Polícia Federal: golpes e fraudes cresceram 10 vezes no País com correntista como alvo
Dados da Polícia Federal apontam que, entre 2019 e 2020, as fraudes e golpes eletrônicos aumentaram dez vezes. Grande parte deles tem como alvo o setor financeiro ou, mais especificamente, os clientes dos bancos, que têm sido vítimas de uma gama cada vez maior de crimes. O assunto foi tratado em painel no Febraban Tech 2022, que se encerra nessa quinta-feira, 11/08.
O superintendente executivo de fraudes e prevenção do Bradesco, Bruno Fonseca, lembrou que o phishing é apenas uma das modalidades. Muitos dos usuários de serviços eletrônicos têm enfrentado as chamadas ameaças de smishing (via SMS) e vishing (por voz), sem contar os golpes baseados no WhatsApp. Ele destacou que, do lado dos bancos, a aposta está no conceito de security by design, em que o desenvolvedor tem de pensar nas camadas de proteção desde a origem.
A cyber CTO do Santander Brasil, Fernanda Lopes, ressaltou que o setor investe cerca de R$ 3 bilhões por ano em segurança e que o security by design é um conceito que vem sendo utilizado no mercado há 20 anos. “Ele tem o objetivo de trazer segurança para o mais inicial dos estágios da concepção de uma nova tecnologia, para identificar o mais cedo possível todas as vulnerabilidades e reduzir o custo de futuros ataques”, explicou, lembrando que o conceito tem princípios bastante técnicos e um aspecto humano forte.
Foco no usuário
O ponto é que muitos desses esforços não têm gerado o resultado esperado devido ao modo como o usuário é envolvido nestas fraudes. Para Fonseca, do Bradesco, a fraude hoje é segura, porque é feita no equipamento do cliente, com as credenciais dele, a pedido de alguém que vem de fora. “A tecnologia é importante, mas se não trabalharmos com a conscientização, não haverá resultado”, disse.
Fernanda concordou, e lembrou que a engenharia social tem atingido tamanha sofisticação que a vítima não consegue se livrar das tentações de ir ao próximo estágio. “Por isso a conscientização dos clientes é um componente importante e passa por etapas importantes: presença digital, o que ele divulga; proteção das identidades, senhas, e-mails etc.; e a questão da própria conscientização sobre engenharia social em si”, explicou.
Por tudo isso, o foco maior deve estar na conscientização dos usuários. Segundo Fonseca, conscientizar é compartilhar com o cliente o que está acontecendo. “Quando falamos como acontece o golpe, é para o cidadão comum aprender a se proteger. Temos que explicar ao cidadão comum como o fraudador explora o medo ou a excitação do usuário”, disse, lembrando que os fraudadores não tentam mais burlar o sistema, mas roubar isso do usuário.
Parceria
O agente da Polícia Federal Erik Siqueira reforçou que o tema hoje faz parte do dia a dia das pessoas. “Fraude é um problema de segurança pública. É um problema do cidadão, do que recebe auxílio até o presidente da grande empresa.” Como a fraude gera prejuízos em toda a cadeia, é preciso que os diferentes atores trabalhem juntos para combatê-la.
Um exemplo é o Projeto Tentáculos, criado pela PF há 15 anos a partir de sua colaboração com a Febraban. Aqui, a PF recebe as denúncias de fraudes das instituições financeiras e começa a trabalhar com ferramentas específicas de correlacionamento. “Temos um case único no mundo em que os bancos fizeram parceria com uma instituição policial. e isso traz um resultado espetacular”, disse.