Aceleradoras corporativas e o desenvolvimento das startups
Em pouco mais de uma década, as aceleradoras tornaram-se um pilar importante no desenvolvimento dos ecossistemas de inovação ao redor do mundo. Fazendo um paralelo, elas são como universidades acadêmicas tradicionais. As melhores são aquelas que atraem os melhores alunos e professores. No caso das aceleradoras, estamos falando de empreendedores e mentores que podem desencadear um ciclo virtuoso ao trabalharem juntos.
As aceleradoras corporativas, no entanto, são diferentes das aceleradoras convencionais mais conhecidas do Vale do Silício como Y-Combinator, 500 Startups, Seedcamp ou Techstars, para citar algumas, embora existam pontos em comum. Assim como as convencionais, as corporativas têm um grande impacto no crescimento e no sucesso das startups e conseguem atrair capital, investidores e outros parceiros corporativos externos. A maior diferença é que aceleradoras corporativas visam apoiar empreendedores e startups com projetos alinhados aos interesses e estratégias de uma determinada corporação.
Existe uma tendência mundial dos líderes nos seus respectivos mercados de investir, direta ou indiretamente em programas de aceleração corporativa e não é à toa que empresas como Embraer, Itaú, Natura e Laboratórios Aché estejam listadas entre as mais inovadoras no Brasil. Tais empresas têm como objetivo identificar startups com modelos de negócio disruptivos para moldar, junto com elas, o futuro do seu negócio e da própria indústria onde estão inseridas.
Ao trabalharem com corporações já estabelecidas e maduras, as startups melhoram imediatamente as perspectivas de seu portfólio, podendo vender suas soluções diretamente para a empresa, arrecadar fundos com mais facilidade ou ainda, eventualmente, serem adquiridas por essas mesmas empresas. Além disso, ao se juntarem a um programa de aceleração corporativa, elas normalmente se beneficiam por poderem focar numa vertical especifica de mercado como, por exemplo, fintech, saúde ou educação.
Os programas de aceleração corporativa mais bem-sucedidos são aqueles que dão amplo acesso aos recursos da empresa e oferecem a melhor experiência possível para as startups. O trabalho é realizado em sintonia com o objetivo de identificar os principais desafios e problemas da organização que, por sua vez, irão nortear o processo de inovação. As startups trazem ideias fantásticas e/ou produtos que podem agregar um valor significativo ao negócio, mas, se executivos-chaves da empresa não tiverem participação ativa, sem se sentirem-se parte integrante do processo, os bons projetos correm o risco de ficar pelo meio do caminho.
Até pouco tempo atrás, a maioria das empresas costumava desenvolver seus programas de aceleração corporativa dentro de seus “próprios muros” e ficou comprovado, através de um estudo recente da Consultoria Nielsen, que isso não funciona mais. A boa prática agora é prover um ambiente de trabalho inspirador, orientação permanente em forma de mentoria, programas de capacitação técnica e comportamental, além de proporcionar aos empreendedores uma sensação de autonomia e empoderamento para que possam trazer para as empresas soluções cada vez mais criativas e inovadoras.
*Alex Lucena é Consultor do Laboratório de Engenharia de Software da PUC-Rio, investidor e CEO da 4H Tecnologias em Saúde