Mapeia Minas une inteligência artificial à nuvem para mitigar os danos das tragédias naturais
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) criou uma solução para prever desastres naturais e mitigar suas consequências usando recursos de inteligência artificial. O programa, nomeado Mapeia Minas, é capaz de monitorar barragens, enchentes, secas e demais eventos climáticos, integrado a localização de famílias assistidas pelo governo, como pessoas ribeirinhas, em situação de vulnerabilidade ou que vivem em áreas de risco.
Para o seu desenvolvimento, além do governo de MG, foram envolvidos o Ministério Público, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do estado, entidades que também atuam em casos de desastres naturais. A solução utiliza uma metodologia da AWS chamada Working Backwards (financiada em parceria entre a SoftwareOne e a AWS), que prevê hoje tudo o que pode acontecer no futuro.
A AWS também aportou créditos em nuvem para a Sedese e a SoftwareOne despendeu mais de 600 horas de serviço no desenvolvimento da ferramenta, sem custos para o cliente. A expectativa é que o sistema ajude a gestão dos municípios, apoiando o planejamento do período corrente para que o município possa mitigar riscos futuros, o que também é um grande objetivo da ferramenta.
Prevenção
Desde 2020, os problemas relacionados à chuva têm se intensificado em Minas Gerais, agravados pela crise climática e o aquecimento global. Diante desse grave panorama, o Estado percebeu que não estava totalmente preparado para lidar com o problema e que não existiam ações de prevenção aos eventos adversos que as chuvas causavam, os quais afetavam principalmente famílias em situação de vulnerabilidade que vivem em regiões de deslizamentos e que dependiam do atendimento socioassistencial após perderem tudo nos desastres naturais.
De acordo com Elder Gabrich, assessor especial na Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais, a política de assistência social não tinha condições de dar uma resposta rápida para as pessoas necessitadas e, muitas vezes, nem recursos e condições financeiras. Ele contou que 2021 foi um ano muito atípico que acabou demandando novas ações. Foi quando começaram a discutir o que poderia ser feito para prevenir que essas famílias fossem atingidas por eventos climáticos de uma maneira tão severa.
Ficou clara a necessidade de se promover ações preventivas para que, quando o período chuvoso chegasse, os municípios pudessem saber quais áreas são mais suscetíveis a serem afetadas pelas chuvas e também quais famílias residem nessas áreas.
Criação
Para o desenvolvimento do Mapeia Minas, a SoftwareOne utilizou recursos cloud native da AWS, cujos serviços incluem tratamento de dados e geolocalização, os quais foram integrados à uma amostra da base de dados do CadÚnico – registro das famílias de baixa renda no Brasil. Além disso, a companhia integrou ao sistema os alertas públicos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), que apontam previsões climáticas como intensidade de chuvas, baixa ou alta umidade, entre outras.
O resultado foi a criação de um MVP (produto mínimo viável) que agora permite à Sedese fazer o georreferenciamento de pessoas e controlar os dados por meio de dashboards, com o mapa apontando quando há alertas meteorológicos. Na prática, o sistema é capaz de buscar por determinado município e verificar a quantidade e o local onde estão pessoas em situação de risco, de acordo com as previsões meteorológicas, permitindo uma ação preventiva, seja em relação ao planejamento de ações das equipes de defesa civil e assistência social, seja em relação à distribuição de ajuda humanitária.
O objetivo era, para além de lidar com as chuvas, melhorar a capacidade tanto de prevenção quanto de mitigação e resposta ao desastre. Assim, a Sedese teve a ideia de construir um sistema que gerasse informações sobre as áreas de risco que existem no estado, integrando-as com informações de onde estão localizadas as famílias vulneráveis a fim de precaver os eventos climáticos severos. Como não tinha a estrutura de TI necessária para desenvolver a solução de forma autônoma, a Secretaria buscou então a parceria da AWS e da SoftwareOne para dar andamento ao projeto.
Gabriel Luiz Santos de Olivera, cientista de dados da equipe do escritório de dados da Sedese, disse que foi criado um sistema que atende às duas pontas: a gestão de risco e a gestão de desastres. Assim, contam com informações para tomar decisões baseadas em evidências tanto para promover políticas públicas preventivas para mitigar os riscos, quanto para apoiar as famílias vulneráveis após o evento climático, o que, segundo ele, é algo pioneiro no Brasil.
O MVP do Mapeia Minas já foi entregue pela SoftwareOne à Sedese e o projeto seguiu para andamento. A ideia é que a iniciativa também seja expandida a todos os outros estados que fazem parte do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (COSUD), que poderão usar a mesma ferramenta. Gabrich aponta que o primeiro grande marco almejado é conseguir fazer uma remessa de informação periódica para os municípios de Minas Gerais já no próximo período chuvoso, que ocorre de outubro a março.