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Streaming avança; TV por assinatura perde vez e acesso à internet pela TV chega a 53,5%

TVs crescem e aparecem, mas os celulares são os protagonistas absolutos com 98,8%. Já os PCs perdem cada vez mais espaço. Streaming pago chega a 32 milhões de lares brasileiros, já a TV paga, ficou com apenas 18,3 milhões.

Entre os 188,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade do país, 89,1% (ou 168,0 milhões) utilizaram a Internet em 2024 com o celular reinando, mas com a TV despontando com muita força como opção. De acordo com a PNAD Contínua sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), divulgado nesta quinta-feira, 24/7, pelo IBGE, o meio de acesso indicado pelo maior número de pessoas foi, destacadamente, o telefone móvel celular (98,8%), seguido, em menor medida, pela televisão (53,5%), pelo microcomputador (33,4%) e pelo tablet (8,3%).

A pesquisa confirma que o acesso à Internet por meio do microcomputador declinou de 63,2%, em 2016, para 46,2%, em 2019, até atingir 33,4% em 2024, o menor valor da série histórica. No entanto, entre os estudantes de curso superior ou de pós-graduação, mais de três/quartos acessaram a Internet por meio de microcomputador em ambas as redes de ensino: 77,4% da rede pública e 77,5% da rede privada.

A grande novidade do estudo é o percentual de pessoas que acessaram a Internet pela TV. O PNAD mostra que esse percentual subiu de 11,3%, em 2016, para 32,2%, em 2019, até alcançar em 2024, pela primeira vez, mais da metade dos usuários (53,5%). O uso do tablet, por sua vez, apresentou uma tendência de queda entre 2016 e 2022, manteve-se estável em 2023, e apresentou uma pequena variação positiva em 2024.

“Houve um crescimento substancial do uso da televisão para esse fim, ultrapassando, em 2024, mais da metade dos usuários da Internet, o que pode refletir, entre outros fatores, o avanço das plataformas de streaming. Por outro lado, o uso do computador para acessar a Internet tem apresentado uma tendência de queda desde o início da série, apesar de uma desaceleração dessa tendência observada a partir de 2023. Entre os estudantes, já se verificou, em 2024, uma interrupção da queda no uso do computador para acessar a Internet”, avalia o analista de pesquisa do IBGE, Gustavo Fontes.

Serviço de TV por assinatura segue em queda, principalmente nas áreas rurais


Em 2024, 18,3 milhões ou 24,3% dos domicílios com televisão tinham acesso a serviço de TV por assinatura, redução de 0,9 p.p. frente a 2023. Essa proporção foi de 25,6% em áreas urbanas (queda de 0,6 p.p. frente a 2023) e de 13,5% em áreas rurais (queda de 3,9 p.p. frente a 2023).

A Região Sudeste continuou detendo o maior percentual de domicílios com acesso a serviço de TV por assinatura (31,1%), enquanto a Região Nordeste permaneceu com o menor (13,0%). Destaca-se a Região Sul (28,7%), que apresentou crescimento de 1,8 p.p. frente a 2023, quando representava 26,9%.

O rendimento médio per capita nos domicílios com TV por assinatura (R$ 3.415) foi mais que o dobro daqueles sem esse serviço (R$ 1.671). Nos domicílios sem TV por assinatura, 31,0% não o adquiriam por considerá-lo caro e 58,4% por não haver interesse pelo serviço. Aqueles que não tinham o serviço de televisão por assinatura porque os vídeos (inclusive de programas, filmes ou séries) acessados pela Internet substituíam esse serviço representavam 9,1%, enquanto os que não o possuíam por não estar disponível na área em que se localizava o domicílio somavam apenas 0,9%.

Cinco milhões de domicílios não têm nenhum tipo de serviço de TV

O número de domicílios com televisão que não tinham recepção de sinal analógico ou digital de TV aberta, recepção de sinal por antena parabólica grande ou mini parabólica com sinal aberto e nem acesso a serviço de TV por assinatura passou de 3,8 milhões em 2023 (5,2%) para 5,0 milhões em 2024 (6,7%) em 2024.

Os domicílios rurais apresentaram percentuais mais elevados (7,6%) em comparação aos urbanos (6,6%). A grande região com maior percentual de domicílios sem acesso a canais de televisão foi a Centro-Oeste (8,6%), com destaque para os domicílios rurais dessa região (11,8%).

Mais de 32 milhões de domicílios tinham acesso a streaming pago

Em 2024, 32,7 milhões de domicílios possuíam acesso a serviço pago de streaming de vídeo, aumento de 1,5 milhão em comparação a 2023. O percentual de domicílios com televisão e acesso a esse serviço subiu de 42,1% (2023) para 43,4% (2024). As grandes regiões com maior percentual foram: Sul (50,3%), Centro-Oeste (49,2%) e Sudeste (48,6%). Por outro lado, as regiões Norte (38,8%) e Nordeste (30,1%) apresentaram os percentuais mais baixos. Apesar de ter apresentado números mais baixos, a Região Nordeste se destacou com a maior variação percentual nesse período, acréscimo de 1,9 p.p. ou 490 mil domicílios.

Dentre os domicílios que tinham acesso a serviço pago de streaming de vídeo, 91,8% também possuíam acesso a canais de televisão: 86,9% por meio de sinal de televisão aberta e 39,7% por meio de serviço de TV por assinatura. Por outro lado, 8,2% dos que tinham acesso a streaming pago de vídeo não possuíam acesso a televisão aberta ou a serviço de TV por assinatura, percentual esse de 4,7% em 2022 e 6,1% em 2023.

O rendimento médio mensal real per capita nos domicílios que tinham acesso a serviço pago de streaming de vídeo foi de R$ 2.950, representando mais que o dobro daqueles que não possuíam acesso a esse serviço, R$ 1.390. Para os domicílios com acesso pago a streaming de vídeo, bem como a canais fechados de televisão, o rendimento médio foi de R$ 3.903.

Acesso a bancos foi a finalidade de uso da Internet que mais cresceu de 2022 a 2024

O percentual de pessoas que acessaram a Internet para conversar por chamadas de voz ou vídeo manteve-se como a finalidade mais informada, alcançando 95,0% dos usuários em 2024. Essa proporção teve uma oscilação positiva de 0,4 p.p. em relação a 2023 (94,6%) e cresceu 3,6 p.p frente a 2019 (91,4%). A segunda finalidade mais relatada de uso da Internet foi enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail (90,2%). Essa utilização recuou 0,9 p.p. frente a 2023 (91,1%) e também caiu 5,6 p.p. ante 2019 (95,8%).

Outras finalidades apontadas por mais da metade dos usuários da Internet foram: assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (88,5%); usar redes sociais (84,2%); ouvir músicas, rádio ou podcast (83,5%); acessar bancos ou outras instituições financeiras (71,2%); ler jornais, notícias, livros ou revistas pela Internet (68,9%); e enviar ou receber e-mails (60,8%).

As demais atividades realizadas pela Internet investigadas na pesquisa abrangiam menos da metade dos usuários: comprar ou encomendar bens ou serviços (48,1%); usar algum serviço público (38,8%); jogar (30,2%); e vender ou anunciar bens ou serviços (12,3%).

De 2022 a 2024, as finalidades de acesso à internet que mais cresceram foram: acesso a bancos e instituições financeiras (de 60,1% para 71,2% dos usuários), comprar ou encomendar bens ou serviços (de 42,0% para 48,1%) e usar algum serviço público (de 33,4% para 38,8%). Gustavo Fontes avalia: “Algumas finalidades de uso da Internet tiveram uma expansão importante de 2022 a 2024, como acessar bancos ou outras instituições financeiras, por exemplo. Em apenas dois anos, houve um aumento de 22 milhões de pessoas no contingente que usou a Internet para acessar bancos. Outras finalidades de uso da Internet em crescimento foram comprar ou encomendar bens ou serviços (quase 13 milhões de pessoas a mais) e usar algum serviço público (expansão de mais de 11 milhões de pessoas)”.

Utilização da Internet em área rural passa de 33,9% em 2016 para 81,0% em 2024

Em 2016, ano inicial da série, 66,1% da população de 10 anos ou mais de idade havia utilizado a Internet no período de referência, subindo para 89,1% em 2024. Em 2023, 88,0% das pessoas de 10 anos ou mais haviam utilizado a Internet. Embora a utilização da Internet seja menor entre os residentes em áreas rurais, observou-se uma forte expansão de seu uso nesse grupo populacional, de 33,9% em 2016 para 81,0% em 2024. No mesmo período, os percentuais de utilização da internet em áreas urbanas subiram de 71,4% para 90,2%.

Em 2024, a região Centro-Oeste (93,1%) manteve a maior proporção de pessoas que utilizaram a Internet, ao passo que as Norte (88,2%) e Nordeste (87,2%) permaneceram com os menores resultados. Entretanto, essas duas regiões apresentaram maior expansão desse indicador em relação ao ano anterior, com aumentos de 2,9 p.p. e 3,0 p.p., respectivamente; enquanto no Sudeste a proporção de usuários teve variação negativa de 0,6 p.p no último ano. No período de 2019 a 2024, a Norte e a Nordeste registraram altas de 18,2 p.p. e 17,2 p.p., respectivamente, nesse indicador, mostrando que a desigualdade regional quanto ao acesso à Internet está diminuindo.

*Com dados do IBGE

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