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Huawei desafia Nvidia e entra de vez na disputa pela liderança global da inteligência artificial

"A estratégia da China é de longo prazo, mas estamos prontos para o que está por vir", assinalou o vice-presidente para a América Latina e Caribe da Huawei, Daniel Zhou.

Ana Paula Lobo, de Shanghai, China

No mesmo dia em que o governo chinês proibiu as empresas de tecnologia do país comprarem chips de inteligência artificial da Nvidia, o presidente rotativo da Huawei, Eric Xu, no Huawei Connect 2025, que acontece em Shangai, até o dia 20 de setembro, anunciou o plano da fabricante para plataformas de computação IA e o lançamento, no quarto trimestre de 2026, do Atlas 950 SuperPoD, compatível com mais de 8.000 GPUs Ascend.

O novo equipamento contará com 128 racks de computação e cobrirá cerca de 1.000 m². O Atlas 950 oferecerá 6,7 vezes mais poder de computação e 15 vezes mais capacidade de memória, atingindo 1.152 TB. “O poder computacional é, e continuará a ser, a chave para a IA. Isso é especialmente verdadeiro na China”, disse Xu.

O presidente rotativo da Huawei deixou claro que o chip IA da fabricante ainda ficará abaixo do chip da Nvidia de forma independente, mas a proposta é “reunir chips menos avançados e transformá-los em um superPoD, que possa funcionar como um único computador e, assim, ser capaz de competir”.  Outras duas linhas estão previstas para serem atualizadas em 2027 e 2028.

Em encontro com a imprensa da América Latina e Caribe, o vice-presidente da região, Daniel Zhou, confirmou a estratégia da Huawei – de avançar fora da China para brigar pela liderança global de IA – ao responder uma pergunta do portal Convergência Digital.


“A China está pronta para o que está por vir. O governo chinês tem uma estratégia muito clara em relação à Inteligência Artificial para o longo prazo. Nós na Huawei entendemos que é possível, com os parceiros, fazer o melhor e, inclusive, avançar em relação a outros países fora da China”, declarou.

Nos bastidores do Huawei Connect, uma certeza: a Huawei é a empresa escolhida pelo governo chinês para avançar na disputa da inteligência artificial. O evento, que reúne mais de 3 mil pessoas entre parceiros, clientes e jornalistas, respira inteligência artificial e tem várias apresentações de como usar a IA em áreas como governo, educação, varejo, cidades inteligentes, mineração, petróleo e gás. “Tecnologia tem de trazer benefícios para o cidadão, para a sociedade e para os negócios”, pontuou Zhou.

A expectativa é que, após o lançamento comercial do SuperPoD no país, a exportação do chip IA possa vir a ser uma realidade, em especial, para a América Latina, onde há grandes oportunidades de crescimento. “Uma boa tecnologia tem de funcionar na China, na América Latina, na Europa, em qualquer lugar”, sinalizou Daniel Zhou, que foi comedido ao falar sobre planos, mas não descartou conversas com parceiros e clientes para a expansão do uso da IA.

* Ana Paula Lobo viajou para a China à convite da Huawei Brasil

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