
As empresas brasileiras vão investir R$ 100 milhões, ou US$ 19,3 milhões até 2027 em Inteligência Artificial, revela a pesquisa Value of AI, da SAP e Oxford Economics, divulgada nesta quinta-feira, 4/12, em São Paulo, em encontro com a imprensa. De acordo com o estudo, que ouviu 1600 executivos de oito países, entre eles 200 no Brasil, o retorno médio atual da IA às companhias é de 16% e vai praticamente dobrar até 2027, quando chegará a 31%.
“A IA esteve e estará em todos os negócios. A IA deixa de ser experimentação e está impactando os resultados das empresas. Passou a era das promessas. A IA está no dia a dia. Tanto que 23% das tarefas corporativas já são suportadas pela IA e esse percentual vaia 40% em dois anos. É um crescimento muito significativo. A IA está sendo usada na tomada de decisão, na gestão de risco e no aumento da produtividade”, observa o presidente da SAP Brasil, Rui Botelho.
Segundo Botelho, a pergunta que se faz hoje não é mais se a IA funciona, mas, sim, como as empresas podem se preparar para usar a IA de forma muito mais efetiva do que estão usando hoje. E para isso, a velocidade de investimento faz a diferença. O estudo da SAP mostra que as companhias querem investir até 36% a mais em IA nos próximos dois anos, ritmo semelhante ao de países como Alemanha (37%) e Reino Unido (40%).
Indagado pelo portal Convergência Digital se o maior aporte em IA poderá significar redução em outras áreas de TI, Rui Botelho, disse acreditar que não. “IA não vai roubar verba de outras áreas. Ela terá mais dinheiro mesmo das empresas. As companhias entendem que IA só funciona se tiver dados qualificados e a busca por esses dados é o mote”, salientou Botelho.
Questionado também se a SAP deixará de ser uma empresa de ERP para ser uma de IA, Botelho disse que a SAP está se transformando em uma empresa de dados. “Nosso trabalho é fazer com que as aplicações funcionem a partir de uma infraestrutura de dados qualificados. A IA precisa de bons dados para dar resultados”, adicionou o presidente da SAP Brasil.
Agentes IA: todos querem, mas há uma longa jornada
O estudo da SAP mostra que a próxima fronteira da inteligência artificial no Brasil será impulsionada pelos agentes autônomos, sistemas capazes de planejar, agir e colaborar com mínima intervenção humana, os agentes IA. De acordo com o estudo, 78% dos executivos brasileiros acreditam que esses agentes terão alto potencial de transformar as operações corporativas.
As empresas brasileiras esperam um retorno médio de 10% – cerca de US$ 3 milhões – com o uso desses sistemas nos próximos dois anos. Mas há uma longa jornada pela frente. Isso porque apenas 1% das organizações pesquisadas afirma estar totalmente preparada para escalar o uso dessa tecnologia, enquanto 65% dizem estar parcialmente prontas. No mundo, esse percentual sobe para 5%.
O grande interesse em IA não esconde a dificuldade de lidar com os dados. O estudo deixa claro que 70% das empresas ouvidas têm baixa confiança na capacidade de integrar dados de forma responsável entre áreas internas, e 60% relatam dificuldade em fazer o mesmo com parceiros externos. Os percentuais são semelhantes aos encontrados na média global, mostrando que os obstáculos à maturidade de dados são comuns entre os países avaliados.
Outro ponto de atenção é o uso da “IA paralela” (shadow AI), ferramentas de inteligência artificial utilizadas por funcionários sem aprovação formal. Oito em cada dez empresas (80%) dizem estar preocupadas com o tema, e 66% admitem que esse uso ocorre com alguma frequência, reforçando a necessidade de governança e políticas claras para o uso ético da tecnologia.





