
Maior jornal dos EUA, The New York Times liberou o uso de inteligência artificial nas operações editoriais e de produto, em um movimento que busca equilibrar inovação e ética jornalística. A empresa lançou uma ferramenta interna batizada de Echo, destinada a ajudar jornalistas a resumir artigos, briefings e conteúdos interativos, além de liberar uma série de recursos de IA para otimizar tarefas como criação de manchetes para SEO, sugestão de edições e análise de documentos. As informações foram divulgadas pelo Semafor.
A empresa listou os programas aprovados para uso, incluindo:
• GitHub Copilot: assistente de programação para desenvolvimento de código.
• Google Vertex AI: plataforma para auxiliar na criação de produtos digitais.
• NotebookLM e ChatExplorer: ferramentas de pesquisa e análise de dados.
• OpenAI API (via conta corporativa, com aval jurídico).
O Times também compartilhou diretrizes editoriais detalhando casos de uso permitidos, como criar perguntas para entrevistas (ex.: “Quais questões devo fazer ao CEO de uma startup?”), revisar parágrafos para concisão, criar manchetes otimizadas para mecanismos de busca, produzir resumos de artigos em linguagem coloquial para newsletters, traduzir relatórios governamentais complexos para linguagem acessível. Em um vídeo de treinamento, a empresa exemplificou como a IA pode ser usada até para “promover um artigo do Times no Facebook”.
Apesar do entusiasmo, o jornal impôs restrições claras para evitar riscos éticos e legais. É proibido usar IA para redigir ou revisar substancialmente artigos, bem como inserir materiais protegidos por direitos autorais de terceiros, especialmente informações confidenciais de fontes. Também não está autorizado contornar paywalls ou publicar imagens/vídeos gerados por IA sem identificação clara.
As diretrizes alertam que o uso indevido de ferramentas não aprovadas pode comprometer a proteção de fontes e notas internas. “A IA generativa não é uma solução mágica, mas uma ferramenta poderosa a serviço de nossa missão”, diz trecho do documento.
A decisão surge em meio a uma batalha judicial entre o Times e a OpenAI, acusada de usar conteúdo do jornal para treinar modelos como o ChatGPT sem autorização — o que a empresa nega, classificando a ação como “tentativa de frear inovação”. O caso é considerado crucial para definir os limites de direitos autorais na era da IA.
O Times destacou que as diretrizes de IA estão disponíveis publicamente em seu site e que vem testando a tecnologia com um grupo piloto há um ano. A empresa não comentou diretamente o anúncio, mas reforçou o compromisso com o jornalismo de qualidade: “A IA deve ajudar a desvendar a verdade, não substituí-la”.