
Um estudo da Qlik em parceria com o Enterprise Strategy Group aponta para a desconexão entre o entusiasmo pelo investimento em inteligência artificial e a capacidade das empresas de executar estratégias eficazes. Apesar do aumento significativo nos gastos com IA, muitas organizações ainda enfrentam desafios estruturais que comprometem o sucesso de suas iniciativas.
O relatório “Data Readiness for Impactful Generative AI” diz que 94% das empresas estão aumentando os investimentos em produtos e serviços voltados para a preparação dos dados. No entanto, apenas 21% conseguiram integrar totalmente a IA em suas operações diárias. Esse desalinhamento evidencia uma lacuna entre a adoção tecnológica e a implementação de bases sólidas para sustentar essa transformação.
Segundo Drew Clarke, Vice-Presidente Executivo e Gerente Geral da Unidade de Negócios de Dados da Qlik, “as empresas estão correndo para adotar IA, investindo fortemente sem uma estratégia coesa”. Clarke enfatiza que a IA não é uma solução temporária, mas sim uma transformação permanente que exige planejamento cuidadoso, governança robusta e transparência. “Sem um plano claro e bases de dados sólidas, as empresas estão aumentando seus riscos em vez de gerar valor”, alerta.
Segundo o estudo, essa diferença entre 94% das organizações que ampliam orçamentos para IA, enquanto apenas 21% incorporam plenamente às operações sugere a falta de um plano estruturado para aproveitar o potencial da tecnologia.
Outro ponto destacado é que 64% das organizações coletam dados de 100 a 499 fontes diferentes diariamente, o que aumenta a complexidade e dificulta a criação de conjuntos de dados limpos e utilizáveis para IA. E que 57% das empresas medem o sucesso da IA com base na eficiência operacional, enquanto poucas acompanham seu impacto estratégico nos negócios.
Ainda segundo o estudo, lacunas em governança, conformidade e detecção de vieses continuam sendo obstáculos significativos. Apenas 47% das organizações afirmam aplicar consistentemente políticas de governança de dados, expondo-se a riscos financeiros, regulatórios e de reputação.
“A IA não é um problema de tecnologia — é um problema de execução”, diz o analista sênior do ESG, Stephen Catanzano. Embora as empresas estejam se movendo rapidamente para escalar a IA, a falta de precauções adequadas pode resultar em consequências graves. “Muitos projetos de IA são paralisados ou não entregam retorno sobre o investimento porque as organizações não têm a governança necessária para garantir que os modelos sejam seguros e imparciais.”