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Inteligência Artificial impõe um desafio e tanto à privacidade de dados

"As pessoas passam os dados sem entender as consequências. Na prática, não há um zelo com os dados e temos de reforçar e reforçar a educação”, afirma a diretora sênior jurídica para América Latina e Canadá, Marcia Muniz.

Especial Cisco Brasil

O brasileiro ainda precisa aprender a proteger seus dados pessoais, independente das legislações, pontua a diretora sênior jurídica para América Latina e Canadá, Márcia Muniz. Em entrevista à CDTV, a executiva diz que até bem pouco tempo, não havia nenhuma preocupação em preservar informações pessoais.

“A LGPD veio para mudar e está mudando, mas ainda existe uma longa jornada pela frente. A LGPD diz que é preciso coletar o mínimo de dados possíveis, mas, nós, brasileiros, vivemos a maximização. A educação se faz muito urgente para assegurarmos o respeito aos dados”, observa a especialista.

Para Marcia Muniz, os titulares dos dados ainda têm de entender os seus direitos, e os seus deveres, assim como, as empresas, que são controladores e operadores dos dados, também. Segundo ela, a conscientização está aumentando, mas a jornada da educação tem de ser permanente. Encarregada de dados (DPO) da Cisco do Brasil, a executiva lembra que a companhia vende produtos que processam dados pessoais.

“Se nós não oferecermos confiança aos nossos clientes que os dados deles estão sendo tratados, nós não vamos vender. E é isso que eu passo para os colaboradores. Eles precisam tratar os seus dados bem, para tratar bem os dados de terceiros. Aqui na Cisco, o treinamento é constante. O colaborador tem de ter um compromisso com a LGPD para evitar qualquer problema de dano”, assinala Márcia Muniz.

A inteligência artificial não é uma ruptura à privacidade de dados como conhecemos hoje, mas ela impõe um desafio e tanto às empresas. “O cuidado redobra. As pessoas usam o ChatGPT sem se preocupar para onde os dados colocados estão indo. As pessoas passam os dados sem entender as consequências. Na prática, não há um zelo com os dados e temos de reforçar e reforçar a educação. A IA veio para ficar. Não dá para ir contra, mas a educação é ainda mais relevante”, adverte a diretora da Cisco Brasil.


Marcia Muniz exemplifica citando uma empresa norte-americana que propôs 200 mil dólares para comprar a face e a voz dos seres humanos para seus humanoides. “Eu li duas vezes a notícia. Um milhão de reais? pode ser tentador, mas as pessoas estão pensando no futuro no uso perpétuo? Não! não é legal virar um robô. Não é legal vender dados. Temos de pensar na tomada de decisão, uma vez que não existe solução mágica. Não tem ferramenta de segurança da informação que proteja sozinha. O ser humano tem de agir”, completa. Assista a íntegra da entrevista com a diretora sênior jurídica para América Latina e Canadá.

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