Automatização no setor bancário: um motor para alavancar transformações?
Embora pareça ter saído de um livro de ficção científica, um sistema bancário automatizado não tem nada a ver com mundos fantasiosos, nos quais androides sonham com campos mais verdes e até com carneirinhos elétricos — como descreve a obra-prima de Philip K. Dick, que inspirou o filme Blade Runner, de Ridley Scott, há exatos 40 anos.
Trata-se de uma realidade palpável que surgiu há muitos anos e tomou conta do mercado mundial a partir de 2020. Essa mudança no paradigma global só mostra como o setor é um dos primeiros a propor mudanças que agilizem processos, tentando estar na vanguarda da inovação ao mesmo tempo que lida com um público tradicional e precavido.
A globalização de nossas vidas tornou tarefas simples como a gestão bancária de corretores e as operações dos sistemas de TI financeiros em verdadeiros quebra-cabeças para tomadores de decisões no setor. Se a tecnologia é o motor que alimenta a inovação, então a automatização é o combustível que os bancos e as instituições financeiras necessitam para reduzir custos e riscos.
Segundo levantamento feito pela Red Hat em 2020, juntamente com seus parceiros de TI em outras corporações, o setor tem muito a aprender com a tecnologia, principalmente quando falamos das ferramentas para automatização do negócio e que não apenas agem como estratégia, mas sim tornam-se uma solução inteligente utilizando poucos recursos. A adoção dessas inovações propicia uma vantagem competitiva e uma experiência qualitativa para o usuário final do banco, o correntista.
Principalmente em um momento em que as grandes instituições financeiras vêm perdendo o status de unanimidade no mundo, mas que ainda resguardam credibilidade em diversos segmentos, em especial o da indústria. O cenário atual, mais aberto à concorrência, recebe os bancos totalmente digitais, as carteiras eletrônicas e as Fintechs com um interesse cada vez maior. Sem contar a incidência de empresas de tecnologia que estão acelerando e têm o objetivo de revolucionar o setor financeiro.
O segredo do sucesso: como ser um motor de transformações?
A pergunta pode ser difícil, mas resposta é simples: por meio de colaboração e simplificação de mentalidades preestabelecidas, companhias vencerão a maioria dos seus desafios. Entidades financeiras que se adaptarem aos novos desafios propostos pela tecnologia e apostarem na automatização de TI em suas equipes oferecem tanto alternativas para as necessidades do cliente quanto mais liberdade para atender às angústias de correntistas. O auge da transformação digital não é e nunca será mero capricho do mercado, mas sim a expansão de respostas para atender às necessidades e preferências de um setor que acumula cada vez mais informações e dados.
Quanto maior for o volume de processos e transações, maior será a exigência de ter controle sobre os erros. A exemplo do que diz o guia de automação de processos de TI, desenvolvido para o treinamento de executivos em equipes de tecnologia pela Red Hat, a ferramenta se tornou uma grande aliada para o setor financeiro. Sobretudo quando representa uma vantagem competitiva: hoje, mais do que nunca, tudo é uma questão de confiança, credibilidade e melhora da experiência do usuário a fim de conquistar uma nova clientela e consolidar a base já estabelecida.
A automatização permite aos bancos adaptar seus produtos e serviços às necessidades de seus clientes, conforme elas apareçam. Vivemos na era da informação e devemos aproveitar essa vantagem estratégica. Não é uma questão de reinventar a roda nem cair em equações muito complicadas, no entanto, junto com a Inteligência Artificial (AI) e Machine Learning (ML), podemos e devemos descobrir novos padrões de comportamento dos clientes para estarmos aptos a prover um melhor atendimento a todos.
Embora um pouco conservadora, essa mentalidade não era possível com o sistema bancário tradicional, uma vez que uma grande parte do trabalho recaía no momento de relação interpessoal dos funcionários do banco com cada cliente. Por um instante, imaginemos a quantidade de recursos que uma instituição teria que dedicar mensalmente e até diariamente para atender cada unidade de negócio e replicá-la em cada sucursal, em cada país, em tempo real. É tanto esforço voltado apenas ao atendimento que é praticamente impossível pensar que existiriam outras áreas no banco.
Com a automatização de TI hoje em dia é possível ter agentes virtuais que respondam a todo momento e acompanhem cada transação que ocorreu em qualquer lugar do planeta, seja dentro dos controles de segurança de cada operação, na área de otimização de respostas para cada consulta e até promovendo agilidade para solucionar problemas. A possibilidade de operar através do internet banking marcou um grande diferencial durante a pandemia, principalmente no resguardo de dados e celeridade dentro de processo promovida pelo PIX, no Brasil.
Em outras palavras, a automatização é muito mais que a gestão da configuração e equipes isoladas escrevendo scripts; seus benefícios envolvem o processo informático inteiro, de maneira integral. Uma gestão eficaz das aplicações precisa de uma ferramenta capaz de provisionar recursos, efetuar mudanças na configuração e executar comandos em vários ambientes, ajudando todos a trabalhar em conjunto de forma mais rápida e com menos risco.
Plataformas que agem como um motor de automatização de TI propiciam que empresas automatizem o provisionamento de infraestruturas, a gestão da configuração, a implementação de aplicações e a orquestração entre serviços para uma ampla gama de casos de uso em ambientes locais e de nuvem e tornem essas estruturas cada vez mais presentes no dia a dia de equipes de tecnologia. Além de contar com um controle do passo a passo da sua empresa, essas plataformas propiciam criar alertas constantes sobre a implantação das tarefas, não apenas quando algo falha, mas quando um evento é solucionado e otimizado. O caminho pode ser duro, no entanto, a recompensa é doce: de acordo com previsões da consultoria Deloitte, a potencialização de novas tecnologias no setor pode representar um aumento médio de 7% de rendimento a instituições financeiras até o fim do ano.
Um caminho sem volta: a automação como novo paradigma global
Inovar pode ser uma tarefa titânica, e às vezes até injusta, já que pressiona as equipes de trabalho a desenvolver novas atividades. Mas, ao contar com um sistema automatizado, as tarefas não ficam mais presas às pessoas. Elas serão delegadas a processos que deixam um registro do passo a passo conforme a atividade é desenvolvida. Se pensarmos dessa forma, seria quase como tivéssemos um quadro clínico-financeiro da companhia em tempo real.
Sendo assim, a simplicidade dentro de uma organização é fundamental, particularmente no ambiente dos serviços financeiros formado por tantos entes móveis — banco de investimentos, banco de varejo, serviços de cartões de crédito, banco comercial, tesouraria e valores, gestão de ativos, risco e compliance, infraestrutura, arquitetura e operações —, que desempenham tarefas complexas e tomam decisões completas que se relacionam diretamente com o nome da empresa. Assim, quanto mais simples e eficiente a empresa for para seus usuários finais, melhor.
Resumidamente, adotar um sistema de gestão automatizado representa um benefício para toda a organização, desde a infraestrutura e os desenvolvedores, a área de segurança e operações, até chegar aos clientes. Não devemos esquecer que a segurança deve ser fundamental para os bancos e que representa um dos principais desafios a enfrentar, no entanto, se olharmos um pouco para trás, podemos ver que a automatização, aliada à segurança, desempenhou um papel preponderante na adoção do home office durante a pandemia.
De um dia para o outro tivemos de adaptar nossos trabalhos a um sistema remoto e nem todos estávamos preparados para isso. Especialmente aqueles que deviam desempenhar tarefas em que a segurança da informação era fundamental ter à mão ferramentas para dinamizar processos. Logo, contar com um sistema automatizado ajudou a reduzir as dificuldades de, por exemplo, instalar VPNs clientes em milhões de dispositivos em todo o mundo e não colapsar durante o processo e, ainda sim, promover a escalabilidade de novos usos da tecnologia.
Serviços que agregaram soluções de performance, cloud e agilidade em processos foram essenciais para que as organizações financeiras obtivessem uma transformação digital de forma rápida e eficaz ao longo dos últimos dois anos. Com ela, as entidades puderam criar uma base uniforme para automatização em diversos ambientes e melhorar os processos atuais a fim de respaldar iniciativas digitais sem perder de vista o fator humano e a colaboração extensiva de parceiros, funcionários e clientes. Por assim dizer, essas respostas deram celeridade e segurança a toda a engrenagem que move a inovação no setor bancário.
Por fim, em um cenário de altas demandas e acúmulo repentino de tarefas em ecossistemas de TI, instituições financeiras devem, cada vez mais, apoiar o desenvolvimento de suas companhias sobre o uso de novas ferramentas de automatização e análise de dados disponíveis no mercado. Por certo, ainda há um longo caminho a ser trilhado para digitalização total do setor; conquanto, a injeção de novos recursos tecnológico, entre elas o aditivo da automação, será o principal combustível para manutenção e aumento de performance desse motor da mudança: que em um só tempo reúne agilidade, eficiência e altos níveis de segurança a todos.
*Allan Roque é Especialista de Soluções para Indústria e Serviços Financeiros da Red Hat Brasil