OpenAI contrata no Brasil e sai em defesa do Modelo multissetorial na Internet
“A missão da OpenAI é garantir que a inteligência artificial seja segura e beneficie toda a humanidade e eu tenho o privilégio de liderar esse trabalho aqui no Brasil, país que neste ano sedia o G20 e também é famoso por ser um dos primeiros a adotar a tecnologia e os usos muito criativos da Internet”, destacou Nicolas Robinson Andrade, primeiro — e ainda o único — funcionário contratado pela OpenAI para a América Latina e que, atualmente, comanda a área de políticas públicas e parcerias para a região.
As declarações de Nicolas Andrade foram feitas ao participar do painel que debateu os desafios globais para a governação do mundo digital no NETmundial+10, realizado nos dias 29 e 30 em São Paulo. Na sessão, os painelistas falaram sobre os principais desafios da governança do mundo digital.
Andrade assinalou o compromisso contínuo com o modelo multissetorial, que, segundo ele, “é uma pedra angular da governança da internet e o que garante que todas as vozes sejam ouvidas”. Ele defendeu a ideia de endereçar os princípios diferentes que vêm das diversas partes interessadas, como academia, sociedade civil, governo, setor privado e membros da comunidade técnica.
“A comunidade técnica é extremamente importante e vital para sentarmos à mesa nestas discussões e nos ajudarem a compreender o que pode e o que não pode ser feito do ponto de vista técnico”, explicou, justificando que, em uma era que é realmente definida pela rápida inovação tecnológica, a importância de manter os diálogos abertos e inclusivos não pode ser subestimada e a inteligência artificial é apenas um entre muitos exemplos, disse.
A importância de se manter conversas como as do NETmundial, mas não limitadas à governança da Internet, deve-se à complexidade dos temas, que, conforme pontuou o líder de políticas públicas para OpenAI na América Latina, são altamente dinâmicos, no sentido de que a própria tecnologia muda muito rapidamente de um mês para o outro.
“É por isso que eu acho que deveríamos ir além de momentos específicos como as consultas públicas. Eu diria que a IA é uma boa metáfora para explicar uma abordagem multissetorial, porque requer uma quantidade tão grande e tão complexa de recursos exigentes de uma abordagem de governança tão multifacetada quanto a própria tecnologia, e fico feliz em ver que essa abordagem multifacetada”, assinalou.
Debate no painel
No painel, Anne Marie Engtoft Meldgaard, da Dinamarca, apontou a necessidade de um modelo multissetorial, reunindo governo e sociedade civil; e reconciliando os desafios. “É tempo de nos apaixonarmos pelo multissetorialismo de novo”, enfatizou. Para Jennifer Chung, representando DotAsia, a comunidade tem de prezar pela “accountability” e transparência, e não apenas olhar para as questões técnicas. Mona Gaballa, da ISOC, destacou que o maior obstáculo é a criação de muitos processos e propostas. “Equidade é essencial”, disse.
Michel Roberto de Souza, representando a ONG Derechos Digitales, enumerou a dificuldade da participação da sociedade civil em fóruns como NETmundial e a ter acesso a documentos básicos, além da barreira da língua e o local das reuniões, como obstáculos a serem enfrentados. Também apontou a transparência e accountability como desafios.