Opinião

Lições do tatame para a empresa: como o judô inspira a agilidade organizacional

Assim como no tatame, o equilíbrio entre força e flexibilidade é a chave para alcançar a excelência no mundo corporativo.

Por Alexandre Campos*

Em um mercado cada vez mais competitivo e impulsionado pela tecnologia, a agilidade se tornou essencial para a sobrevivência das empresas. Mas o que uma arte marcial japonesa, o judô, pode ensinar sobre eficiência nos negócios? A resposta está nos princípios filosóficos que regem essa prática milenar, que encontram paralelos surpreendentes com os valores da agilidade organizacional.

O judô, criado por Jigoro Kano no século XIX, baseia-se em três pilares: Seiryoku Zen’Yo (máximo de eficiência com o mínimo de esforço), Jita Kyoei (prosperidade mútua) e Ju (flexibilidade). Conceitos que, aplicados ao ambiente corporativo, se traduzem em práticas que impulsionam a produtividade e a inovação. Explico melhor abaixo:

Eficiência em primeiro lugar: O Seiryoku Zen’Yo prega a otimização de recursos, buscando o melhor resultado com o menor gasto de energia. No contexto empresarial, esse princípio se reflete na busca constante por eliminar desperdícios e simplificar processos, como preconizam metodologias ágeis como Scrum e Kanban. Assim como o judoca usa a força do oponente a seu favor, as empresas ágeis buscam maximizar seus recursos, eliminando gargalos e burocracias, semelhante à filosofia do Lean Thinking.

A força da colaboração: O Jita Kyoei, ou prosperidade mútua, destaca a importância da colaboração para o sucesso coletivo. No judô, o aprendizado é compartilhado, beneficiando todos os praticantes. Da mesma forma, em empresas ágeis, o trabalho em equipe e a troca de conhecimento são valorizados. Equipes multidisciplinares e auto-organizadas, baseadas em valores como respeito e transparência, promovem um ambiente de confiança e crescimento mútuo, potencializando a produtividade e a inovação.


Adaptar-se para vencer: O princípio do Ju, ou flexibilidade, ensina a importância da adaptação. O judoca, em vez de resistir à força do adversário, se ajusta e a utiliza a seu favor. Essa capacidade de adaptação é fundamental para empresas que precisam responder rapidamente às mudanças do mercado e às novas tecnologias. A flexibilidade, presente no Manifesto Ágil, permite que as empresas se ajustem às demandas dos clientes e às inovações, garantindo sua competitividade em um cenário dinâmico.

A filosofia do judô oferece, portanto, insights valiosos para a gestão moderna. Ao incorporar os princípios de eficiência, colaboração e flexibilidade, as empresas podem construir uma cultura ágil, capaz de prosperar em um ambiente de constante transformação, promovendo não apenas o sucesso do negócio, mas também o desenvolvimento de seus colaboradores. Assim como no tatame, o equilíbrio entre força e flexibilidade é a chave para alcançar a excelência no mundo corporativo.

Ambos os mundos mostram que, ao invés de resistência, a verdadeira força está em saber quando ceder, quando colaborar e, acima de tudo, como maximizar o impacto de nossos esforços. Sayonara!

Alexandre Campos é head de Cultura de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento e Solutions do Brain, Instituto de Ciência e Tecnologia da Algar Telecom

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