Mercado

IDC: Não dá mais para as corporações adiarem os investimentos em TICs

“O sentimento para este ano é mais positivo para a indústria de tecnologia da informação”, ressaltou Denis Arcieri, diretor-geral da IDC Brasil, ao iniciar a apresentação para imprensa das previsões da consultoria para 2017. Durante as cerca de duas horas de coletiva, realizada nesta quinta-feira, 26/01, os analistas mantiveram tom positivo, inclusive quando questionados sobre impactos da administração do recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, para o País.

“Dependendo do ângulo, pode ser até positivo [o efeito Trump]”, apontou Pietro Delai, gerente de pesquisa e consultoria para infraestrutura e telecom da IDC. Para ele, como o Brasil não é polo exportador de tecnologia e nem tem nível relevante de offshore para os EUA não se deve ficar assustado. “Precisa ficar atento, mas não se desesperar e nem ignorar”, acrescentou. 

A IDC Brasil prevê um crescimento do mercado de tecnologia da informação e telecomunicações de 2,5% neste ano em relação a 2016, puxado principalmente pela retomada de projetos de TIC, troca de equipamentos depreciados, maior venda de smartphones e linhas 4G. Além disto, o mercado de internet das coisas ganha espaço e projetos começam a deslanchar neste ano, enquanto a adoção de blockchain ainda é lenta.

O porcentual é semelhante aos 2,6% estimados para 2016. Ainda não se sabe se o País de fato alcançou este crescimento, já que o estudo com o resultado final deve sair somente em maio. A IDC espera que o segmento de TI cresça 5,7% e o de telecom, 0,4%. Do mercado total de TICs no Brasil, telecomunicações respondem por cerca de 60% e TI pelos 40% restantes.

Transformação digital


De acordo com o diretor geral da IDC Brasil, o otimismo com o mercado vem da necessidade das empresas de mudar. “Não há mais espaço para postergar projetos de transformação e inovação e mais de 6% dos CIOs pretendem investir para melhorar a estratégia de entrega multicanais em 2017”, disse Arcieri. A transformação digital, acrescentou, é um caminho sem volta para as empresas nacionais.

Segundo recente pesquisa, no Brasil pouco mais de 10% das empresas já investem cerca de 5% de seu faturamento em tecnologias inovadoras. A transformação digital se baseia em cinco pilares – liderança, omni-experience, informação, modelo de negócio e fonte de trabalho, que permeiam diferentes tecnologias e segmentos do mercado de TIC que se destacam nas previsões da IDC para este ano.

“A transformação digital interfere em diversos aspectos, na medida em que novas competências tecnológicas alavancam mudanças e impulsionam novos modelos de negócios, integração de produtos e serviços físicos e digitais, melhores experiências dos clientes, e mais eficiência operacional e organizacional”, diz Luciano Ramos, gerente de Pesquisa e Consultoria de Software e Serviços da IDC Brasil.

Conexões 4G

Entre as projeções de mercado, a consultoria aposta em um crescimento bastante ambicioso para a expansão das conexões 4G no Brasil: um salto de 60 milhões (em dezembro de 2016) para 108 milhões de linhas até o fim de 2017. É um aumento de 80%. Quando questionados, os analistas apontaram diversas frentes para sustentar a estimativa, tais como aquisição de novos celulares, migração de tecnologia e a expansão da cobertura por parte da operadora.

No entanto, a expectativa é que a base de smartphones, que apresentou queda em 2016 (número ainda não fechado pela IDC), volte a ganhar fôlego em 2017 e cresça 3,5%. Em números absolutos, significa ter em 2017 uma base de aparelhos similar a de 2015. Para Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria para mercado consumidor e aparelhos da IDC, a mudança no estilo de vida (uso do smartphone para acessar conta bancária, chamar táxi e comunicação por mensagens instantâneas) somado ao fato de 37% da base instalada ativa ter sido adquirida antes de 2015 vai impulsionar o aumento nas vendas. 

Os investimentos em segurança devem ser retomados e ampliados já no primeiro semestre, alcançando US$ 360 milhões até o fim do ano. As principais áreas serão gestão de identidade e correlação de eventos. A IDC projeta crescimento de 4,8% para o mercado de software para análise de negócio, movimentando US$ 848 milhões em 2017 no Brasil. Mais consolidado, o mercado de nuvem pública deve crescer 20% atingindo US$ 890 milhões em 2017.

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