Opinião

Crimes cibernéticos no Brasil e os desafios para reforçar a segurança digital

A segurança digital depende da colaboração entre indivíduos, empresas e autoridades.

Paulo César Costa*

O avanço da tecnologia digital desde a década de 1990 transformou a comunicação global, tornando-a mais ágil e acessível. No entanto, essa evolução também impulsionou o crescimento de crimes cibernéticos, criando um desafio constante para indivíduos, empresas e autoridades. No Brasil, a ampla adoção da internet fez do país um alvo frequente para ataques digitais, resultando em prejuízos expressivos.

Dados recentes mostram que o Brasil está entre os países com maior incidência de crimes digitais na América Latina. Entre as ameaças mais comuns estão as fraudes bancárias, os roubos de identidades, phishing, ransomware e ataques a sistemas governamentais. O Brasil é o segundo país com maior índice de fraudes on-line, com risco calculado em 14,24%,

Segundo um relatório de 2023 do grupo Visa. Em 2023, o país registrou perdas de aproximadamente R$ 2,2 bilhões devido a fraudes digitais, de acordo com a ACI Worldwide. Um estudo do DataSenado (2024) apontou que 24% dos brasileiros acima de 16 anos foram vítimas de golpes digitais no último ano. A Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) estima que os crimes digitais cresceram 45% em 2024, totalizando cerca de 5 milhões de fraudes. Segundo a Serasa Experian, quatro em cada dez brasileiros já foram alvos de golpes na internet.

A principal forma de defesa contra os golpes digitais é a educação e a adoção de boas práticas de segurança digital. Algumas medidas fundamentais incluem a adoção por parte das empresas de soluções antifraudes já consagradas e de confirmada eficiência, assim como criação de senhas fortes e exclusivas para cada conta, a ativação da autenticação de dois fatores sempre que possível, a precaução ao abrir e-mails e clicar em links suspeitos, a manutenção de softwares e aplicativos atualizados para corrigir vulnerabilidades, o uso de antivírus e firewall para proteger dispositivos e a atenção a tentativas de phishing e engenharia social, técnicas usadas por criminosos para enganar usuários e obter informações sigilosas.


Diversas empresas de Big Data no mercado são importantes aliados na prevenção a fraudes, tanto no desenvolvimento de soluções automatizadas que utilizam IA, assim como na verificação e validação de dados de dados suspeitos, dando imprescindível suporte na tomada de decisão. Entre as soluções disponibilizadas têm-se software de decisão em tempo real, implementação de políticas de segurança de dados abrangentes, a adoção de criptografia para proteger informações sigilosas, o controle rigoroso de acesso a sistemas e bancos de dados, o monitoramento constante de redes e sistemas para identificar atividades suspeitas, a capacitação de funcionários sobre boas práticas de segurança, o desenvolvimento de planos de resposta a incidentes cibernéticos e a realização periódica de auditorias de segurança para identificar vulnerabilidades.

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também impõe diretrizes rigorosas para o tratamento de dados pessoais, exigindo que empresas adotem medidas adequadas para evitar vazamentos e acessos indevidos. Diante dos fatos, o papel das empresas fornecedoras de solução antifraude, empresas usuárias e de governo é fundamental na luta contra crimes cibernéticos.

Do lado de governo, algumas medidas prioritárias incluem a atualização da legislação para acompanhar as novas formas de crimes digitais, o investimento em tecnologia para rastrear e identificar criminosos virtuais, o fortalecimento da cooperação internacional para combater fraudes transnacionais, a promoção de campanhas de conscientização sobre segurança digital e o treinamento e capacitação das forças policiais para lidar com crimes cibernéticos de forma eficaz.

Com isso, entende-se que a segurança digital no Brasil depende da colaboração entre indivíduos, empresas e autoridades. O uso consciente da internet, aliado a investimentos em tecnologia e educação, é essencial para reduzir a incidência de fraudes e ataques cibernéticos. Com isso, com medidas adequadas e uma cultura de proteção de dados, é possível construir um ambiente digital mais seguro e confiável para todos.

*CEO da PH3A, Matemático, cientista da computação e autoridade em DBM e CRM.

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