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Nuvem é a habilitadora dos projetos de inteligência artificial e IA generativa

Se, há uma década, as instituições financeiras eram receosas com relação à migração para a computação em nuvem, hoje elas abraçaram a tecnologia e ostentam grandes projetos em infraestruturas tanto públicas como privadas. Da hesitação, então, passaram a entender que não se tratava apenas de decisão de TI — e, sim, uma estratégia de negócios — e que elevaria a competitividade. Isso ficou claro na discussão durante o painel “Enfim, o banco movido a nuvem?”,  realizado nesta terça-feira, 26/06, no Febraban Tech 2024, com Cíntia Scovine Barcelos, diretora-executiva de tecnologia do  Bradesco; Fabio Napoli, diretor de TI do Itaú Unibanco; Milena Leal, diretora de negócios do Google Cloud; e Ricardo Contrucci, CTO do Santander Brasil. 

“O Itaú Unibanco, na verdade, nunca teve resistência para migrar para a nuvem, mas queria entender o problema para mudar. A gente queria melhorar a nossa velocidade e melhorar a experiência do usuário, o que nos levou a modernizar o ambiente e o que nos levou a ir para a nuvem”, justificou Fabio Napoli. Hoje, o Itaú Unibanco está com 62% dos serviços de negócios modernizados. O Itaú Unibanco está desenvolvendo um produto que chamaram de “cloud zero” para que o desenvolvedor não saiba em qual cloud está rodando.  

Já o Bradesco definiu como estratégia corporativa ser cloud-first e multicloud. “Buscamos sempre primeiro soluções SaaS; o que não está pronto, construímos em cloud native e alavancarmos”, afirmou Cíntia Scovine Barcelos. A decisão teve como objetivo ter acesso a tudo de inovação que pode vir das empresas. O Bradesco também explora a nuvem distribuída quando a latência é fator de sucesso como todo. “A cloud permite você abstrair a infraestrutura para o desenvolvedor e ele pode focar no código. A cloud é disruptiva, habilita novos negócios e novos ecossistemas. É necessário que os provedores entrem com a gente. Os bancos estão indo para a nuvem”, ressaltou a executiva. 

Para Ricardo Contrucci, do Santander, computação em nuvem não se trata apenas de uma tendência para o futuro, já sendo uma realidade. “No Santander, quando a gente olha a cloud pública mais privada, temos 95% em nuvem. A ideia é aumentar o porcentual da pública, que está na faixa de 50%”, adiantou. 

O principal foco agora é a modernização, disse Contrucci. O Santander começou a migração há alguns anos executando uma migração do tipo “lift and shift” para, depois, iniciar a jornada a partir da qual tudo passou a ser nativo em nuvem. “Adotamos cloud first e tudo isso sempre olhando do ponto de vista do risco operacional e avaliando a criticidade das aplicações”, pontuou Contrucci.  


A computação em nuvem também tem sido a habilitadora para os projetos de inteligência artificial tradicional e generativa. Foi através de cloud que o Bradesco começou a jornada de inteligência artificial para a BIA. “O Bradesco criou, com a experiência de quase dez anos de IA, um histórico em português e foi evoluindo a arquitetura de IA. Nosso motor consegue escolher com base no desempenho”, detalhou a diretora.  

Do lado do fornecedor, Milena Leal, do Google Cloud, assinalou que os bancos estão se transformando, mas que, daqui para frente, as tarefas serão mais intensas e vão exigir mais. “Nosso problema é compreender o problema de negócio dos nossos clientes, inclusive, trabalhando junto ao regulatório”, disse. Olhando para frente, apontou que sair do trilho tradicional e ir para economia tokenizada vai gerar ainda mais complexidade. 

Superando desafios

As lições aprendidas pelos líderes de tecnologia da informação na migração para nuvem foram compartilhadas. Para Cíntia Barcelos, do Bradesco, não tratar cloud como projeto da organização e não entender os impactos que vai ter na tecnologia é um dos erros que não podem ocorrer. Estabelecer um processo e uma automação com busca contínua em revisitar os problemas; contar com talentos e trabalhar com custos que façam sentido são pontos fundamentais do projeto de nuvem do Bradesco.  

O Itaú Unibanco já passou da fase da fundação e de entender se fazia sentido a ida para nuvem. “O maior desafio é não tratar como projeto, que tem começo, meio e fim, porque, na nuvem, você passa de gestão de projeto para gestão de produto, que não tem fim, porque cloud tem sempre de estar otimizada e isso é trabalho em conjunto com provedores”, ressaltou Napoli. 

Nuvem exige evoluir o modelo constantemente, com visão de otimização e gestão financeira. “O grande desafio é a infraestrutura deixar de ser de uma área lá na ponta e passa a ser gestão distribuída do banco; você muda o modelo de operar o banco e é uma mudança de mindset”, acrescentou Napoli.  

A questão de talentos foi também ressaltada por Ricardo Contrucci, do Santander Brasil, banco que fez parceria com a AWS e criou trilhas de tecnologia para todos estarem treinados e certificados. “É uma transformação que toca todas as áreas e conhecer a tecnologia é importante para todos”, disse.  

Contrucci reforçou que a estratégia do Santander é nuvem múltipla e reconheceu que, quanto mais provedores, mais complexo para operar e treinar times. “Outra questão é o data transfer out, que pagamos para tirar o dado da nuvem.”

“No Google Cloud, acreditamos em multicloud, em tecnologia aberta, em integrações, e orientamos nossos clientes para gerenciar a multicloud. Sabemos que os custos são altos, temos trabalhado para o custo ser correto, para ajudar o cliente a crescer e ser melhor em seus objetivos; e, assim, sair da discussão do preço para relevância”, finalizou Milena Leal.

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