Ministério Público do Rio Grande do Sul acelera em 90% a análise de vídeos com IA
De novembro de 2024 a maio de 2025, mais de 23.400 vídeos foram processados, o que representou uma economia de mais de 11.500 horas de trabalho humano, conta o subprocurador-geral de Gestão Estratégica, João Claudio Sidou.


O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) implementou uma solução baseada em inteligência artificial generativa, desenvolvida pela Xertica.ai, que reduziu em até 90% o tempo necessário para a análise de vídeos. O subprocurador-geral de Gestão Estratégica do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), João Claudio Sidou, conta que, em junho de 2023, quando assumiu a posição, ficou claro que seria necessário avançar o uso de inteligência artificial adotando ferramentas que pudessem aportar ganhos ao MPRS, tais como aumento na produtividade para o colaborador.
“Recebemos todos os dias na promotoria uma quantidade enorme de processos e não sabemos se temos casos de vida ou morte que podem estar lá embaixo da pilha junto a casos sem urgência. Não conseguíamos ter esta organização sem abrir os processos e fazer análises” explica Sidou.
Assim, levaram a cabo um edital para contratação por meio de licitação de uma solução para transcrição automática com diarização, resumos automáticos de depoimentos, identificação de contradições, extração de teses defensivas, análise de sentimentos e vieses cognitivos, etiquetas jurídicas inteligentes, chatbot jurídico treinado com dados do próprio MPRS, além de funcionalidades de localização de endereços integradas ao Google Maps. A solução opera sobre a infraestrutura da Google Cloud Platform e foi construída em conjunto com os promotores, servidores e técnicos do MPRS.
A implementação priorizou a experiência do usuário, com uma interface simples, integração à intranet do órgão e autenticação via Active Directory. Com isso, conseguiu reduzir gargalos operacionais e garantir uma atuação mais eficiente e transparente em defesa da sociedade.
“A transcrição de depoimento é uma solução que está consolidada e estamos incentivando o uso. Uma tradição jurídica aqui é a prova oralizada, a pessoa presta depoimento que está sendo gravado e encartado nos laudos eletrônicos. No processo digital, o depoimento é em vídeo e, antes, tinha de assistir a todo o vídeo. Com a disponibilização da transcrição, consigo saber o que a pessoa disse e cruzar as informações”, avalia Sidou.
A inteligência artificial transcreve automaticamente os depoimentos e libera o trabalho de um servidor que o fazia antes. Apesar de, em um primeiro momento, ter levado à resistência do usuário, a aplicação de IA ganhou adesão e registrou uma curva de adesão em crescimento mensalmente. E o salto foi gigante, passando de 93 processos transcritos, em outubro de 24, para 9.500 em julho de 25. “Conseguimos melhorar a qualidade do produto final, o que gerou confiança no usuário e desmistificar a tecnologia para o colega e mostrar que vem para ajudar”, celebra o subprocurador-geral.
De novembro de 2024 a maio de 2025, mais de 23.400 vídeos foram processados, o que representou uma economia de mais de 11.500 horas de trabalho humano. Promotores relatam que agora chegam às audiências mais preparados, com acesso a análises automáticas e trechos relevantes previamente destacados.
Em um segundo momento, o MPRS ingressou, em março deste ano, com uma ferramenta de análise e sumarização do processo. Também conta com um agente conversacional para o servidor interagir com o processo e tirar dúvida sem ter de ler todo o documento. A tecnologia inclui o DANG (Document Augmentation Next Generation), que conecta o Google Workspace a dados internos e externos, inclusive sistemas legados, permitindo pesquisas jurídicas e análises diretamente no ambiente de edição de documentos. A automação de tarefas como geração de documentos e colaboração em tempo real tem sido um diferencial na rotina dos servidores.
 
				 
					




