Mercado

Mais da metade dos dispositivos inteligentes foi comprado no mercado cinza no Brasil

No primeiro trimestre deste ano, foram vendidas 964.037 unidades de dispositivos vestíveis, sendo 615.721 fitbands e smartwatches e 348.316 fones de ouvido truly wireless com alguma conexão com a internet ou função inteligente, o que significa uma alta de 24,39% considerando as duas categorias, revela estudo da IDC Brasil. Apesar do crescimento, ao analisar as unidades vendidas no mercado oficial e no mercado cinza, os números alertam: tem muita gente se arriscando e comprando wearables falsificados ou sem nenhuma garantia legal. Das 615.721 pulseiras e relógios inteligentes, mais da metade (397.936) foi adquirida no mercado cinza. 

Já os consumidores de fones de ouvido sem fio e integrados a outros dispositivos também recorreram ao mercado não oficial, mas em menor número. Dos 348.316 fones de ouvido truly wireless comercializados nos três primeiros meses, 161.990 foram via grey market e 186.326 no mercado oficial. “A penetração de dispositivos vestíveis no grey market está tomando uma representatividade próxima ao tamanho do mercado oficial e isso é bem preocupante, tanto do ponto de vista da indústria, como do varejo legal e do usuário, pois não se trata apenas de comprar produtos que entraram no país ilegalmente. Principalmente na categoria de fitbands, há muitos produtos falsificados e de qualidade duvidosa, que comprometem a credibilidade da tecnologia e a segurança das informações dos usuários”, diz Renato Murari de Meireles, analista de pesquisa e consultoria em Consumer Devices da IDC Brasil.

Segundo o analista, os números refletem o cenário do período, marcado pela piora da pandemia, o fechamento das lojas, principalmente as de material esportivo, e o fim do auxílio emergencial. “Wearables não dependem muito do varejo físico, mas ainda assim foram impactados. Além disso, as vendas no segundo semestre de 2020 foram muito boas, e depois de um período forte chega a ser natural uma desaceleração. Fitbands e smartwatches, por exemplo, tiveram vendas expressivas na black friday e não surpreende que no começo do ano o movimento tenha sido mais conservador”, pondera Meireles. Já o mercado oficial de fones de ouvido, de acordo com a IDC Brasil, cresceu 64% em relação ao 1º tri de 2020, impulsionado por novos entrantes, pela continuidade do home office e do ensino remoto.

A notícia boa do período é que o preço médio dos vestíveis caiu, basicamente por conta dos modelos mais básicos de fitbands e smartwatches. Segundo o analista da IDC, o preço dos relógios inteligentes ainda é salgado e, pela tecnologia envolvida, a tendência é que continue assim por um tempo, mas no caso das pulseiras e dos fones de ouvido espera-se maior erosão. “Temos visto várias iniciativas dos players, novos entrantes, maior competitividade e tudo isso facilita a popularização da categoria e, consequentemente, a queda de preços”, explica Meireles. Nos três primeiros meses de 2021, o ticket médio das fitbands e smartwatches foi de R$ 1.269,37 no mercado oficial e de R$ 347,49 no grey market, e dos fones de ouvido truly wireless de R$ 867,38 e R$ 364,50, na mesma ordem.

Em receita, o mercado total de wearables (cinza + oficial) nos três primeiros meses de 2021 somou R$ 635.394,650, sendo R$ 414.733,013 de fitbands e smartwatches e R$ 220.661.637 de fones de ouvido sem fio e integrados a outros dispositivos. Para 2021 e até 2024, a expectativa da IDC Brasil é bastante otimista, com crescimento anual de dois dígitos.


“A pandemia colocou a saúde e a boa forma na mente de muitos consumidores, e aumentou a adoção dos vestíveis para monitorar a frequência cardíaca, medir a temperatura e até para programas de condicionamento físico em casa. Esse comportamento deve crescer, assim como no mercado corporativo o BYOD tende a ficar ainda mais forte, inclusive com as próprias empresas comprando os acessórios para uso de seus funcionários”, prevê o analista da IDC Brasil. 

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