Como os provedores de serviços gerenciados de Wi-Fi (MSP) podem se manter competitivos?

Por Adlane Fellah*

Os provedores de serviços de comunicação (CSPs, na sigla em inglês) e provedores de serviços gerenciados (MSPs), em particular, têm mostrado crescimento constante nos últimos anos, à medida que a rede como serviço (NaaS) se torna a opção de conectividade preferida para empresas, especialmente em conectividade para múltiplas residências.

Por trás do modelo NaaS está a incapacidade das empresas de acompanhar o ritmo das inovações no contexto que inclui escassez de mão de obra qualificada e o ciclo de substituição de equipamentos mais curto, que cria pressão financeira para afastamento do modelo CAPEX tradicional.

Preocupações dos MSPs

No entanto, à medida que crescem, os MSPs são forçados a gerenciar Wi-Fi junto a vários fornecedores e segmentos de mercado — uma atividade cara e complexa. Recentemente, sondamos 65 MSPs, que compartilharam suas principais preocupações conosco, sendo que:

• 65% consideram a manutenção de suas atuais plataformas Wi-Fi muito cara e complexa
• 75% dos MSPs dependem de sistemas de gerenciamento específicos para cada fornecedor, limitando a flexibilidade e a escalabilidade.
• A maioria dos MSPs aloca orçamentos significativos — entre US$ 200 mil e US$ 500 mil por ano — para integrações e customizações de software de gerenciamento.
• E ainda assim, 31% precisam de ajuda para obter uma interface de gerenciamento unificada entre vários fornecedores.
• 32% citam a necessidade de pessoal mais qualificado como grande inibidor do crescimento.

A pandemia representou um ponto de inflexão para vários provedores de serviços e MSPs devido aos problemas que surgiram na cadeia de suprimentos, que impactaram severamente seus negócios. Muitos MSPs querem aumentar seu grau de controle trabalhando com mais fornecedores. Não surpreende que o recurso mais procurado pelos MSPs seja um painel único para gerenciar vários fornecedores.

Com oportunidades surgem complexidades

Os provedores de serviços atendem a diferentes segmentos de mercado, como residenciais para idosos, moradias populares e unidades para aluguel convencional. Os diferentes fornecedores de hardware normalmente focam em um único segmento de mercado e os provedores de serviços precisam lidar com switches, controladores e soluções de nuvem diferentes, separados e incompatíveis.

Normalmente, cada fornecedor de hardware provê recursos e fatores de forma customizada para um cliente, projeto ou segmento específico. O resultado para os provedores de serviços é uma rede complexa e rígida que apresenta uma série de problemas:

• Os provedores de serviços precisam investir tempo e dinheiro para aprender o conteúdo e treinar funcionários para trabalhar em cada plataforma, para vários fornecedores.
• Cada fornecedor pode ou não oferecer suporte a novos requisitos de recursos de um provedor de serviços, dependendo do mapa de produtos e das prioridades do fornecedor.
• A introdução de novos recursos e inovação é mais lenta do que em um ambiente aberto.
• Os provedores de serviços ficam “presos” a cada fornecedor e não podem misturar pontos de acesso de diferentes fornecedores usando um único controlador, praticamente inviabilizando a troca de fornecedores.

Sendo assim, os provedores de serviços exercem influência fragmentada no ritmo e no formato da inovação, afetando seus negócios. Isso explica porque os provedores de serviços preferem uma plataforma mais padronizada e aberta que ofereça a mesma funcionalidade básica entre diferentes fornecedores e plataformas, a partir da qual um novo ecossistema seria capaz de acelerar o ritmo de inovação.

Embora o TIP Open WiFi traga uma nova abordagem ao conceito aberto, não resolve o problema do painel único entre os fornecedores atuais, que representam a maior parte da base instalada hoje.

* Adlane Fellah é Analista Chefe da Maravedis Research