Quem vai pagar a conta? Delta Airlines, Microsoft e CrowdStrike entram em guerra pelo apagão da TI
Uma análise preliminar da Microsoft, divulgada esta semana, sugeriu que a Delta Airlines, ao contrário dos seus concorrentes, aparentemente não modernizou a sua infraestrutura de TI e, por isso, demorou a recuperar seus sistemas depois do apagão provocado pela CrowdStrike. Vale lembrar que a Delta decidiu cobrar US$ 400 milhões pelos prejuízos causados pela falha de TI.
Imediatamente a Delta reagiu às acusações. Disse que investiu milhões de dólares em despesas de capital de TI desde 2016, além dos milhões gastos anualmente com os custos operacionais da TI. “A Delta tem um longo histórico de investimento em serviços seguros, confiáveis e elevados para nossos clientes e funcionários”, disse um porta-voz da empresa.
As interrupções de mais de 6000 voos prejudicaram milhares viajantes e estima-se que tenham custado à companhia aérea cerca de 500 milhões de dólares. A Delta também enfrenta uma investigação do Departamento de Transportes dos EUA pelas interrupções. A Delta não está de brincadeira. Contratou um especialista, David Boies, da Boies Schiller Flexner, conhecido por casos de negócios de alto risco, para buscar indenização tanto da CrowdStrike quanto da Microsoft.
Na semana passada, o CEO da Delta, Ed Bastian, disse à CNBC que, embora a companhia aérea dependa fortemente das duas empresas de tecnologia, elas não conseguiram prestar um “serviço excepcional”. Na entrevista, ele também disse que a Microsoft tinha a “plataforma mais frágil”. Em uma carta, Mark Cheffo, advogado da Microsoft, classificou os comentários da companhia aérea de “incompletos, falsos, enganosos e prejudiciais à Microsoft e à sua reputação”.
Cheffo disse que o software da Microsoft não causou o incidente CrowdStrike, mas a gigante da tecnologia imediatamente se ofereceu para ajudar a Delta gratuitamente. Seu CEO, Satya Nadella, enviou um e-mail a Bastian, mas nunca obteve resposta, acrescentou. A Microsoft acrescentou que seus funcionários se ofereceram repetidamente para ajudar a Delta após a interrupção, mas a companhia aérea dos EUA recusou.
Acusou a companhia aérea de utilizar serviços de outros fornecedores de tecnologia para o seu sistema de rastreamento e agendamento de tripulação e alegou que isso era uma razão provável para recusar a sua ajuda. E o executivo da Microsoft deixou claro que vai se defender de forma ‘vigorosa’ se o caso for para os tribunais.
A CrowdStrike também rejeitou a alegação da Delta de que ela deveria ser responsabilizada pelas interrupções nos voos. A empresa de segurança cibernética disse que seu CEO entrou em contato pessoalmente com Bastian para oferecer assistência no local, mas não obteve resposta. Quem vai pagar a conta do apagão de TI? A justiça vai dar a palavra final.
* Com reportagem da Agência Reuters