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Itaú Unibanco vai ser um banco 100% na nuvem até 2028

Tudo que está no mainframe vai para a nuvem, diz o CIO do banco, Ricardo Guerra.

Por Roberta Prescott, de Las Vegas*

Depois de praticamente concluir a migração para computação em nuvem da parte de sua infraestrutura que afetava diretamente o correntista — nas palavras de Ricardo Guerra, CIO do Itaú Unibanco, de tudo que era importante para o cliente —, agora o banco vai modernizar 100% de sua plataforma e migrar o que está em mainframe para computação em nuvem, sendo a AWS sua principal parceira. 

Guerra falou com jornalistas durante o AWS re:Invent, evento mundial que ocorre nesta semana em Las Vegas, quando explicou que o plano inicial não era migrar tudo para computação em nuvem, mas apenas do que era importante para o cliente — o que está quase concluído. Agora, o Itaú anuncia a expansão da modernização tecnológica do banco, atingindo 100% da infraestrutura. Hoje, contabilizando toda plataforma, a modernização está em 65%.  

“A modernização tecnológica do banco é a forma de fazer negócios no fim do dia e como o Itaú tem se adaptado. As indústrias estão passando por disrupções com novas empresas entrando”, disse, ao explicar que, quando o Itaú observou esse movimento, há cerca de 15 anos, resolveu agir. 

No fim de 2023, o banco havia alcançado 60% da modernização de toda infraestrutura, um processo que passa pela criação de prática de design mais agressiva, visão de produtos, cultura de clientes, entre outros. “É a era da experiência, como a gente opera através da maior obsessão e criação de experiência do usuário melhor”, assinalou o CIO. 


Agora, o porcentual modernizado está na casa dos 65%, com os últimos 35% sendo de uma complexidade diferente da migração anterior. “Vamos eliminar as rotinas batch. Ainda continuamos com processos batch oriundos dos anos 1970/80 com atualizações na madrugada. São rotinas que rodam de madrugada e para migrar para cloud precisamos mudar a lógica de como o banco funciona”, pontuou. 

Mas o que pesou na decisão de ir 100% para a nuvem? Guerra enumerou alguns fatores, tais como desenvolvimento de uma mentalidade de inovação constante, de estar sempre atualizado com as últimas tecnologias e entregar o que há de mais novo aos clientes.

“É sermos pioneiros na inovação e nos alavancarmos na tecnologia, estarmos em transformação sempre. A jornada da inovação traz um mindset novo de estarmos sempre operando no moderno. E as coisas vão ficando antigas; não faz sentido ficar treinando gente em manutenção de dados, Cobol. E o terceiro ponto é a economia de escala”, justificou. 

Com a migração para computação em nuvem a pergunta que fica é o que vai acontecer com os mainframes e o datacenter atuais. Guerra disse que o banco ainda não tomou esta, “porque não precisa tomar”. “Hoje monetizamos o datacenter com serviços que ofereceremos e podemos deixar ele como está. Desde que ele não me traga grande custo ou grande risco, não tem por que vender o ativo”, apontou. 

O CIO assegurou que o datacenter atual é funcional e está rodando 35% da plataforma. “Uma vez que migrarmos 100%, vamos avaliar se precisamos ou não do datacenter. Então, não faz sentido pensar nisso agora. Hoje não tenho vontade de abrir mão de um datacenter como o nosso.” De qualquer maneira, o Itaú adiantou que está experimentando o Amazon Q para modernizar o mainframe.

Nessa jornada, o banco primeiramente priorizou tudo que tinha interface com o cliente e agora está modernizando o que é mais commodity. “Fiz a modernização, porque quero ter mais velocidade para entregar produtos e preciso ter todos os dados de forma moderna, acessível”, apontou. 

Avanços em IA generativa

Como parte desta modernização, no fim de novembro, o Itaú anunciou a criação de plataforma de inteligência artificial generativa para produtos que interagem com os clientes.  O Pix no WhatsApp é um exemplo que visa a tornar a experiência de pagamentos mais fluida e rápida, sem necessidade de abrir o aplicativo do banco.

Em gestão financeira, a primeira novidade será a possibilidade de os clientes interagirem com a Inteligência Itaú sobre o programa Minhas Vantagens para ampliar os benefícios.  O Pix no WhatsApp é uma das primeiras soluções conectadas à Inteligência Itaú e utiliza inteligência artificial generativa para interagir com os clientes pelo WhatsApp e realizar transferências do dia a dia de forma automatizada e instantânea.

Os clientes podem enviar mensagens para o canal oficial do Itaú, fazer transações de até R$ 200 por dia via Pix e a ferramenta interpretará automaticamente mensagens de texto e áudio, com a possibilidade de dividir despesas e gerar o comprovante da transação em segundos.  

A nova funcionalidade de pagamento por WhatsApp permite realizar transações pontuais, enviando uma mensagem, interagindo com a IA do banco que está nos contatos do WhatsApp. Em breve, o banco lançará uma novidade para o programa Minhas Vantagens. Os clientes poderão gerir seus benefícios com o auxílio da Inteligência Itaú diretamente pelo aplicativo para conhecer melhor suas vantagens.

Segundo o banco, a Inteligência Itaú no Minhas Vantagens é a primeira jornada de gestão financeira com IA generativa embarcada para hiperpersonalização.   Sobre o Pix por aproximação, Guerra falou que o banco passou a fase de teste inicial e está escalando.  

A jornalista viajou a Las Vegas a convite da AWS Brasil

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