir informação em cima de um banco de dados imensos que temos”. A matéria completa pode ser lida aqui.