Cibersegurança na era digital: a confiança como pilar

Por Ana Lucia Magliano*

A digitalização avança a um ritmo acelerado e, com cada novo avanço digital, surgem novos desafios. O risco cibernético e as ameaças digitais estão em constante evolução, com novas táticas impulsionadas pela inteligência artificial e redes criminosas sofisticadas. Essas ameaças colocam em risco a confiança, o crescimento e a segurança do ecossistema digital. Não se trata apenas de proteger transações – é sobre garantir segurança em cada interação. Sem confiança, a digitalização não pode avançar.

Cibersegurança: um desafio global crescente

Os cibercriminosos encontraram na IA uma ferramenta poderosa para tornar seus ataques mais sofisticados. De deepfakes a phishing automatizado e fraudes em larga escala, o crime digital organizado se tornou não apenas mais eficaz, mas também mais difícil de rastrear. Os números falam por si mesmos:

• Em 2023, as perdas globais que ocorreram devido a fraudes online atingiram um trilhão de dólares;
• Estima-se que o custo do cibercrime mundial alcance 14 trilhões de dólares até 2028, o que o tornaria a terceira maior economia do mundo;
• Os golpes continuam a ser uma ameaça significativa e crescente, com quase metade dos consumidores globais enfrentando uma tentativa de fraude por, pelo menos, uma vez na semana;
• De acordo com a empresa de cibersegurança Cybersecurity Ventures, o custo global dos ciberataques, em 2023, foi de 6 trilhões de dólares e deve subir para 10 trilhões de dólares até 2025;
• Na América Latina, os vazamentos de dados atingiram um custo médio de 2,46 milhões de dólares – o maior valor já registrado para a região e um aumento de 76% desde 2020, de acordo com o estudo Cost of a Data Breach (America Economia, Edição Especial de Cibersegurança, março de 2024).

Esses números destacam a necessidade de uma abordagem mais estratégica para a cibersegurança – uma que antecipe as ameaças em vez de apenas reagir a elas.

Rumo a um ecossistema digital mais seguro

Na Mastercard, a segurança digital é uma parte central da nossa missão. A partir de nossa perspectiva, garantir a segurança digital se baseia em três pilares principais:

Avaliar: fornecer visibilidade sobre os riscos cibernéticos. Soluções como o RiskRecon ajudam empresas e governos a entenderem sua exposição a riscos, permitindo o monitoramento constante de vulnerabilidades;

Proteger: implementar tecnologia avançada para mitigar ameaças. A IA e o monitoramento em tempo real são ferramentas essenciais para prevenir ataques. Com o Recorded Future, fortalecemos nossa capacidade de inteligência contra ameaças em tempo real. Além disso, nos últimos três anos, soluções como o SafetyNet impediram perdas por fraudes no valor de 50 bilhões de dólares;

Construir um Ecossistema Confiável: a luta contra o cibercrime não pode acontecer isoladamente. Ela exige parcerias entre empresas, governos e organizações para compartilhar inteligência e criar padrões de segurança mais robustos.

A capacidade de rastrear padrões globais de ciberataques é crucial. Hoje, é possível detectar um ataque no Brasil, identificar sua mudança para a Indonésia e analisar sua recorrência na Alemanha. Esse nível de conectividade e análise preditiva é fundamental para antecipar ameaças emergentes e fortalecer a resiliência digital.

A IA como aliada na luta contra fraudes

Enquanto os cibercriminosos usam a IA para aprimorar seus ataques, a IA também se tornou uma poderosa aliada no fortalecimento da segurança digital. Nossas soluções de IA generativa nos permitiram:

Dobrar a taxa de detecção de cartões comprometidos;
Reduzir os falsos positivos na detecção de fraudes em 200%;
Aumentar em 300% a velocidade de identificação de comerciantes de alto risco.

Essas inovações não só reforçam a segurança como também melhoram a experiência do usuário, reduzindo atritos e construindo confiança em cada transação.

Um chamado à ação: a segurança é uma responsabilidade compartilhada

Em um mundo cada vez mais interconectado, a confiança é o bem mais valioso. Sem segurança, as oportunidades da digitalização podem ser limitadas. Agora, mais do que nunca, garantir o ecossistema digital requer inovação, colaboração e uma abordagem baseada na prevenção.

Ana Lucia Magliano é Vice-presidente Executiva de Serviços – Mastercard América Latina e Caribe