Coronavírus: um cruel agente de mudanças
Toda uma geração será marcada pela pandemia global do coronavírus, um evento que ficará para sempre destacado nos livros de história, tal como as Grandes Guerras Mundiais ou a Gripe Espanhola. Todos nós tivemos, de alguma maneira, nossas rotinas alteradas e impactadas, seja no aspecto social ou na economia como um todo. Todos nós, em algum momento, já nos perguntamos quando voltaremos a viver em sociedade da forma como estamos acostumados. É um desejo mais do que natural esse do retorno à normalidade.
Porém, mesmo sem renunciar ao otimismo, parece ser seguro afirmar que o coronavírus não pode deixar de ser entendido como um agente de mudanças. Um agente cruel, que cobra um alto preço em vidas e abala a atividade econômica em escala global. Mas, ainda assim e até exatamente por isso, um gerador de mudanças significativas. Passada a crise atual, pessoas e empresas repensarão e alterarão suas rotinas.
Apenas como uma sinalização do que está por vir, nesse atual momento de crise o valor das ações das empresas que trabalham com vídeo conferência é muito superior, por exemplo, ao das principais companhias aéreas internacionais. É possível argumentar que isso é uma fotografia de um momento, não o filme todo.
Entretanto, diversas empresas, tanto no Brasil como no exterior, que hoje estão tomando remotamente decisões da maior importância para superar as atuais dificuldades, adotando medidas que muitas vezes envolvem a própria sobrevivência da organização, certamente irão no futuro repensar as tradicionais reuniões presenciais com a participação de executivos das mais diversas partes do mundo. Muitas delas com certeza colocarão na ponta do lápis os custos relativos a passagens aéreas, hospedagens, deslocamentos e alimentação.
Outra constatação é de que ficou mais do que clara nesse novo cenário é o e-commerce. O que já era uma tendência teve seu processo de aceitação acelerado, envolvendo a compra dos mais diversos artigos, impondo uma forte concorrência para setores como supermercados, farmácias, alimentação e até mesmo material de construção. A presença do e-commerce deverá ser significativamente ampliada. Esse movimento também se estenderá para o setor de serviços, que irá com muito mais frequência até onde o consumidor está do que ocorre hoje.
Mais uma tendência que está ganhando força neste momento é a da automatização dos trabalhos em home office. Ela ganha ainda mais tração com o reforço do argumento lógico do imenso tempo desperdiçado nos deslocamentos pelo tráfego congestionado das grandes metrópoles para reuniões físicas de trabalho.
Com os hospitais sendo exigidos ao máximo no combate ao vírus, a telemedicina surgiu na crise como uma alternativa mais do que interessante para certos tipos de consulta.
Enquanto isso, as nuvens estão sendo extremamente demandadas, gerando picos nunca antes alcançados. O fato é que o mundo como um todo sempre dependeu de TI e, a partir de agora, essa dependência irá aumentar exponencialmente. O certo é que quando a economia der os seus primeiros passos no sentido de retomar suas atividades encontrará uma sociedade diferente da “pré-vírus”. Seguramente, todas as relações sociais serão impactadas.
Nesse contexto, a Softex continuará a dar sequência ao seu trabalho de fortalecimento da TI nacional, sensível à enorme demanda por soluções de bases tecnológicas que irão moldar uma nova realidade econômica. E que a nuvem esteja preparada para atender essa crescente demanda.
*Ruben Delgado é presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex)