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Presidente do Banco Central diz que economia será tokenizada

As economias migram para serem tokenizadas; este é, de acordo com o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, o grande debate do momento. Campos Neto falou no encerramento do Febraban Tech, na quinta-feira (11/08) e defendeu que toda a agenda de inovação do BC, incluindo o Open Finance, pagamentos instantâneos, Real Digital e DeFi, converge em algo único.

“O que eu imaginei para o futuro é, ao abrir o celular, ter um lugar centralizando as contas, os produtos. Um agregador no qual as pessoas conseguem enxergar tudo e ter uma posição consolidada”, disse.

A transformação principal é tokenizar e transacionar ativos, extraindo valor de um ativo de forma digital. “No fim das contas, quando você olha as criptomoedas, é uma forma de colocar um ativo de forma digital. Estamos monetizando até o que é virtual. O BC entende isso e estamos apenas no começo”, ressaltou.

Mas, antes disso, é preciso entender o problema que se quer resolver. O Brasil já possui um sistema de pagamentos instantâneo que não é fragmentado. “O objetivo é conectar tudo, em um formato de carteira digital, e termos uma trilha construída com o PIX que pode ser programável e é importante que o seja”, enfatizou o presidente do Bacen.

Além disso, o sistema deve realizar pagamentos transfronteiriços, oferecer custódia integrada e permitir a incorporação de protocolos DeFi. Campos Netos explicou que a jornada do dinheiro programável deve contar com protocolos abertos em um sistema interoperável incluindo pagamentos, depósitos tokenizados, Open Finance, monetização de dados e stablecoins em uma trilha única. “Estou dando um teaser de como será a nossa moeda digital: será um depósito tokenizado”, destacou, ao falar sobre o Real Digital, CBDC brasileira que está em desenvolvimento no Banco Central.


A moeda digital brasileira será mais uma inovação dentro do ecossistema que o BC está desenhando para o País. “Eu sempre entendi que haveria uma corrida para uma convergência, uma corrida de dados para ter um canal que prevaleceria, porque não acho que as pessoas terão cinco aplicativos diferentes de bancos no celular e abrirão um por um”, explicou.

O PIX é um dos pilares e um passo em direção a uma CBDC. “O PIX foi construído com todos os bancos e é ganho para sociedade. Não é verdade que os bancos perdem dinheiro com PIX”, disse, adiantando que o BC deve divulgar um estudo mostrando que não houve perda de dinheiro das instituições financeiras com os pagamentos instantâneos. Campos Neto também falou sobre a agenda evolutiva do PIX, que incluirá transações internacionais, pagamentos offline, PIX Garantido e cooperação com outros países. Inclusive, Campos Neto disse que está em conversas com a Colômbia, porque querem estabelecer um sistema semelhante. “Na parte internacional, tenho falado com o presidente do BC da Colômbia, que quer fazer um sistema como o PIX. Queremos conseguir internacionalizar o PIX na América Latina, já que muitos bancos brasileiros têm filiais.”

Com relação ao Open Finance, o Brasil conta com 7,5 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados de clientes e 800 instituições participantes. “Nosso Open Finance será o mais conectado. Tudo está conectado em uma trilha com todas as peças que vão se encaixar. O objetivo é permitir que as pessoas usem seus dados para melhorar sua inserção no mundo financeiro.” Campos Neto também chamou atenção para o fato de as empresas ainda terem deficiência para monetizar os dados e ressaltou que é necessário avançar nesta área.

CBDCs

Entrando mais a fundo nas moedas digitais emitidas pelos bancos centrais, o presidente do BC explicou que o Real Digital tem como objetivo fomentar novos modelos de negócios e, por isso, terá um papel maior que apenas fazer pagamentos transfronteiriços ou instantâneos — até porque o Brasil já tem o PIX. “Pensamos na CBDC como fomento de novos negócios, proporcionando às pessoas que tokenizem seus ativos”, disse.

A redução do uso do papel-moeda é também uma diretriz para o Real Digital, que pretende tirar proveito do ecossistema de negócios de Open Finance. Sendo uma extensão do Real físico, a moeda digital será emitida pelo BCB, tendo custódia e distribuição pelo sistema de pagamentos. Trata-se de um dinheiro programável que vai incentivar, entre outros, os contratos inteligentes. O BC também espera prevenir e combater a lavagem de dinheiro.

“Quando vou a fóruns internacionais, vejo que nossa CBDC será diferente”, apontou, explicando que o Real Digital transforma depósitos de bancos e instituições de pagamentos (IPs) em tokens-stablecoins, podendo ser convertidos em CBDC sob demanda e herdando as características dos depósitos (com regulamentação equivalente).

Assim, explicou Campos Neto, evitam-se problemas de corrosão no balanço dos bancos e os bancos são estimulados a tokenizar depósitos, gerando securitização de outros ativos, otimização entre passivo e ativo e tendo melhores processos de atomização de liquidações múltiplas de contratos. “A regulamentação da CBDC é a mesma do depósito”, ressaltou.

Sem especificar uma data, Campos Neto disse que gostaria de ter a moeda digital brasileira em 2024.

Criptoativos

Ao comentar a regulamentação de ativos virtuais, o presidente do BC apontou que muitos países têm avançado na regulação de ativos virtuais, como forma de evitar problemas de conduta, vulnerabilidade a ataques cibernéticos, evasão de tributos e estabilidade do sistema financeiro. “Minha preocupação é com a transparência, que as pessoas saibam o que estão comprando”, disse. 

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