A emergência da mudança climática e as lendas populares
Para começar com emoção vamos destacar com dois “spoilers” sobre a grande crise climática que já afeta vários lugares do mundo, a saber: (a) o caso da Califórnia nos EUA que na primeira semana de setembro foi submetida a uma onda de calor extremo com riscos de apagões no seu sistema de energia elétrica [1] e (b) o caso do Tocantins no Brasil no qual o bioma do Cerrado está a quatro meses exposto a uma forte seca que já provocou mais de 8 mil focos de queimadas destruindo uma área do tamanho do estado do Rio de Janeiro [2]
Você acredita em alguma “lenda popular”? Se ainda não acredita em nenhuma delas aqui tem uma “penca” delas para você desenvolver seu credo [2.1] no caso de não acreditar que as “tormentas climáticas” vai “pegar” você de um jeito ou de outro. Eu tenho predileção pela do “Saci Pererê” ou da “Mula sem Cabeça” que tal?
Do que eu estou falando? Estou querendo destacar as tormentas provocadas pela Mudança Climática (ou “Climate Change” [2.2]) pelo aumento dos gases efeito estufa (GEEs [3]) que vai levar a temperatura da terra para 3,2º C ou 4,5º C (como alguns pessimistas já preconizam) em 2050.
Isso é a “morte” pois … vai dizimar muita gente e provocar diversos efeitos atmosféricos nefastos (entre os quais tempestades catastróficas, inundações recordes, calor extremo, incêndios florestais, abalos sísmicos e secas devastadoras) e provocar um aumento excessivo da fome (o preço dos alimentos vão subir muito pelas quebras de safras), 17 milhões de “refugiados climáticos” na América Latina segundo o Banco Mundial anunciou em setembro de 2021 [4] sem falar do aumento do nível do mar que pode “ceifar” grandes cidades populosas litorâneas como Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Além “desse pouco”, ainda teremos efeitos diversos sobre a biodiversidade do planeta na terra e nomar. As famosas conferências do clima chamadas COPs estabelecem que a temperatura do nosso planeta não deveria passar de 1,5º C em 2050. Pelo “andar da carruagem” e, ainda mais, depois da Guerra da Ucrânia que está provocando um desequilíbrio gigantesco da geopolítica de energia mundial pois vários países estão aumentando o consumo do carvão (o pior inimigo dos GEEs). Para você saber um pouco do lhe espera nos próximos anos aqui tem um “spoiler” no vídeo do The Guardian britânico [5].
Tipicamente, nesse ano, as tormentas climáticas estão assumindo uma dimensão mundial. Muita gente acha que minha visão da Mudança Climática é CATASTRÓFICA mas trabalho com evidências e fatos científicos e, se você não acredita na lenda do “Saci Pererê”, veja aqui alguns exemplos recentes do que está acontecendo no mundo, a saber:
a) Crise de Energia na Alemanha: Para “apimentar” a crise energética europeia e deixar os alemães sem energia no inverno, a Rússia avisou em 02 de setembro passado que cortaria (e de fato cortou) completamente a alimentação do gás para a Alemanha por tempo indeterminado [6] (02.set.2022). A falta do gás russo para a Alemanha provavelmente vai levar o país a consumir mais carvão o que aumenta as emissões de GEE;
b) Crise na Agricultura Brasileira: A agropecuária que sempre foi o grande propulsor da economia brasileira nos anos anteriores agora enfrenta problemas com quedas de produtividade e produção, devido a fatores climáticos. No ano passado, o milho e café tiveram intensas perdas devido à seca e geadas. Neste ano, foi a quebra de produção (principalmente no sul do país) devido a fatores climáticos [7] (01.set.2022);
c) Crise na Agricultura Brasileira: Seca levou a um crescimento de apenas 0,5% da agropecuária no melhor trimestre do ano para o setor [8] (01.set.2022);
d) Seca Drástica na Agricultura dos EUA: Os agricultores dos EUA lutam contra a mais drástica seca no campo para levar comida à mesa dos americanos. Clima extremo e os altos preços dos combustíveis têm sido obstáculos assustadores para os produtores norte-americanos, embora os rendimentos do trigo e soja tenham subido na comparação com o ano passado [9] (02.set.2022);
e) 1/3 do Paquistão está alagado por chuvas torrenciais: O Paquistão tem cerca de 796 mil km2, o que equivale a mais ou menos a soma dos territórios de Minas Gerais e Paraná alagados. Ao menos 1,1 mil pessoas, entre elas 380 crianças, morreram em decorrência das inundações, que deixa milhões de desabrigados [10] (31.ago.2022) e [11] (03.sep.2022);
f) O mundo enfrenta uma seca global generalizada: EUA, Europa e Ásia enfrentam secas recordes; qual a gravidade do cenário e as suas causas? Na Europa, dois terços do território estão sob alerta: a seca é considerada a pior dos últimos 500 anos. Influência do La Ninã e dos ventos do Saara estão entre as causas: o aquecimento global torna eventos extremos mais frequentes [12] (29.ago.2022);
g) Seca generalizada no mundo mostra a necessidade de restaurar florestas: a Europa enfrenta o que pode ser a pior seca dos últimos 500 anos no continente. Nos Estados Unidos, quase metade do país esteve sob os efeitos da estiagem ao longo desse ano. No México, dois terços do país enfrentam dificuldades para ter acesso à água e a escassez estimulou episódios de violência. As crises hídricas em diversos países acendem alertas sobre eventos climáticos extremos que podem se tornar mais frequentes [13] (31.ago.2022);
h) A Natureza e a cidade em briga pela água na Alemanha: Escassez de água é estopim de conflitos – também na Alemanha. As mudanças climáticas estão tornando os verões mais quentes e mais secos, mesmo entre os Alpes e o Mar do Norte. Em consequência, paisagens definham, áreas úmidas secam, florestas queimam. Os rios deixam de funcionar como artérias de tráfego, por não conterem mais volume suficiente à navegação. À medida que cai o nível da água subterrânea, aumenta a apreensão quanto ao futuro [14] (27.ago.2022);
i) A seca forte na China é muito grave e atinge até o Tibet (região montanhosa): Esse importante país para a economia mundial enfrenta a pior seca (metade do país atingido) da sua história recente e, para combater o problema – que tem provocado escassez de eletricidade, paralisação na produção de fertilizantes, impactos nas lavouras e muitos transtornos para as empresas e os moradores – o governo está recorrendo à tecnologia [15] (02.set.2022). A população chinesa consome 95% dos alimentos que o país produz. Se tivermos uma reversão rápida dessa situação milhões de pessoas podem passar por uma situação de insegurança alimentar [16] (28.ago.2022). O governo chinês já admite que a onda de calor vai ameaçar a colheita e vai tomar medidas drásticas para promover a economia de água [17] (24.aug.2022);
j) A “bela” Califórnia (e áreas do Arizona e Nevada) também “arde em alto calor” e tem sua rede de distribuição de energia sobrecarregada: o serviço nacional de meteorologia da Califórnia emitiu um alerta de uma onda de calor excessiva. São esperadas temperatura de 44º C. O clima extremo coloca uma enorme pressão sobre a já esgotada capacidade da rede elétrica. Mais de 39 milhões de pessoas estão sob advertência [17.1-17.3];
k) A crise energética na China vai fazer com que o país consuma mais carvão que é um dos maiores inimigos dos GEEs: Como em outras partes do mundo, o clima agravado pela mudança climática pressionou o sistema energético da China. Alguns ambientalistas temem que isso prolongue ainda mais a dependência do maior emissor de gases de efeito estufa do mundo em relação ao carvão, que ainda representa mais da metade da matriz energética chinesa [18] (02.sep.2022). As Mudanças climáticas estão por trás de um calor recorde e da falta de energia na China. “A combinação de duração, área e intensidade desta onda de calor no leste da China não tem precedentes na história climática mundial”, disse Maximiliano Herrera, climatologista e historiador do clima [19] (30.aug.2022). E “como queremos demonstrar”, o desequilíbrio energético no mundo vai provocar mais consumo de carvão, o que piora ainda mais nossa situação climática mundial … Quem viver, verá!
Pelo “pouco” que vimos acima você só acreditará na estória da “Mula sem Cabeça” se tiver muita fé em lendas populares e menos credo na ciência mas … lembre-se, “a ciência” sempre vencerá” … up to you, você decide sobre sua crença!
O aumento da temperatura do planeta nos próximos anos será o grande vilão das nossas vidas. Com o muito possível nível de 3º C (eu acho muito conservador pois acredito que chegaremos a 4º C no mínimo) de aquecimento global até o final do século, mais de 5 bilhões de pessoas podem ser expostas a um calor e uma umidade em um número maior a cada ano segundo mostra um estudo de pesquisadores climáticos de Harvard e Seattle publicado recentemente na conceituada Nature. As temperaturas são consideradas perigosamente quentes e úmidas para os seres humanos quando o índice de calor – uma medida de umidade relativa e temperatura do ar – excede 39º C. Dias tão quentes podem levar a cãibras e exaustão, enquanto aqueles dias com índice de calor acima de 51º C pode levar a morte de uma pessoa [20-21].
Lembrem-se que bem recentemente a temperatura bateu 40º C na Inglaterra antecipando 2050 e causando diversos problemas sociais e de infraestrutura inclusive superaquecimento dos trilhos dos trens paralisando o transporte público dos ingleses [22]. O Reino Unido registrou temperatura mais alta da história do país. Os britânicos conheceram o calor de 40 graus que fez lembrar o “lockdown” do início da pandemia [23]. A Europa Ocidental vive onda de calor sem precedentes. Na França temperatura chegou a 41º C em Paris [24]. Na China o calor chegou a 45º C e é o mais severo do planeta [25].
O relatório mundial da OMM (Organização de Meteorologia, WMO em inglês) [26] anunciado em maio mostra 04 recordes climáticos alarmantes, a saber:
• Aumento recorde das emissões dos GEEs apesar da pandemia de Covid (CO2 + 149%);
• Oceanos: mais quentes, ácidos e elevados (+4,5 cm de 2013 a 2021);
• Aumento nas temperaturas dos oceanos (p. ex., as chuvas avassaladoras de Recife no início de agosto de 2022 foram provocadas pelo aumento de 2º C na temperatura do Oceano Atlântico [27]);
• Ondas extremas de calor, incêndios florestais, secas e inundações com prejuízos de 100,0 BUS$ (temperatura +1,1° C acima da média e os anos de 2015 a 2021 foram os 07 mais quentes já registrados no mundo).
A OMM também sinalizou no início de maio de 2022 – algo que já venho preconizando – que expectativa é que a temperatura da terra alcance 1,5º C nos próximos 05 anos com probabilidade de 50% … sob bad! [28]. Nessa “derivada” o que nos espera em 2040 e 2050 – em termos de aumento de temperatura – não será nada bom para os habitantes desse planeta.
E o impacto nas nossas vidas não será apenas de tormentas severas. A Mudança Climática também impactará muito a saúde das pessoas. Em audiência conjunta a OMM e a OMS (Organização Mundial de Saúde) sinalizaram isso [29].
O uso da energia renovável é um “must” no momento atual mas não é algo fácil de “virar a chave” pois os projetos dessa energia muitas vezes emperram em uma legislação ambiental arcaica muitas vezes sem sintonia com as necessidades de “energia verde” mundial. O Secretário Geral da ONU disse recentemente que “o mundo está queimando” e é necessário triplicar o investimento em energias renováveis e acabar os subsídios de combustível fóssil de 11,0 MUS$ por minuto (sic) [29.1].
Uma outra estimativa de investidores sobre o investimento em energia renovável diz que o mundo vai precisar 10 vezes mais do tem investido até agora … simples assim! Essa é a opinião de especialistas do setor. O número acima (US$ 23,6 trilhões) é interessante de se observar em relação ao último relatório da Agência Internacional de Energia (IEA), que descobriu que esse investimento global em energia deve aumentar 8% em 2022 para atingir US$ 2,4 trilhões, 80% dos quais serão em energias renováveis, armazenamento e rede [29.2].
O relatório inclui muitas advertências, incluindo o aumento do custo dos materiais. Temos pensado muito ultimamente sobre o risco de que o crescimento da energia renovável possa continuar a apoiar a crescente demanda de energia sem substituir os combustíveis fósseis [29.3].
Além disso, sobre os incríveis custos de mineração e não apenas de carvão e petróleo, mas de aço e muito mais. E o risco de que as energias renováveis tornem a continuação de séculos de economia colonial extrativista… mas sustentável [29.4].
O amplo e relacionado mercado de “tecnologia de carbono”, da contabilidade de carbono à captura, utilização e redução de carbono, arrecadou US$ 9 bilhões em 273 empresas diferentes nos três meses deste ano, de acordo com dados publicados pelo Pitchbook na semana passada [29.5].
Apesar da opinião dos “conservadores” que insistem em apostar nos combustíveis fósseis – aos que o Secretário Geral da ONU nomeia como “viciados” [29.6] – o mundo precisa apostar muito na energia renovável até 2050. Até essa data temos que reduzir o uso de cerca de 95% menos carvão, 60% menos petróleo e 45% menos gás até 2050 [29.7 e 29.8].
Atualmente temos um consenso que a energia renovável deve ser largamente utilizada. Um meta-estudo de 15 instituições acadêmicas diz que a viabilidade de suprir 100% das necessidades energéticas mundiais usando energia renovável, discutida pela primeira vez na literatura científica em 1975 como uma meta viável para o ano de 2050, está agora firmemente baseado no princípio científico [29.9]. 2021 foi a primeira vez que 100 artigos de revisão por pares foram publicados sobre 100% de energias renováveis em um único ano, um aumento de 50% ano a ano. O número de estudos publicados cresceu 27% anualmente desde o ano de 2010. “Muitos jovens estão deprimidos porque sentem que as mudanças climáticas não podem ser detidas”, disse o renomado pesquisador e participante do projeto Auke Hoekstra: “Queremos oferecer a eles esperança, mostrando que nosso mundo possa obter todas as suas necessidades energéticas de fontes renováveis a um preço inferior ao dos combustíveis fósseis. Quando propusemos isso pela primeira vez, fomos ridicularizados, mas este artigo mostra que nossas ideias agora são o “mainstream” científico”.
Os investimentos em energia solar renovável tem sido muito encorajadores. Em recente artigo publicado na Bloomberg são destacados os enormes investimentos globais em infraestrutura de energia solar. A cadeia de suprimentos para vencer as mudanças climáticas já está sendo construída: veja os números na referência [29.10]. Os enormes aumentos nos preços dos combustíveis fósseis este ano escondem o fato de que a indústria solar está vencendo a transição energética. O artigo destaca que o investimento é o lugar-chave para se olhar: Tais gastos são uma previsão feita de forma “nua e crua”: uma aposta na direção da demanda futura, assumindo a forma física de propriedades, instalações e equipamentos. Visto por essa lente, 2022 foi um ano de grande sucesso para a transição energética – e em nenhum lugar do mundo os gastos estão avançando de forma mais dramática do que na energia solar.
Segundo Ramez Naam (investidor em energia limpa e climática) nós entramos na “terceira fase da energia limpa”, onde os preços são tão baixos que temos uma nova aceleração de implantação, principalmente para energia solar e armazenamento. Os principais gargalos agora são os modelos de negócios de serviços públicos de permissão, transmissão (também permissão) e monopólio. Ver mais detalhes aqui no Twitter de Ramez [29.11].
Em termos de agricultura já estamos presenciando um impacto do café na Europa provocado pela Mudança Climática (entre outros fatores) [30-31]. Imagina agora você quando houver quebra de safra de outras “commodities” na agricultura em função das tormentas severas? É por isso que o vídeo do The Guardian britânico [5] diz que o preço da comida vai “alcançar as estrelas” nos próximos anos aumentando a fome e a miséria!
Em recente palestra na CNI sobre economia de baixo carbono [32], Paulo Artaxo (Professor da USP e Membro do IPCC da ONU) destacou que o Brasil dentro do cenário atual tem oportunidades únicas como também vulnerabilidades importantes, a saber:
Oportunidades:
· Podemos reduzir em 44% as emissões de GEEs sem prejuízo econômico à sociedade através do desmatamento da Amazônia com múltiplos benefícios ambientais;
· Potencial – ainda muito inexplorado – de energia solar e eólica a preços competitivos que nenhum outro país do mundo possui;
· Programa de biocombustíveis em larga escala único no mundo;
· Potencial de sequestro de carbono único no planeta através do reflorestamento com possibilidade de geração de renda através da regulação do mercado de carbono.
Vulnerabilidades:
· A economia baseada no agronegócio que com a redução na chuva no Brasil Central pode ser não ser tão produtivo nos próximos anos (tenho comentado esse ponto com determinada frequência que fica ainda piorado para nosso PIB à medida que a nossa indústria é de baixo valor agregado em termos de evolução tecnológica);
· Geração de hidroeletricidade dependendo do clima (de chuva) o que nos traz vulnerabilidade;
· 8.500 km de áreas costeiras que são extremamente vulneráveis ao aumento do nível do mar incluindo grandes áreas urbanas importantes como Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro;
· O Nordeste de brasileiro pode ter a habitabilidade comprometida em algumas décadas (uma região que semiárida hoje pode se tornar uma região árida no futuro).
Um caso particular e dramático atual da Mudança Climática é a situação da Europa depois do corte do fornecimento recente do gás russo. A Europa está em “maus lençóis” e vai “enfiar o pé na jaca” no consumo de materiais danosos aos GEEs (como o carvão).
Os problemas energéticos da Europa continuam piorando, com o inverno chegando e o corte da Rússia do fornecimento de gás natural. Os líderes da União Europeia estão tentando afastar o continente de um colapso financeiro – após o “fechamento das torneiras” do gás russo em 02 de setembro desse ano, propondo intervenções de emergência, incluindo a redução dos lucros das empresas de energia, “incentivando” a economia da energia e estabelecendo tetos de preços de todo o gás – e não apenas da Rússia. Ainda assim, vários projetos de hidrogênio verde, um potencial substituto do gás natural, estão parados. No Reino Unido, a primeira-ministra Liz Truss anunciou um limite nas contas de energia doméstica e um fundo para ajudar as empresas de energia a acessar liquidez extra. A China, por sua vez, pode adicionar novas usinas a carvão após uma série de cortes de energia. Nos EUA, a Califórnia mal consegue evitar quedas de energia contínuas, ressaltando como as redes se tornaram vulneráveis em condições climáticas extremas à medida que tentam migrar de combustíveis fósseis para energia renovável.
Segundo investidores o “pior ainda está por vir” no continente europeu [33]. A estiagem atual na Europa foi a pior nos últimos 500 anos [34]. Será que isso é obra mesmo do “Saci-Pererê”? Para piorar o inverno europeu está chegando no meio de uma crise energética severa para os europeus [35]. O CEO do Deutsche Bank sinaliza que a Alemanha caminha para a recessão [36]. Efeitos da Guerra da Ucrânia ameaçam poder industrial e padrões de vida europeus e vai desestabilizar a economia global [37]. A crise do gás russo está fazendo com que países europeus liberam socorros recordes a empresas e famílias [38] e tem gente dizendo que a ajuda atual de bilhões de dólares não vai dar conta dos problemas das famílias e empresas. Várias empresas europeias estão “quebrando”! E para completar o “pacote de desgraça completo” a Europa (sem o gás russo) flerta com a “estagflação” [39].
E para provar que a situação da Mudança Climática vai piorar muito, bem como acelerar, provocando um maior aumento do aquecimento global e das tormentas climáticas, além de reativar usinas de carvão, os europeus estão postergando o fechamento de usinas nucleares que seriam desligadas no fim deste ano (o que gera polêmica entre os críticos da energia nuclear). Ao mesmo tempo, vários países, incluindo a Alemanha e a Holanda, permitiram o reinício das operações em usinas de carvão que estavam em desuso ou deveriam fechar – permitindo a queima de mais 13 milhões de toneladas de carvão custando cerca de € 4,5 bilhões, estima a consultora de energia Ember. A nova “energia suja” da Europa será o “mal inevitável” dos combustíveis fósseis de guerra [40]. E para piorar ainda mais, a Europa está também sacrificando florestas anciãs para queimar a madeira e gerar energia nova mas “com as mãos sujas de sangue”! [41]. Pergunta que não quer calar: Quem vai pagar essa conta com novas tormentas climáticas mais frequentes? Resposta óbvia: O MUNDO TODO!
A indústria europeia já está sendo atingida pela crise energética sinalizando tempos ruins para o futuro desse segmento. A indústria da Europa terá que passar por um forte ajuste para se adaptar aos novos tempos. Os executivos das empresas alertam que elas precisam estar preparadas para um racionamento de energia no inverno europeu deste ano. No setor de siderurgia, a ArcelorMittal – a 2ª maior siderúrgica do mundo – anunciou recentemente que vai desligar duas de suas plantas na Alemanha por causa dos custos da energia elétrica [42-43]. As PMEs (pequenas e médias empresas) também estão sofrendo por causa da crise energética na Europa e o governo está tentando ajuda-las [44]. Acreditamos que o continente terá vários problemas econômicos em consequência dessa crise. A crise europeia poderá provocar impactos gigantescos na economia do bloco europeu!
Bill Gates recentemente sinalizou no Financial Times de Londres que a guerra da Rússia na Ucrânia está prejudicando o compromisso da Europa com a ajuda internacional e a ação climática, disse ele, ao alertar que o mundo está a caminho de perder quase todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU que seus líderes se comprometeram a atingir até 2030. “Este é o conjunto mais difícil de desafios que o desenvolvimento global enfrentou”, disse o co-presidente da maior organização filantrópica privada do mundo ao ao renomado jornal, acrescentando que esperava que o novo governo da primeira-ministra britânica Liz Truss não fizesse mais cortes no orçamento exterior de ajuda. Coletivamente, os países da União Européia contribuem com quase metade de toda a ajuda oficial ao desenvolvimento [45].
Uma outra consequência “silenciosa” da Mudança Climática é o aumento do nível do mar no mundo que pode provocar grandes alagamentos em cidades costeiras (como sinalizamos acima em palestra do Membro do IPCC, Paulo Artaxo em seminário da CNI recente). A grande elevação do nível do mar devido ao derretimento da calota de gelo da Groenlândia é agora inevitável, descobriram os cientistas, mesmo que a queima de combustível fóssil que está impulsionando a crise climática terminasse da noite para o dia. Pesquisa recente mostra que o aquecimento global até o momento causará um aumento mínimo absoluto do nível do mar de 27 cm (10,6 pol.) somente na Groenlândia, com 110 tn toneladas de gelo derretido. Com as emissões contínuas de carbono, o derretimento de outras calotas polares e a expansão térmica do oceano, parece provável um aumento de vários metros do nível do mar [46].
Um outro caso crítico que vem da geleira de Thwaites, na Antártida, causa grande preocupação entre os cientistas há alguns anos. O bloco de gelo do tamanho do Estado do Paraná é apelidado de “Geleira do Fim do Mundo” pelos pesquisadores. E um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience mostrou que ela pode estar muito próxima de se desligar do continente. Desde os anos 1970, tem sido monitorado por pesquisadores. A partir de 1978, ele perdeu entre 10% e 33% de seu tamanho para o derretimento. O aumento geral do nível do mar seria de 63 centímetros caso ela se descole do continente. Para regiões costeiras, isso significaria uma inundação inevitável. Segundo pesquisa recente de cientistas da Universidade de Gotemburgo, ela está prestes a se tornar um iceberg. “A Thwaites está realmente se segurando hoje pela ponta dos dedos. Devemos esperar grandes mudanças em um futuro relativamente próximo”. Novas pesquisas indicam que o derretimento completo desta geleira – quando ela se deslocar virando um iceberg – ocorreria em cerca de seis meses. No Brasil, cidades costeiras (algumas populosas conforme citamos acima) sofreriam graves impactos pelo descolamento da Thwaites [46.1].
Em matéria publicada no Washington Post em 18 de setembro [46.2] já temos a quantificação estimada do aumento do nível do mar nos 02 casos acima, a saber: [a] no caso da Groenlândia – imensos pedaços destinados a derreter por causa das mudanças que já ocorreram – aumentará o nível do mar em quase 30 centímetros. Os cientistas ainda estão descobrindo o quão rápido isso pode acontecer. Mas novas pesquisas deixam pouco espaço para otimismo e [b] no caso da Thwaites da Antártida, a situação é muito mais grave ainda. Um estudo publicado na Nature Geoscience revelou novos detalhes angustiantes sobre a gigantesca geleira – uma extensão congelada do tamanho da Flórida também conhecida como “geleira do fim do mundo” porque seu colapso pode aumentar nível do mar de 3 pés (91,5 cm) a 10 pés (3,5 metros).
Com a chegada da próxima COP27 no Egito em novembro desse ano alguns relatórios preocupantes devem aparecer sobre a emergência climática mundial. Abaixo apresentamos detalhes de um publicado recentemente pelo Instituto Max Planck de Química e do Instituto Chipre, a saber:
· Mudanças climáticas podem devastar Oriente Médio e Mediterrâneo Oriental, dizem cientistas: as mudanças climáticas podem ter um efeito devastador na vida de milhões de pessoas no Mediterrâneo Oriental e no Oriente Médio, onde as temperaturas estão subindo quase duas vezes mais rapidamente que a média global, alertou uma equipe internacional de cientistas. A região pode ver um aquecimento geral de até 5°C ou mais até o final do século em um cenário de manutenção do padrão atual, segundo um relatório preparado pelo Instituto Chipre. Esse pico de temperatura foi quase o dobro do previsto em outras áreas do planeta e mais rápido do que qualquer outra parte habitada do mundo, mostrou o documento [47];
· O Oriente Médio está aquecendo quase o dobro da média global, ameaçando com impactos potencialmente devastadores para seu povo e economia conforme mostra o novo estudo climático. Salvo mudanças políticas rápidas, seus mais de 400 milhões de pessoas enfrentarão ondas de calor extremas, secas prolongadas e aumento do nível do mar, disse o relatório divulgado antes da cúpula climática da ONU COP27 no Egito no final deste ano. O estudo encontrou um aumento médio de 0,45 graus Celsius por década no Oriente Médio e na região leste do Mediterrâneo, com base em dados de 1981-2019, durante os quais o aumento médio global foi de 0,27 graus por década [48].
Um bom exemplo mundial de país enfrentando de fato a Mudança Climática vem da Austrália. A megapoluidora Austrália está finalmente se tornando uma superpotência verde. A Austrália está finalmente levando a sério as emissões e as empresas de energia verde de todo o mundo estão vendo uma oportunidade. Recentemente, o Conselho do Clima desse país estabeleceu um Plano de Mudança Climática com 10 passos para bater a meta de redução de emissões de 43% do governo. Isso significa que, até 2030, as emissões de gases de efeito estufa da Austrália precisam ser 43% menores do que eram em 2005. Embora mais forte do que a meta anterior de 26-28 por cento que está substituindo, o projeto de lei só obteve o apoio necessário na bancada com a condição de que 43 por cento era um piso, não um teto. O Conselho do Clima do país lançou o que chama de roteiro “plug-and-play” para os formuladores de políticas quebrarem o teto. De acordo com o relatório, 10 focos de “mudança de jogo” podem começar a conduzir as emissões para uma redução de 75% nos níveis de 2005 até 2030, e alcançar “emissões líquidas zero logo depois” [49]. O Plano da Austrália pode ser acessado aqui em [50].
Uma característica marcante dos eventos climáticos é que eles estão se tornando mais frequentes à medida que aumenta a emissão dos GEEs. Além da frequência, a severidade das tormentas está também aumentando [51]. No caso do Yakecan (ciclone subtropical) que atingiu o Brasil em maio desse ano onde tivemos a temperatura -2° C em Brasília, 5° C em Goiânia (mais baixa desde 1977), 4,4° C em Belo Horizonte (temperatura mais baixa dos últimos 44 anos) e ventos de 150 km/h no sul do país, o Cemaden informou que os eventos climáticos mais significativos no Brasil estão se formando com uma maior frequência desde 2011 e tivemos 15 ciclones subtropicais dos quais 7 deles entre 2020 a 2022 [52].
E para finalizar estamos divulgando aqui o projeto “United in Science” – anunciado mundialmente em 13 de setembro passado – que fornece uma visão geral da ciência mais recente relacionada às mudanças climáticas, impactos e respostas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e organizações parceiras. Em um momento em que são necessárias ações urgentes para lidar com as mudanças climáticas, o relatório fornece informações científicas unificadas para informar os tomadores de decisão e destaca alguns dos impactos físicos e socioeconômicos do clima atual e projetado [53-54].
Os nossos (governos e empresas) passos agora e nos próximos dez anos no controle dos GEEs são quem vão dizer o que as gerações sofrerão até 2050 e depois.
Para conhecer mais detalhes sobre o fenômeno da Mudança Climática ver essa matéria aqui no Convergência Digital [29.8].
Um dia qualquer no futuro a ciência vencerá o credo nas figuras “carismáticas” das lendas populares … quem viver, verá!
Referências:
[1] Vídeo: Califórnia passa por onda de calor e há risco de apagões por excesso de uso de ar-condicionado, Globoplay, 07.set.2022https://bit.ly/3eR0f0A [2] Vídeo: Cidades do Tocantins estão há mais de quatro meses sem chuva, Globoplay, 13.set.2022
https://bit.ly/3U9vR1n [2.1] Referências do Google sobre = Lendas Populares Brasil
https://bit.ly/3BckMp6 [2.2] Climate Change, Wikipedia
https://bit.ly/3FVg5im [3] Greenhouse gas Emissions (GHG), Wikipedia
https://bit.ly/37iGLyz [4] Refugiados climáticos: 17 milhões de pessoas na América Latina poderão ser forçadas a migrarem até 2050, G1 Notícias, 13.set.2021
http://glo.bo/37ZICrG [5] Video: 2050: what happens if we ignore the climate crisis – video explainer, The Guardian, 25.oct.2021
https://bit.ly/3Bdc6ij [6] Rússia anuncia suspensão completa de envio de gás à Alemanha, DW, 02.set.2022
https://bit.ly/3AQyKM1 [7] Agora é a agropecuária que inibe evolução do PIB, Folha de São Paulo, 01.set.2022
https://bit.ly/3ATuPy2 [8] Como a falta de chuvas afetou diretamente o PIB do 2º tri, Veja, 01.set.2022
https://bit.ly/3RxSvOR [9] Agricultores dos EUA lutam contra a mais drástica seca no campo, Forbes Brasil, 02.set.2022
https://forbes.com.br/forbesagro/2022/09/agricultores-dos-eua-lutam-contra-a-mais-drastica-seca-para-levar-comida-a-mesa/ [10] Enchentes sem precedentes deixam um terço do Paquistão sob as águas, BBC, 31.ago.2022
https://bbc.in/3qbnB3u [11] Climate graphic of the week: One-third of Pakistan submerged by flooding, satellite data shows, Financial Times, 03.sep.2022
https://on.ft.com/3en5818 [12] EUA, Europa e Ásia enfrentam secas recordes, G1 Notícias, 29.ago.2022
http://glo.bo/3q9d7RQ [13] Seca generalizada mostra necessidade de restaurar florestas, Veja, 31.ago.2022
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Emitido por Eduardo Prado
Twitter: https://twitter.com/eprado_melo