Tokio Marine cria Comitê Einstein para extrapolar e usar mais a IA
Um grupo heterogêneo unido em busca de soluções de inteligência artificial. Foi justamente isso que a Tokio Marine criou em meados de 2020. Batizado de Comitê Einstein, ele extrapolou as fronteiras de tecnologia, incluindo as áreas de negócio usuárias de IA para a criação de data lakes e de aplicação de modelos preditivos. “Começamos a inserir as áreas de negócios, por exemplo, nas análises e estamos usando isso muito na área de precificação para usar o dado de forma a trazer mais benefícios”, ressaltou Sergio Miotto, diretor de tecnologia Tokio Marine, ao Convergência Digital.
“O grande destaque da Tokio é usar as tecnologias para melhorar nossos produtos e nossas ofertas. O único canal de comercialização da Tokio é pelos corretores e temos de dar subsídios para eles”, acrescentou o executivo de uma das principais seguradoras do país. A Tokio Marine Seguradora é subsidiária do Grupo Tokio Marine, conglomerado securitário japonês, um dos maiores do mundo, fundado em Tóquio em 1879, que hoje está presente em mais de 46 países. A empresa chegou ao Brasil em 1959 e hoje conta com cerca de 70 sucursais.
Um dos objetivos do Comitê Einstein é analisar dados, para depois cruzá-los e, por fim, obter visão de mercado. “Começamos com conceito de big data, mas os usuários não sabiam usar, então, criamos diversos data lakes”, explicou Miotto. O primeiro benefício foi o da informação. “Quando você sabe que tipo de dado você tem na mão fica mais fácil você direcionar os produtos e serviços. E isso traz ganhos direto e indireto para a companhia, porque passa a ter outras áreas conhecendo e tendo acesso à informação que antes estava restrita”, detalhou o diretor de tecnologia.
O uso mais recente de IA está para o ressarcimento. O modelo de inteligência artificial avalia casos de sinistros, indicando onde há maior probabilidade de chances de sucesso de ressarcimento de dinheiro. Entende-se por ressarcimento os casos nos quais houve um sinistro e o terceiro foi o causador do acidente — e não o segurado. Nestes casos, a Tokio vai cobrar do terceiro o pagamento do sinistro.
Há ainda em análise o uso de modelos de IA na parte de peças. O projeto está amadurecendo e o objetivo é fazer uma análise dentro da base para comparar dados e indicar sugestões apontando o custo médio das peças. Os distintos projetos usam tecnologias de diferentes fornecedores, incluindo DataRobot para fazer modelos preditivos; machine learning das mais variadas aplicações; OCR e o SAS onde roda cubos estatísticos.
Jornada
A jornada da inteligência artificial na Tokio Marine começou em 2016. A primeira grande iniciativa foi com a implementação de tecnologia de reconhecimento óptico de caracteres (OCR) para pagamento de notas fiscais de peças e serviços prestados pelas oficinas. Hoje, uma média de 84% das notas fiscais, considerando as de peças e as de serviços, são pagas sem que haja interação humana, o que aportou agilidade, tanto para a oficina que passou a receber o pagamento de forma mais rápida, como para a Tokio que realocou a mão de obra que cuidava das notas fiscais para outras áreas. Ao inserir o componente de IA, foi possível delegar aos humanos tarefas menos manuais.
Entre 2018 e 2019, a seguradora começou a testar modelos preditivos usando DataRobot para detecção de fraude em sinistro. “Hoje, os modelos já são bem eficientes para identificação de fraude dentro sinistros, como sinistro duvidoso. Modelo dá uma predição dos casos onde nós deveríamos fazer uma sindicância do sinistro”, explica Sergio Miotto. Olhando para o futuro, Miotto disse que não tem como não avaliar o ChatGPT, principalmente, quando se trata de atendimento e reformulação dos chatbots.
Esforço multidisciplinar
A Tokio está em 46 países e tem sete laboratórios de inovação que trabalham com os mais variados tipos de ferramentas de IA. Em 2021, o Brasil foi convidado a integrar o grupo e ao país foi dada a missão de olhar novas tecnologias e canais digitais. “É uma troca de informação muito rica; você acaba sabendo o que está acontecendo mundo afora. Temos reuniões mensais e isso dá uma visão de mercado diferente do Brasil. Por exemplo, no Japão, estava forte olhar telemetria com viés de prestar serviço e não precificação”, contou o diretor de tecnologia.
O Brasil é muito atuante. Tanto que já ganhou dois prêmios internos da companhia. Um pelo superapp do segurado e outro pelo sinistro 2.0, com a integração da cadeia para facilitar a vida do segurado. Além disso, a Tokio tem apostado em squads multidisciplinares, inclusive, com profissionais de fora da empresa. A Tokio fechou parceria com a CBYK, empresa desenvolvedora de softwares e soluções personalizadas de TI. “É muito bacana, porque é um momento que o mercado está muito agressivo para você conseguir body shop. A Tokio hoje tem 326 pessoas em tecnologia e 40% deles são body shop oriundo de consultorias”, disse.
As squads multidisciplinares são compostas por profissionais especializados e com habilidades complementares; e representam uma abordagem inovadora e eficaz para enfrentar os desafios do mercado de seguros em constante evolução. Essas equipes colaborativas trabalham de forma integrada e ágil, unindo conhecimentos técnicos e perspectivas diversificadas para alcançar um objetivo comum. Fabricio Visibeli, sócio diretor da CBYK, explicou que o time está alinhado à aplicação de processos de cultura ágil.Com essa parceria estratégica, a Tokio Marine ressalta seu compromisso em impulsionar o setor de seguros.